É possível estabelecer um diálogo entre o texto “A cidade invisível e a cidade dissimulada”, de Gey Espinheira, e o texto de Gregório
de Matos (século XVII), considerando o seguinte trecho:
TEXTO:
Senhora Dona Bahia,
nobre e opulenta cidade,
madrasta dos naturais,
e dos estrangeiros madre:
5 dizei-me por vida vossa
em que fundais o ditame
de exaltar os que aqui vêm
e abater os que aqui nascem?
MATOS, Gregório de. Descreve como os estrangeiros arruínam a Bahia. In: MENDES, Cleise Furtado. Senhora Dona Bahia. Salvador, EDUFBA, 1996.
p. 88.
TEXTO:
Senhora Dona Bahia,
nobre e opulenta cidade,
madrasta dos naturais,
e dos estrangeiros madre:
5 dizei-me por vida vossa
em que fundais o ditame
de exaltar os que aqui vêm
e abater os que aqui nascem?
MATOS, Gregório de. Descreve como os estrangeiros arruínam a Bahia. In: MENDES, Cleise Furtado. Senhora Dona Bahia. Salvador, EDUFBA, 1996. p. 88.
Gabarito comentado
Comentário – Interpretação de Texto e Relação Intertextual
Tema central: Interpretação de Texto com foco na relação intertextual e análise crítica, exigindo reconhecer como diferentes textos dialogam sobre um mesmo tema social.
No poema de Gregório de Matos, a Bahia é retratada como “madrasta dos naturais e madre dos estrangeiros”. Nessa antítese, o autor critica a sociedade baiana por valorizar mais os estrangeiros do que os próprios filhos da terra, estrutura que favorece quem chega de fora e subestima os nativos.
Justificativa da alternativa correta:
Alternativa E destaca: “São essas pessoas, muitas de fora, que dominam o comércio lúdico/artístico/artesanal. Os negros pardos e mulatos estão lá trabalhando para servir à indústria cultural, aos de fora…”
Esse trecho de Gey Espinheira retoma e atualiza a crítica social feita por Gregório de Matos: estrangeiros dominam e lucram com o que é local, enquanto os nativos ficam à margem ou se submetem, muitas vezes, de forma estereotipada. Pela norma-padrão e pelo conceito de intertextualidade (Koch), textos dialogam ao tratar de um mesmo contraste social, usando inclusive o recurso da antítese (Cunha & Cintra).
Por que as outras alternativas NÃO são corretas:
A) Refere-se à sensibilidade do olhar na cidade barroca. Não dialoga com a crítica social/valorização do estrangeiro.
B) Trata da baianidade como rejeição de estereótipos, sem relação direta com o contraste entre naturais e estrangeiros.
C) Enfatiza o cosmopolitismo, não a preferência ou subordinação.
D) Destaca a pobreza dos “menos tocados”, sem mencionar o papel dos estrangeiros.
Estratégia para acerto: Em questões de diálogo intertextual, busque termos que explicitam oposição entre grupos ou críticas sociais recorrentes. Atente também ao uso de figuras de linguagem como a antítese.
“A compreensão do sentido global e da crítica presente em ambos os textos é fundamental para a escolha correta.”
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