Questão cc1e6189-03
Prova:UEA 2018
Disciplina:História
Assunto:História do Brasil, Processo de Independência: dos movimentos nativistas à libertação de Portugal

A repressão oficial foi extremamente convincente: entre 15 e 20 de outubro de 1823, mais de duzentos e cinquenta prisioneiros, jogados nos porões do brigue Palhaço, morreram por asfixia, envenenamento e fuzilaria; outros, fuzilados em praça pública. O Império do Brasil já mostrava as suas garras muito antes de a Regência disparar contra a Cabanagem (1835-1840), que lutava contra o conservantismo e a continuidade do poder de bases coloniais no Grão-Pará.

(Geraldo Mártires Coelho. “Onde fica a Corte do senhor Imperador?”.
In: István Jancsó (org.). Brasil: formação do Estado e da Nação, 2003.
Adaptado.)

A Independência do Brasil, proclamada no Centro-Sul do país em 1822,

A
contou, em algumas províncias, com a participação significativa das massas escravizadas e aboliu a escravidão.
B
manifestou particularidades em províncias mais distantes do centro do Império e manteve privilégios sociais tradicionais.
C
foi de fato realizada pelos governos democráticos das regências e estabeleceu o sufrágio universal para os maiores de vinte e um anos.
D
diferenciou-se das demais independências latino-americanas pelo seu caráter pacífico e seguiu o modelo político da federação norte-americana.
E
suspendeu a liberdade de comércio com as nações industrializadas e estabeleceu o monopólio governamental sobre o transporte fluvial.

Gabarito comentado

V
Vanessa CamposMonitor do Qconcursos

Resposta: Alternativa B

Tema central: a questão trata das características da Independência do Brasil (1822) e de como esse processo se manifestou regionalmente e nas estruturas sociais do novo Império. É preciso relacionar eventos locais (repressões, revoltas) com as decisões políticas centrais (Constituição de 1824, manutenção das elites).

Resumo teórico: a Independência foi proclamada no Centro-Sul, mas não teve caráter unitário no território: várias províncias reagiram de modos diversos, algumas aceitaram rapidamente o novo marco político; outras, mais distantes ou com interesses locais fortes (Grão-Pará, Bahia, Pernambuco, Cisplatina), mantiveram resistências e sofreram repressões. O Império consolidou um Estado centralizado, preservando privilégios da elite agrária e a escravidão até 1888 (veja Constituição de 1824 e obras de José Murilo de Carvalho e Emília Viotti da Costa).

Por que B é correta: a alternativa afirma que a Independência "manifestou particularidades em províncias mais distantes do centro do Império e manteve privilégios sociais tradicionais". Isso sintetiza dois fatos centrais: (1) existência de variação regional — lutas como a Cabanagem e outras contestaram a ordem local; (2) continuidade das estruturas sociais coloniais — elites locais e o sistema escravista foram preservados. A repressão citada no texto de apoio ilustra a força central em face das dissidências regionais.

Análise das opções incorretas

A — Incorreta. Embora escravizados tenham participado de movimentos e conflitos, a Independência não aboliu a escravidão; esta só foi extinta em 1888. A afirmação generaliza e erra o desfecho.

C — Incorreta. As Regências (1831–1840) não foram governos plenamente democráticos e o sufrágio era censitário e restrito; não houve sufrágio universal para maiores de 21 anos.

D — Incorreta. A Independência não foi totalmente pacífica: houve combates e resistências regionais. Além disso, o modelo político aplicado pelo Império foi centralizador (Constituição de 1824), não o federalismo estadounidense.

E — Incorreta. A Independência não inaugurou uma suspensão generalizada da liberdade de comércio com nações industrializadas nem criou um monopólio estatal sobre transporte fluvial como política geral; a economia seguiu marcada por vínculos comerciais internacionais e interesses privados.

Estratégia de prova: desconfie de termos absolutos ("aboliu", "universal", "pacífico"). Procure cruzar pista regional vs. central e lembrar a Constituição de 1824 e a manutenção do sistema escravista como referência para eliminar alternativas que indicam ruptura social profunda ou democratização ampla.

Fontes recomendadas: Constituição de 1824; José Murilo de Carvalho (obra sobre formação do Estado); Emília Viotti da Costa (ensaios sobre escravidão e independência).

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