Questão cbbc39ed-b0
Prova:UNEB 2017
Disciplina:Português
Assunto:Interpretação de Textos, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

É possível estabelecer um diálogo entre o texto “A cidade invisível e a cidade dissimulada”, de Gey Espinheira, e o texto de Gregório de Matos (século XVII), considerando o seguinte trecho:

TEXTO:


Senhora Dona Bahia,   

   nobre e opulenta cidade,

 madrasta dos naturais,

       e dos estrangeiros madre:

5 dizei-me por vida vossa

     em que fundais o ditame

         de exaltar os que aqui vêm

              e abater os que aqui nascem?

MATOS, Gregório de. Descreve como os estrangeiros arruínam a Bahia. In: MENDES, Cleise Furtado. Senhora Dona Bahia. Salvador, EDUFBA, 1996. p. 88.

A
“Como cidade barroca, é preciso que todos os sentidos estejam atentos, aguçados e que, além deles, a imaginação permita brincar em seus jogos de luz e sombra.” (l. 3-6).
B
“Poderíamos levantar, como hipótese, que a baianidade, como estilo de vida, está muito longe de ser a imagem folclorizada de um povo lento, e até mesmo preguiçoso, sensual e devotado ao misticismo e à voluptuosidade.” (l. 22-26).
C
“É o cosmopolitismo, a capacidade de digerir o diferente e internalizá-lo como coisa sua, e de não poder ser definida como um tipo, como uma representação em um único ícone, que faz da cidade da Bahia essa singularidade.” (l. 26-30).
D
“São, em sua maioria, os mais pobres, os menos tocados pelos mecanismos institucionalizados de ascensão social.” (l. 36-38).
E
“São essas pessoas, muitas de fora, que dominam o comércio lúdico/artístico/artesanal. Os negros pardos e mulatos estão lá trabalhando para servir à indústria cultural, aos de fora, muitas vezes fantasiados de negros” (l. 68-72)

Gabarito comentado

V
Vinícius RochaMonitor do Qconcursos

Comentário – Interpretação de Texto e Relação Intertextual

Tema central: Interpretação de Texto com foco na relação intertextual e análise crítica, exigindo reconhecer como diferentes textos dialogam sobre um mesmo tema social.

No poema de Gregório de Matos, a Bahia é retratada como “madrasta dos naturais e madre dos estrangeiros”. Nessa antítese, o autor critica a sociedade baiana por valorizar mais os estrangeiros do que os próprios filhos da terra, estrutura que favorece quem chega de fora e subestima os nativos.

Justificativa da alternativa correta:

Alternativa E destaca: “São essas pessoas, muitas de fora, que dominam o comércio lúdico/artístico/artesanal. Os negros pardos e mulatos estão lá trabalhando para servir à indústria cultural, aos de fora…”

Esse trecho de Gey Espinheira retoma e atualiza a crítica social feita por Gregório de Matos: estrangeiros dominam e lucram com o que é local, enquanto os nativos ficam à margem ou se submetem, muitas vezes, de forma estereotipada. Pela norma-padrão e pelo conceito de intertextualidade (Koch), textos dialogam ao tratar de um mesmo contraste social, usando inclusive o recurso da antítese (Cunha & Cintra).

Por que as outras alternativas NÃO são corretas:

A) Refere-se à sensibilidade do olhar na cidade barroca. Não dialoga com a crítica social/valorização do estrangeiro.
B) Trata da baianidade como rejeição de estereótipos, sem relação direta com o contraste entre naturais e estrangeiros.
C) Enfatiza o cosmopolitismo, não a preferência ou subordinação.
D) Destaca a pobreza dos “menos tocados”, sem mencionar o papel dos estrangeiros.

Estratégia para acerto: Em questões de diálogo intertextual, busque termos que explicitam oposição entre grupos ou críticas sociais recorrentes. Atente também ao uso de figuras de linguagem como a antítese.

“A compreensão do sentido global e da crítica presente em ambos os textos é fundamental para a escolha correta.”

Gostou do comentário? Deixe sua avaliação aqui embaixo!

Estatísticas

Aulas sobre o assunto

Questões para exercitar

Artigos relacionados

Dicas de estudo