Leia o trecho abaixo.
Como um dos últimos atos de seu governo, Castelo Branco promulgou uma nova Constituição e uma de
suas medidas era desobrigar o governo a investir coeficientes mínimos em educação e saúde. A decisão
resultou na contínua redução do orçamento do MEC [Ministério da Educação e Cultura], que saiu dos
10,6% dos gastos totais da União em 1965 para 4,3% em 1975, e os gastos com Saúde foram de 4,29%
em 1966 para 0,99% do orçamento da União em 1974. Os recursos drenados da Educação e da Saúde
permitiram o reforço dos gastos com investimentos em infraestrutura, como a construção de estradas e
hidrelétricas, que iam se intensificar nos anos posteriores ao governo Castelo. [...] As inversões em
rodovias e hidrelétricas não eram acompanhadas de investimentos em saúde e educação; dados indicam
que o número de desnutridos no país se elevou de 27 milhões em 1961-1963 (38% da população) para
71 milhões de pessoas (67% da população) em 1968-1975.
CAMPOS, Pedro. Estranhas catedrais: as empreiteiras brasileiras e
a ditadura civil-militar, 1964-1988. Niterói: UFF, 2014. p. 338-340.
Sobre a política econômica a qual o texto se refere, é correto afirmar que
Leia o trecho abaixo.
Como um dos últimos atos de seu governo, Castelo Branco promulgou uma nova Constituição e uma de suas medidas era desobrigar o governo a investir coeficientes mínimos em educação e saúde. A decisão resultou na contínua redução do orçamento do MEC [Ministério da Educação e Cultura], que saiu dos 10,6% dos gastos totais da União em 1965 para 4,3% em 1975, e os gastos com Saúde foram de 4,29% em 1966 para 0,99% do orçamento da União em 1974. Os recursos drenados da Educação e da Saúde permitiram o reforço dos gastos com investimentos em infraestrutura, como a construção de estradas e hidrelétricas, que iam se intensificar nos anos posteriores ao governo Castelo. [...] As inversões em rodovias e hidrelétricas não eram acompanhadas de investimentos em saúde e educação; dados indicam que o número de desnutridos no país se elevou de 27 milhões em 1961-1963 (38% da população) para 71 milhões de pessoas (67% da população) em 1968-1975.
CAMPOS, Pedro. Estranhas catedrais: as empreiteiras brasileiras e a ditadura civil-militar, 1964-1988. Niterói: UFF, 2014. p. 338-340.
Sobre a política econômica a qual o texto se refere, é correto afirmar que
Gabarito comentado
Resposta correta: Alternativa C
1) Tema central: trata-se da política econômica brasileira no período pós-1964 — especialmente a opção por priorizar investimentos em infraestrutura e indústria enquanto se reduziam gastos sociais (educação e saúde). Entender o PAEG (Plano de Ação Econômica do Governo, 1964), a Constituição de 1967 e o contexto do chamado "milagre econômico" é essencial.
2) Resumo teórico e contexto: a política econômica inicial do regime buscou estabilização e abertura a capitais, seguida de forte ênfase em obras de infraestrutura (estradas, hidrelétricas, indústria pesada). Esses investimentos, financiados por crédito público e atração de capital estrangeiro, cresceram às custas de cortes em despesas sociais — o que explicita uma lógica de crescimento com pouco investimento em bem‑estar social. Fontes úteis: Plano PAEG (1964), Constituição de 1967 e estudos sobre o "milagre econômico" (finals anos 60/ início 70).
3) Por que a alternativa C está correta: a alternativa resume bem a relação causal destacada no trecho: o crescimento econômico do final dos anos 1960/início dos 1970s ocorreu num modelo que diminuiu investimentos em educação e saúde para redirecionar recursos a grandes obras e projetos industriais. Isso gera crescimento agregado, mas também aumento da desigualdade e efeitos sociais negativos — exatamente o ponto do texto.
4) Análise das alternativas incorretas:
A: incorreta — a ideologia nacionalista não implicou inversões de recursos "oriundos das empresas privadas para investimentos em educação pública". Pelo contrário, o Estado concentrou recursos em obras e ofereceu benefícios a empresas privadas (empreiteiras, indústria), reduzindo o gasto público em educação.
B: incorreta — o SUS (Sistema Único de Saúde) só foi criado em 1988. Não houve compensação contemporânea no período militar para os cortes em saúde e programas de combate à fome.
D: incorreta — o "milagre econômico" implicou forte financiamento em transporte e energia, mas não em educação e saúde; estas foram áreas afetadas por cortes, segundo o próprio enunciado.
E: incorreta — o período foi marcado por aumento de contratos com empreiteiras e grandes obras (não redução de repasses a elas) e por piora relativa nas condições alimentares para parcela importante da população.
Dica de interpretação: busque no enunciado indicadores quantitativos (percentuais de gasto, números de desnutridos) que apontam direção da política; use-os para confrontar cada alternativa, procurando contradições com os dados apresentados.
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