Sobre a crise econômica de 1929, que iniciou com a quebra da bolsa de valores de Nova Iorque, considere as seguintes afirmações.

I - A causa principal da crise foi o alto endividamento dos Estados Unidos, após o fim da Primeira Guerra Mundial.

II - A economia mundial foi rapidamente afetada pela crise, devido à redução das importações dos Estados Unidos e ao repatriamento de capitais norte-americanos que estavam em outros países.

III - A economia brasileira manteve-se estável, graças à valorização do café no mercado mundial.

Quais estão corretas?

Resposta correta: B — Apenas II

Tema central: a crise econômica de 1929 (Grande Depressão) e seus efeitos globais. É preciso distinguir causa(s) imediata(s) do crash bursátil, mecanismos de contágio internacional e impactos regionais, sobretudo em economias exportadoras como o Brasil.

Resumo teórico: a quebra da Bolsa de Nova York (outubro/1929) decorreu de uma bolha especulativa, alavancagem via compra a margem, excesso de oferta industrial e agrícola e fragilidades estruturais (desigualdade de renda, superprodução). O colapso reduziu dramaticamente a demanda dos EUA, provocou repatriação de capitais e falências bancárias, gerando uma contração internacional rápida — especialmente onde havia dependência de mercado e crédito norte‑americanos.

Justificativa da alternativa correta (II): A afirmação II explica corretamente os canais de transmissão: queda das importações americanas e retorno de capitais dos EUA para dentro do país amplificaram a crise em outras economias. Esse é o entendimento consagrado por obras de história econômica (ex.: Hobsbawm; análises de historia econômica do período).

Por que I está errada: não se pode reduzir a causa principal à dívida dos EUA pós‑Primeira Guerra. Embora questões financeiras internacionais e a situação do crédito importem, a causa imediata da crise foi a bolha especulativa e a quebra da confiança nos mercados, não um alto endividamento estatal dos EUA.

Por que III está errada: o Brasil sofreu fortemente com a queda do preço do café — sua principal commodity — e com a retração das exportações. A crise expôs a fragilidade do modelo exportador; a valorização do café ocorreu só depois, em políticas de intervenção e estoques (anos 1930), não sendo causa de estabilidade imediata em 1929.

Dica de prova: identifique termos absolutos ("causa principal", "manteve‑se estável") — eles costumam sinalizar afirmações falsas; busque o mecanismo (como o choque afeta importações/crédito) em vez de causas simplistas.

Fontes sugeridas: Eric Hobsbawm, "Era dos Extremos"; Boris Fausto, "História do Brasil"; manuais de História Econômica e artigos sobre a Grande Depressão.

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