Sobre o Golpe Militar de 1964, é correto afirmar que

ocorreu por iniciativa exclusiva dos militares, sem o apoio da sociedade civil, o que levou as forças armadas a instituir uma ditadura governada apenas por generais e sem a participação de outros setores da sociedade.

teve, como objetivo central, o combate ao comunismo no Brasil e à democracia de massas, promovendo o fim dos partidos e do sistema eleitoral assim que os militares tomaram o poder.

procurou pôr fim ao projeto desenvolvimentista, promovendo, ao logo de duas décadas, um amplo processo de abertura econômica e de privatizações no País.

instalou uma intensa repressão contra os setores mais à esquerda no espectro político, como a União Nacional dos Estudantes (UNE) e as Ligas Camponesas, com milhares de pessoas presas e torturadas.

estabeleceu uma política externa de muita aproximação com os EUA, evitando qualquer conflito com esse aliado durante os anos 60 e 80, como forma de combater o comunismo.

Gabarito comentado

Gabrielle FrancoMonitor do Qconcursos

Alternativa correta: D

Tema central: o Golpe Militar de 1964 e a natureza do regime que se seguiu. Questões de concurso costumam avaliar causas, atores sociais envolvidos, medidas institucionais (atos institucionais), repressão política, projeto econômico e relações exteriores. É essencial distinguir o que ocorreu imediatamente (anos 1964–1968) do que veio depois.

Resumo teórico sucinto: o golpe de 1964 contou com apoio de parcelas das Forças Armadas, empresários, setores da mídia, parte da igreja e apoio tácito/operacional dos EUA. Inicialmente houve suspensão parcial das instituições; em 1965 o AI-2 extinguiu os partidos e, em 1968, o AI-5 institucionalizou repressão mais dura. O período foi marcado por forte perseguição a organizações de esquerda, prisões, tortura e desaparecimentos documentados pela Comissão Nacional da Verdade (Relatório CNV, 2014).

Justificativa da alternativa D: A alternativa expressa corretamente que o regime instaurou intensa repressão contra setores de esquerda — incluindo UNE, Ligas Camponesas e outros movimentos — e que milhares foram presos e torturados. Esse quadro é confirmado por documentos oficiais (ex.: Relatório da CNV) e pela promulgação do AI-5 (1968), que ampliou poderes repressivos.

Análise das alternativas incorretas:

A — Incorreta. O golpe não foi iniciativa “exclusiva” dos militares: contou com apoio de diversos setores civis (empresariado, parte da mídia e da classe política) e também do governo dos EUA. Além disso, a ditadura incorporou civis (tecnocratas, empresários) ao projeto, não sendo governada apenas por generais.

B — Parcialmente enganosa. O anticomunismo foi um argumento central, mas a afirmação de que os militares promoveram imediatamente o fim dos partidos e do sistema eleitoral é incorreta: o AI-2 (1965) extinguiu os partidos algum tempo depois; o processo foi progressivo, com legalidades sendo erosionadas gradualmente.

C — Errada. O regime militar, especialmente nas décadas de 1960–1970, promoveu um projeto desenvolvimentista e forte intervenção estatal na economia (grandes obras, indústria de base). As privatizações e abertura neoliberal em larga escala ocorreriam décadas depois (anos 1990).

E — Imprópria. Houve aproximação com os EUA e apoio norte-americano ao golpe, mas afirmar que se evitou “qualquer conflito” é exagero. Houveram tensões e a política externa brasileira buscou, em certos momentos, maior autonomia regional; além disso, a relação EUA-Brasil não anulou decisões internas repressivas.

Dica de prova: desconfie de termos absolutos (sempre, nunca, exclusivo) e observe cronologias (o que ocorreu imediatamente vs. ao longo do regime). Quando a alternativa mistura verdades com exageros temporais, tende a ser falsa.

Principais referências: Relatório da Comissão Nacional da Verdade (2014); Ato Institucional nº 2 (1965) e AI-5 (1968); historiadores como Thomas Skidmore.

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