Assinale a alternativa que apresenta uma metáfora
reveladora do posicionamento contrário do narrador em
relação à prática do garimpo na Amazônia:
TEXTO 5
É com certa sabedoria que se diz: pelos olhos
se conhece uma pessoa. Bem, há olhares de todos os
tipos — dos dissimulados aos da cobiça, seja pelo vil
metal ou pelo sexo.
Garimpeiro se conhece pelos olhos. Olhos de
febre, que flamejam e reluzem. Há, em suas pupilas,
o ouro. O brilho dourado tatua a íris. Trata-se apenas
de um reflexo de sua alma e daquilo que corre em
suas veias. É um vírus. A princípio, um sonho distante,
mas, ao correr dos dias, torna-se uma angustiante
busca. Na primeira vez que o ouro fagulha na sua
frente, na bateia, toda a alma se contamina e o vírus
se transforma em doença incurável.
Todos, no garimpo, têm histórias semelhantes.
Têm família, filhos, empregos em suas
cidades, nos distantes estados, mas, de repente,
espalha-se a notícia do ouro. Então, largam tudo,
vendem a roupa do corpo e lá se vão. Caçar o rastro
do ouro é a sina. Nos olhos, a febre — um brilho
dourado doentio. Sim, é fácil conhecer um garimpeiro.
Todos sabem que, no garimpo, não é lugar
para se viver. Mas ninguém abandona o seu posto.
Suor, lama, pedregulhos, pepitas douradas, cansaço
— é a vida que até o diabo rejeita.
Por onde passam, o rastro da destruição. A Amazônia é nossa. Tratores e retroescavadeiras derrubam
e limpam a floresta; as dragas chegam, os
rios se contaminam rapidamente de mercúrio. Quem
pode mais chora menos. Na trilha do brilho dourado,
nada se preserva. Ai daqueles que levantarem alguma
voz... No dia seguinte, o corpo é encontrado no meio
da selva, um bom prato aos bichos.
(GONÇALVES, David. Sangue verde. Joinville: Sucesso
Pocket, 2014. p. 5-6. Adaptado.)
TEXTO 5
É com certa sabedoria que se diz: pelos olhos se conhece uma pessoa. Bem, há olhares de todos os tipos — dos dissimulados aos da cobiça, seja pelo vil metal ou pelo sexo.
Garimpeiro se conhece pelos olhos. Olhos de febre, que flamejam e reluzem. Há, em suas pupilas, o ouro. O brilho dourado tatua a íris. Trata-se apenas de um reflexo de sua alma e daquilo que corre em suas veias. É um vírus. A princípio, um sonho distante, mas, ao correr dos dias, torna-se uma angustiante busca. Na primeira vez que o ouro fagulha na sua frente, na bateia, toda a alma se contamina e o vírus se transforma em doença incurável.
Todos, no garimpo, têm histórias semelhantes. Têm família, filhos, empregos em suas cidades, nos distantes estados, mas, de repente, espalha-se a notícia do ouro. Então, largam tudo, vendem a roupa do corpo e lá se vão. Caçar o rastro do ouro é a sina. Nos olhos, a febre — um brilho dourado doentio. Sim, é fácil conhecer um garimpeiro.
Todos sabem que, no garimpo, não é lugar para se viver. Mas ninguém abandona o seu posto. Suor, lama, pedregulhos, pepitas douradas, cansaço — é a vida que até o diabo rejeita.
Por onde passam, o rastro da destruição. A Amazônia é nossa. Tratores e retroescavadeiras derrubam e limpam a floresta; as dragas chegam, os rios se contaminam rapidamente de mercúrio. Quem pode mais chora menos. Na trilha do brilho dourado, nada se preserva. Ai daqueles que levantarem alguma voz... No dia seguinte, o corpo é encontrado no meio da selva, um bom prato aos bichos.
(GONÇALVES, David. Sangue verde. Joinville: Sucesso
Pocket, 2014. p. 5-6. Adaptado.)
Gabarito comentado
Tema central: Interpretação de texto, com foco em figura de linguagem – metáfora, e a análise do posicionamento do narrador sobre o garimpo.
A questão pede ao candidato que identifique uma metáfora que revele a opinião contrária do narrador ao garimpo. Na norma-padrão, a metáfora substitui um termo por outro, baseando-se em semelhança implícita, sem utilizar elementos comparativos (Bechara, Moderna Gramática Portuguesa).
Análise da alternativa correta (D):
A alternativa D) "O vírus se transforma em doença incurável." traz uma metáfora forte, relacionando o desejo pelo ouro a um vírus e, em evolução, a uma doença incurável. Esta construção demonstra claramente a posição crítica do narrador sobre o garimpo: compara-o a um mal que corrói e domina, sendo destrutivo e sem solução. Como orienta Evanildo Bechara, metáforas assim ampliam o senso crítico do texto e apontam juízo de valor negativo.
Por que as outras alternativas estão incorretas?
A) “Caçar o rastro do ouro é a sina.”
Há uma figura de linguagem, mas ela apenas aponta a busca constante dos garimpeiros, sem indicar crítica clara ou reprovação.
B) “O brilho dourado tatua a íris.”
Metáfora para enfatizar a obsessão pelo ouro, sem juízo de valor: realça a presença marcante da cobiça, mas não há oposição explícita do narrador.
C) “Há, em suas pupilas, o ouro.”
Também metafórica, essa expressão simboliza o reflexo do ouro nos olhos dos trabalhadores e não evidencia reprovação ou crítica à atividade.
Estratégia para resolver questões como esta:
Sempre procure palavras ou expressões que emitam julgamento, crítica ou reprovação – atenção a termos negativos (vírus, doença, perda, destruição) e identifique como o narrador se posiciona sobre a situação.
Resumo: A alternativa D é a correta pois traz a metáfora que exprime avaliação negativa sobre o garimpo, evidenciando a opinião contrária do narrador. Pratique reconhecer intenção textual associando figuras de linguagem à argumentação crítica!
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