“Houve um tempo em que a imagem religiosa era da ordem da relação com o sagrado. Depois, a partir da Renascença, ela entrou no campo da arte. Ao mesmo tempo, a laicização crescente insinuava-se em todos os domínios. A partir da revolução científica do século XVII, uma constatação progressivamente se impôs: o céu e a terra pertencem ao mesmo universo e estão sujeitos às mesmas leis.”

DELUMEAU, J. O que sobrou do paraíso?. São Paulo:

Companhia das Letras, 2003, p.507.

Sobre a Renascença, é correto afirmar-se que foi um(a)

Alternativa correta: A

Tema central: entende-se aqui a Renascença como período histórico-cultural (séculos XIV–XVI na Itália, estendendo-se à Europa) marcado pela recuperação dos modelos clássicos, pelo florescimento das artes e por avanços científicos que prepararam a Revolução Científica. Fonte de consulta útil: Burckhardt, The Civilization of the Renaissance in Italy (1860); Delumeau, O que sobrou do paraíso? (2003).

Resumo teórico: a Renascença privilegiou o humanismo — estudo das letras clássicas e valorização do indivíduo — e provocou inovações técnicas e estéticas (perspectiva em pintura, realismo, patronato das cortes e da Igreja). Paralelamente houve estímulo ao conhecimento empírico que culminou, no século XVII, na ciência moderna (Copérnico, Galileu). Foi, portanto, um período de intensificação das produções artísticas e científicas.

Justificativa da alternativa A: ela resume corretamente a característica central: aumento e renovação da produção artística e científica na Europa. Essa formulação corresponde ao consenso historiográfico sobre o Renascimento como período de «renascimento» cultural e inovação técnico-científica.

Análise das incorretas:

B (errada): descreve o Iluminismo (século XVIII), cuja ênfase é a razão como reforma social e epistemológica; nem é definição típica da Renascença.

C (errada): corresponde ao Romantismo (final do século XVIII–XIX), movimento que valoriza emoção e subjetividade — oposto ao equilíbrio clássico buscado pelos renascentistas.

D (errada): exagera: embora alguns intelectuais renascentistas interessassem-se por hermetismo e magia (ex.: Ficino), isso não define o período e tampouco corresponde a um estudo científico predominante — é tema marginal, não a essência do Renascimento.

Dica de interpretação: procure palavras-chave: "intensificação das produções artísticas e científicas" casa com Renascença; termos como "razão para melhorar a sociedade" apontam para Iluminismo; "romantismo e emoção" para o Romantismo. Cuidado com alternativas com meias-verdades (D): verificar se a característica é central ou marginal ao período.

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