A repressão oficial foi extremamente convincente: entre
15 e 20 de outubro de 1823, mais de duzentos e cinquenta
prisioneiros, jogados nos porões do brigue Palhaço, morreram por asfixia, envenenamento e fuzilaria; outros, fuzilados
em praça pública. O Império do Brasil já mostrava as suas
garras muito antes de a Regência disparar contra a Cabanagem (1835-1840), que lutava contra o conservantismo e a
continuidade do poder de bases coloniais no Grão-Pará.
(Geraldo Mártires Coelho. “Onde fica a Corte do senhor Imperador?”.
In: István Jancsó (org.). Brasil: formação do Estado e da Nação, 2003.
Adaptado.)
A Independência do Brasil, proclamada no Centro-Sul do país
em 1822,
Gabarito comentado
Resposta: Alternativa B
Tema central: a questão trata das características da Independência do Brasil (1822) e de como esse processo se manifestou regionalmente e nas estruturas sociais do novo Império. É preciso relacionar eventos locais (repressões, revoltas) com as decisões políticas centrais (Constituição de 1824, manutenção das elites).
Resumo teórico: a Independência foi proclamada no Centro-Sul, mas não teve caráter unitário no território: várias províncias reagiram de modos diversos, algumas aceitaram rapidamente o novo marco político; outras, mais distantes ou com interesses locais fortes (Grão-Pará, Bahia, Pernambuco, Cisplatina), mantiveram resistências e sofreram repressões. O Império consolidou um Estado centralizado, preservando privilégios da elite agrária e a escravidão até 1888 (veja Constituição de 1824 e obras de José Murilo de Carvalho e Emília Viotti da Costa).
Por que B é correta: a alternativa afirma que a Independência "manifestou particularidades em províncias mais distantes do centro do Império e manteve privilégios sociais tradicionais". Isso sintetiza dois fatos centrais: (1) existência de variação regional — lutas como a Cabanagem e outras contestaram a ordem local; (2) continuidade das estruturas sociais coloniais — elites locais e o sistema escravista foram preservados. A repressão citada no texto de apoio ilustra a força central em face das dissidências regionais.
Análise das opções incorretas
A — Incorreta. Embora escravizados tenham participado de movimentos e conflitos, a Independência não aboliu a escravidão; esta só foi extinta em 1888. A afirmação generaliza e erra o desfecho.
C — Incorreta. As Regências (1831–1840) não foram governos plenamente democráticos e o sufrágio era censitário e restrito; não houve sufrágio universal para maiores de 21 anos.
D — Incorreta. A Independência não foi totalmente pacífica: houve combates e resistências regionais. Além disso, o modelo político aplicado pelo Império foi centralizador (Constituição de 1824), não o federalismo estadounidense.
E — Incorreta. A Independência não inaugurou uma suspensão generalizada da liberdade de comércio com nações industrializadas nem criou um monopólio estatal sobre transporte fluvial como política geral; a economia seguiu marcada por vínculos comerciais internacionais e interesses privados.
Estratégia de prova: desconfie de termos absolutos ("aboliu", "universal", "pacífico"). Procure cruzar pista regional vs. central e lembrar a Constituição de 1824 e a manutenção do sistema escravista como referência para eliminar alternativas que indicam ruptura social profunda ou democratização ampla.
Fontes recomendadas: Constituição de 1824; José Murilo de Carvalho (obra sobre formação do Estado); Emília Viotti da Costa (ensaios sobre escravidão e independência).
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