O Secretariado do CSN (Conselho de Segurança Nacional), em 11.05.1939, admite a indústria estatal como solução para o problema em decorrência da imperiosa força maior e em caráter transitório.

Com base no texto, pode-se afirmar que

o regime do Estado Novo decidiu-se pela construção da siderúrgica de Volta Redonda, por causa da pressão do Exército brasileiro, então sob controle de generais progressistas

Getúlio Vargas aproveitou-se das circunstâncias favoráveis da época, como a iminência da guerra entre as potências capitalistas, para implantar no país a indústria de base.

o Exército acabou por concordar com a criação de uma indústria estatal de base, em troca de sua permanência no poder e da garantia dada por Getúlio Vargas de que o Brasil não entraria em guerra.

o país estava seguindo uma tendência dominante naquele momento, estimulada pelos Estados Unidos, visando criar infra-estrutura econômica para absorver seus produtos.

o projeto visando criar a primeira companhia estatal brasileira, no ramo da siderurgia, resultava tanto da abundância do minério de ferro no país quanto da pressão da opinião pública nesse sentido.

Gabarito comentado

Gabrielle FrancoMonitor do Qconcursos

Resposta correta: B

Tema central: implantação da indústria de base no Brasil durante o Estado Novo (década de 1930–40) e o contexto da Segunda Guerra Mundial que favoreceu a intervenção estatal na economia. É preciso entender conceitos como industrialização por substituição de importações (ISI), papel do Estado e o caráter estratégico da siderurgia.

Resumo teórico: diante da iminência da guerra e das dificuldades de importar bens de capital, o governo Vargas adotou solução estatal para garantir produção de aço — essencial à defesa e ao desenvolvimento. A decisão pela criação da CSN em Volta Redonda insere‑se na lógica do intervencionismo estatal e da ISI, adotada por vários países naquele período.

Justificativa da alternativa B: o trecho fala em “imperiosa força maior” e em caráter “transitório” — expressões que remetem à emergência internacional (guerra) e à necessidade de ação estatal temporária. Getúlio Vargas aproveitou esse contexto favorável (rupturas no comércio internacional) para implantar a indústria de base por meio de uma empresa estatal (CSN). Essa interpretação é a aceita pela historiografia sobre o tema (ver Fausto; Skidmore).

Análise das alternativas incorretas:

A — Incorreta. Embora o Exército tivesse peso político, a formulação afirma que a decisão decorreu de pressão de “generais progressistas” — afirmação não comprovada e simplista. A decisão foi sobretudo técnica‑estratégica e estatal, não fruto exclusivo de pressão militar ideologizada.

C — Incorreta. Não há evidência de que o Exército “concordou” apenas em troca da garantia de permanência no poder ou promessas de neutralidade. Além disso, o Brasil acabaria entrando na guerra ao lado dos Aliados em 1942, o que contradiz a ideia de garantia absoluta de não participação.

D — Incorreta. A alternativa sugere influência externa direta dos EUA no sentido de criar infraestrutura para exportar seus produtos — o processo foi internal, motivado por escassez de oferta internacional e interesses nacionais de defesa e desenvolvimento; os EUA não foram o agente principal que “estimulou” essa política interna.

E — Incorreta. Embora o país possuísse minério de ferro, a escolha pela indústria estatal não se explica apenas por abundância de recursos ou pressão da opinião pública. Além disso, a CSN não foi a “primeira companhia estatal brasileira”; o Estado brasileiro já mantinha outras empresas e instituições.

Dicas de prova: ao ler o enunciado, destaque termos-chave (ex.: “força maior”, “transitório”) que indiquem contexto histórico. Desconfie de alternativas que atribuem causalidade única (apenas militares, apenas EUA, apenas opinião pública) — processos históricos são multifatoriais.

Fontes recomendadas: Boris Fausto, História do Brasil; Thomas Skidmore, Brasil: de Getúlio a Castelo.

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