Leia o texto a seguir.
Descartes queria aplicar o “método matemático” à reflexão filosófica. Ele queria provar as verdades
filosóficas mais ou menos como se prova um princípio da Matemática, empregando para tanto a mesma
ferramenta que usamos no trabalho com números: a razão. A razão é a única coisa capaz de nos levar
a um conhecimento seguro.
(GAARDER, J. O mundo de Sofia. São Paulo: Companhia das Letras, 1995. p.255-256.)
Com base no texto e nos conhecimentos sobre Descartes, assinale a alternativa correta.
Gabarito comentado
Alternativa correta: E
Tema central: método cartesiano — dúvida metódica como ponto de partida para chegar a um conhecimento seguro. Essencial para questões de epistemologia e filosofia moderna (Descartes).
Resumo teórico: René Descartes propõe a dúvida metódica: duvidar sistematicamente de todas as crenças que possam ser postas em dúvida até encontrar uma certeza indubitável. O primeiro conhecimento seguro é o pensamento próprio: "cogito, ergo sum" (penso, logo existo). A partir daí, Descartes busca reconstruir o conhecimento, incluindo a prova da existência de Deus e a distinção entre res cogitans (mente) e res extensa (matéria). (Ver: Meditações Metafísicas; Stanford Encyclopedia of Philosophy.)
Por que a alternativa E é correta: ela expressa a pedra angular do método cartesiano: a dúvida metódica como ponto de partida para alcançar certezas seguras. Isso está alinhado com a própria formulação de Descartes e com a síntese apresentada no texto de apoio — aplicar um método rigoroso inspirado na matemática, começando pela suspensão de crenças não certas.
Análise das alternativas incorretas:
A — Errada. Descartes de fato argumenta pela existência de Deus; longe de considerá-la absurda, ele a prova racionalmente em suas Meditações como garantia da veracidade das claras e distintas ideias.
B — Errada. Descartes é conhecido pelo dualismo: mente (espírito) e corpo (matéria) são substâncias distintas — não idênticas.
C — Errada. Embora não despreze totalmente os sentidos, Descartes alerta que os sentidos podem enganar; por isso devem ser postos em dúvida até serem validados por razão segura.
D — Errada. Para Descartes, o Eu pensante (res cogitans) é mais fundamental e mais certo do que o mundo físico; é o cogito que resiste à dúvida radical.
Dicas de interpretação: procure termos chave (ex.: "duvidar de tudo", "conhecimento seguro", "razão") e relacione-os imediatamente ao núcleo doutrinário (no caso, a dúvida cartesiana). Desconfie de alternativas que distorcem posições centrais (como transformar dualismo em monismo).
Referências: R. Descartes, Meditações Metafísicas; Stanford Encyclopedia of Philosophy — entry "Descartes".
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