“Toda a obra de Francis bacon se destina a
substituir uma cultura do tipo retórico-literário por
uma do tipo técnico-científico. Bacon está
perfeitamente consciente de que a realização deste
programa de reforma comporta numa ruptura com a
tradição. De que tal ruptura diz respeito não só ao
modo de pensar, mas também ao modo de viver dos
homens. O tipo de discurso filosófico elaborado no
mundo clássico pressupõe, segundo Bacon, a
superioridade da contemplação sobre as obras, da
resignação diante da natureza sobre a conquista da
natureza, da reflexão acerca da interioridade sobre a
pesquisa voltada para os fatos e as coisas.”
ROSSI, Paolo. Os filósofos e as máquinas:1400-700. São
Paulo: Companhia das Letras, 1989, p.75/adaptado.
A passagem acima expõe a relação entre o
pensamento filosófico moderno, representado por
Francis Bacon, e o pensamento filosófico clássico.
Sobre essa relação, é correto afirmar que
Gabarito comentado
Resposta correta: Alternativa C
Tema central: A questão trata da ruptura entre o pensamento clássico e o moderno, particularmente na obra de Francis Bacon, que promoveu a transição de um saber retórico‑contemplativo para um saber técnico‑científico voltado à investigação empírica (Rossi, 1989; Bacon, Novum Organum, 1620).
Resumo teórico claro: Bacon critica a primazia da contemplação e da retórica da tradição clássica e propõe um método indutivo e experimental para conhecer e dominar a natureza. O objetivo é transformar o conhecimento em poder e técnica, substituindo a valorização da interioridade e da resignação pela investigação sistemática dos fatos.
Justificativa da alternativa correta (C): A alternativa C afirma justamente que houve uma mudança radical — uma ruptura com o saber retórico — em favor de um pensamento focado na pesquisa sobre fatos e coisas. Isso coincide com o programa baconiano de substituir a cultura literária‑retórica por uma cultura técnico‑científica, conforme o texto de apoio e as obras de Bacon (Novum Organum) e estudos como o de Rossi.
Análise das alternativas incorretas:
A — Afirma que não houve mudança substantiva, apenas metodológica. Incorreta: a ruptura é tanto metodológica quanto de finalidade e estilo de pensamento (de contemplativo para prático/experimental).
B — Inverte os papéis de indução e dedução: historicamente, Bacon defende a indução experimental; dizer que os antigos eram indutivos e os modernos dedutivos é uma inversão simplista e equivocada.
D — Afirma que a filosofia moderna é inferior por depender da experiência e abandonar o raciocínio. Errado: o moderno combina experiência e método rigoroso — não há abandono do raciocínio, mas reformulação do lugar da experiência e do método.
Estratégias para interpretar a questão: Busque palavras-chave do enunciado (ruptura, retórico, técnico‑científico, pesquisa sobre fatos). Desconfie de alternativas que invertem concepções clássicas sobre método (indução/dedução) ou que reduzam a mudança a um único aspecto. Relacione sempre enunciado + autor referenciado (Bacon) ao contexto histórico (Revolução científica, século XVII).
Fontes indicadas: Bacon, Novum Organum (1620); Rossi, Paolo, Os filósofos e as máquinas (1989); Stanford Encyclopedia of Philosophy (entries on Francis Bacon, induction).
Gostou do comentário? Deixe sua avaliação aqui embaixo!






