Com base no texto, assinale a alternativa INCORRETA.
A crise final da escravidão, no Brasil, deu lugar ao aparecimento de um modelo novo de resistência, a que podemos chamar
quilombo abolicionista. No modelo tradicional de resistência à escravidão, o quilombo-rompimento, a tendência dominante era a
política do esconderijo e do segredo de guerra. Por isso, esforçavam-se os quilombolas exatamente para proteger seu dia a dia, sua
organização interna e suas lideranças de todo tipo de inimigo, curioso ou forasteiro, inclusive, depois, os historiadores.
Já no modelo novo de resistência, o quilombo abolicionista, as lideranças são muito bem conhecidas, cidadãos prestantes,
com documentação civil em dia e, principalmente, muito bem articulados politicamente. Não mais os grandes guerreiros do modelo
anterior, mas um tipo novo de liderança, uma espécie de instância de intermediação entre a comunidade de fugitivos e a sociedade
envolvente. Sabemos hoje que a existência de um quilombo inteiramente isolado foi coisa rara. Mas, no caso dos quilombos
abolicionistas, os contatos com a sociedade são tantos e tão essenciais que o quilombo encontra-se já internalizado, parte do jogo
político da sociedade mais ampla.
(Quilombo abolicionista – cap. 1; p. 11. SILVA, Eduardo: As Camélias do Leblon e a abolição da escravatura: uma investigação de história cultural.
SP: Cia das Letras, 2003.)
A crise final da escravidão, no Brasil, deu lugar ao aparecimento de um modelo novo de resistência, a que podemos chamar quilombo abolicionista. No modelo tradicional de resistência à escravidão, o quilombo-rompimento, a tendência dominante era a política do esconderijo e do segredo de guerra. Por isso, esforçavam-se os quilombolas exatamente para proteger seu dia a dia, sua organização interna e suas lideranças de todo tipo de inimigo, curioso ou forasteiro, inclusive, depois, os historiadores.
Já no modelo novo de resistência, o quilombo abolicionista, as lideranças são muito bem conhecidas, cidadãos prestantes, com documentação civil em dia e, principalmente, muito bem articulados politicamente. Não mais os grandes guerreiros do modelo anterior, mas um tipo novo de liderança, uma espécie de instância de intermediação entre a comunidade de fugitivos e a sociedade envolvente. Sabemos hoje que a existência de um quilombo inteiramente isolado foi coisa rara. Mas, no caso dos quilombos abolicionistas, os contatos com a sociedade são tantos e tão essenciais que o quilombo encontra-se já internalizado, parte do jogo político da sociedade mais ampla.
(Quilombo abolicionista – cap. 1; p. 11. SILVA, Eduardo: As Camélias do Leblon e a abolição da escravatura: uma investigação de história cultural. SP: Cia das Letras, 2003.)
Gabarito comentado
Tema central: Interpretação de Texto
A questão exige que o candidato compreenda as diferenças entre dois modelos de quilombos descritos no texto: o quilombo-rompimento e o quilombo abolicionista. Para tanto, é fundamental analisar a caracterização das lideranças, as estratégias de resistência e o grau de integração com a sociedade.
Alternativa incorreta: B
A alternativa B afirma que "as lideranças de ambos os tipos de organização quilombola [...] eram ocupadas por indivíduos de prestígio na sociedade circundante", o que contraria o texto.
O texto deixa claro que, no modelo tradicional, a liderança buscava o segredo e o isolamento, protegendo-se até mesmo de forasteiros e curiosos – logo, não se destacava ou ganhava prestígio perante a sociedade envolvente. Já no modelo abolicionista, as lideranças se tornam figuras conhecidas e politicamente articuladas, desempenhando papel de mediação junto à sociedade.
Portanto, a ideia de prestígio social das lideranças só se aplica ao segundo modelo. A alternativa B é incorreta justamente por generalizar uma característica que é exclusiva do segundo modelo de quilombo.
Comentando as alternativas corretas:
A – Correta, pois o texto mostra que existiam diferentes modelos de resistência, não apenas focados em embate ou guerra.
C – Correta, já que cada modelo de quilombo possuía estratégias e objetivos distintos.
D – Correta, apoiada pela passagem que destaca a raridade dos quilombos totalmente isolados, contrariando o senso comum.
E – Correta, pois aponta para a integração dos quilombos abolicionistas com a sociedade, característica sublinhada pelo autor.
Estratégia para provas: Fique atento quando a alternativa generaliza informações (ambos, todos, sempre, nunca), pois textos frequentemente trabalham com distinções ou exceções.
Referência gramatical: Como recomendam Celso Cunha & Lindley Cintra (Nova Gramática do Português Contemporâneo), a interpretação exige a análise das nuances e dos conectores que explicitam oposição e diferenciação entre termos e ideias.
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