Questão d1b952fa-e9
Prova:FAG 2017
Disciplina:Português
Assunto:Interpretação de Textos, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

O excerto a seguir, extraído do primeiro parágrafo do texto 3, “É um fenômeno presente na maneira como os judeus lembram o Holocausto ou os americanos revivem a Guerra do Vietnã.” apresenta, semanticamente, tendo em vista o contexto em que está inserido:

Texto 3 - Memória coletiva

    Em 1925, quando a era das comunicações começava a se acelerar, o filósofo francês Maurice Halbwachs aventou a ideia de uma “memória coletiva”: o conjunto de lembranças que um grupo de pessoas compartilha sobre um evento marcante e que, somado a fatos e imagens de domínio público, forma um tecido muito mais extenso e bem tramado do que a simples soma das recordações individuais. Esse tecido é tão forte, aliás, que pode ser compartilhado até mesmo por gerações que não assistiram aos acontecimentos. É um fenômeno presente na maneira como os judeus lembram o Holocausto ou os americanos revivem a Guerra do Vietnã. Na vida brasileira, o ano de 1970 é um desses polarizadores da memória coletiva: o ano em que o país reuniu a mais brilhante escalação da história do futebol, em que esse time derrotou de maneira quase heroica cada um dos seus adversários [...], em que a população experimentou, na Copa do Mundo, seu primeiro grande evento de mídia – e também um ano em que a ditadura militar arrancava as pessoas de suas casas e sumia com elas, em que tudo era dito aos sussurros e em que essa euforia de uma torcida nacional foi usada como cortina de fumaça para o desgoverno e se misturou a ele. [...] E está aí, em boa medida, a beleza de O Ano em que Meus Pais Saíram de Férias (Brasil, 2006) [...]: na maneira como ele ao mesmo tempo separa e une esses dois fios da memória.
    No começo de 1970, Mauro (Michel Joelsas), de 12 anos, é tirado às pressas de sua casa em Belo Horizonte e levado para o apartamento do avô, no bairro paulistano do Bom Retiro. Os pais, aflitos, dizem que estão saindo de férias e, quando puderem, voltarão para buscá-lo, de preferência a tempo de assistirem juntos à Copa. Vão-se embora sem conferir se o avô recebeu o menino em segurança. Mas ele não está em casa, nem vai voltar. Mauro vira então atribuição da vizinhança. Mora meio na casa vazia do avô, meio no apartamento ao lado, do velho Shlomo (Germano Haiut), zelador da sinagoga local – o Bom Retiro reunia então uma forte comunidade judaica, a que Mauro nem sabia pertencer. Janta com uma pessoa, almoça com outra, brinca com as crianças do bairro e, o tempo todo, mantém um olho grudado no futebol e o outro no telefone, à espera de uma ligação dos pais que não chega nunca.
[...]
(BOSCOV, Isabela. Disponível em: http://arquivoetc.blogspot.com.br/2006/10/memria-coletiva.html.)

A
Uma oposição entre as unidades associadas.
B
A equivalência de duas situações enumeradas.
C
A associação de dois fatos em que a união dos mesmos é negada.
D
Fatos cronologicamente sequenciados, associados numa relação de causa e efeito.
E
Nenhuma das alternativas anteriores.

Gabarito comentado

V
Victor Costa Monitor do Qconcursos

Tema central: Interpretação de texto – Semântica e enumeração de situações equivalentes.

No trecho analisado – “É um fenômeno presente na maneira como os judeus lembram o Holocausto ou os americanos revivem a Guerra do Vietnã.” –, o autor apresenta dois exemplos de como um mesmo fenômeno (a memória coletiva) se manifesta em diferentes grupos sociais. Trata-se, portanto, de uma enumeração de situações equivalentes.

Justificativa da alternativa correta (B) — A equivalência de duas situações enumeradas:
Segundo a norma-padrão da Língua Portuguesa e a análise semântica, quando temos frases conectadas por “ou” em contextos de exemplificação, há uma relação de equivalência entre os elementos.
O autor quer mostrar que tanto a memória coletiva dos judeus sobre o Holocausto quanto a dos americanos sobre a Guerra do Vietnã são manifestações semelhantes do mesmo fenômeno. Isso é reforçado pela estrutura paralela das frases, tornando os exemplos equivalentes.

Análise das alternativas incorretas:
A) Uma oposição entre as unidades associadas.
Erro: Não há oposição: ambas as situações ilustram o mesmo fenômeno.

C) A associação de dois fatos em que a união dos mesmos é negada.
Erro: Não há negação de união; pelo contrário, há associação positiva como equivalentes.

D) Fatos cronologicamente sequenciados, associados numa relação de causa e efeito.
Erro: Os fatos não estão em ordem cronológica nem um provoca o outro.

E) Nenhuma das alternativas anteriores.
Erro: A alternativa B está correta, portanto essa opção é descartada.

Estratégias para questões assim:
- Observe se há uso de conectivos como “ou”, “e”, “mas” para identificar relação de sentido (equivalência, oposição, adição etc.);
- Veja se os exemplos servem para explicitar a tese do autor;
- Cuidado com termos como “oposição” ou “negação”, pois frequentemente atraem o candidato que não lê o contexto atentamente.

Segundo Celso Cunha & Lindley Cintra (Nova Gramática do Português Contemporâneo), “enumeração” é o agrupamento de exemplos para reforçar uma ideia principal. Aqui, eles esclarecem e ilustram o conceito de memória coletiva.

Resposta correta: B) A equivalência de duas situações enumeradas.

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