Leia o texto a seguir.
O príncipe não precisa ser piedoso, fiel, humano, íntegro e religioso, bastando que aparente
possuir tais qualidades. [...] Um príncipe não pode observar todas as coisas a que são obrigados
os homens considerados bons, sendo frequentemente forçado, para manter o governo, a agir
contra a caridade, a fé, a humanidade, a religião [...]. O príncipe não deve se desviar do bem, se
possível, mas deve estar pronto a fazer o mal, se necessário.
MAQUIAVEL, N. O príncipe. São Paulo: Nova Cultural, 1986.
Sobre o pensamento político de Maquiavel e o contexto histórico em que se insere, assinale a alternativa correta.
Leia o texto a seguir.
O príncipe não precisa ser piedoso, fiel, humano, íntegro e religioso, bastando que aparente possuir tais qualidades. [...] Um príncipe não pode observar todas as coisas a que são obrigados os homens considerados bons, sendo frequentemente forçado, para manter o governo, a agir contra a caridade, a fé, a humanidade, a religião [...]. O príncipe não deve se desviar do bem, se possível, mas deve estar pronto a fazer o mal, se necessário.
MAQUIAVEL, N. O príncipe. São Paulo: Nova Cultural, 1986.
Sobre o pensamento político de Maquiavel e o contexto histórico em que se insere, assinale a alternativa correta.
Gabarito comentado
Resposta correta: Alternativa A.
Tema central: Trata-se da pensamento político de Maquiavel e do contexto da Itália renascentista. É preciso entender que Maquiavel propõe uma visão pragmática do poder: o príncipe deve garantir a estabilidade e a autonomia do Estado, mesmo rompendo com normas morais ou religiosas quando necessário.
Resumo teórico e contexto: Maquiavel (Il Principe, 1513) escreve numa Itália fragmentada, vulnerável a potências estrangeiras e à influência da Igreja. Surge a ideia de realismo político: a política é uma esfera com regras próprias — virtu (capacidade, habilidade) e fortuna (sorte) — e a manutenção do poder pode justificar ações moralmente questionáveis. A autoridade do príncipe depende de sua eficácia, não de observância estrita de princípios cristãos.
Por que A é correta: A alternativa afirma que os reis (príncipes) necessitavam de autonomia e não podiam ficar submetidos a instituições para alcançar plenitude política. Isso sintetiza bem Maquiavel: ele defende que o governante deve agir com independência face a poderes externos (igreja, facções) e não ser refém de normas religiosas ou de boa-fé se estas prejudicarem a segurança do Estado. O trecho do enunciado — aparência de virtude, prontidão para agir contra a caridade ou fé quando necessário — confirma essa ênfase na autonomia e na eficácia.
Análise das alternativas incorretas:
B — Errada: Maquiavel não defende princípios democráticos ou ampla representação popular. Seu foco é na estabilidade e na força do príncipe, não na soberania popular. A defesa de instituições representativas é posterior e presente em outros autores.
C — Errada: A ação violenta por parte do governante não é censurada por Maquiavel; ao contrário, ele reconhece e às vezes recomenda o uso da violência como instrumento legítimo para manter a ordem e o Estado.
D — Errada: É verdade que Maquiavel desvincula a política dos princípios cristãos, mas ele não legitima reis por "representatividade". A legitimidade, para Maquiavel, decorre da eficácia política e da capacidade de manter o poder e a segurança, não de representatividade popular.
Dica de prova: Procure termos que indiquem anacronismo (ex.: "ideais democráticos amplamente defendidos" na Itália do século XVI) e cuidado com absolutos. Quando o enunciado traz a ideia de autonomia do príncipe frente à Igreja e moral cristã, isso costuma apontar para Maquiavel.
Fontes consultadas: Maquiavel, N. Il Principe (1513). Para introdução ao tema: Quentin Skinner, The Foundations of Modern Political Thought (capítulos sobre o Renascimento).
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