Leia os textos a seguir:
Ao longo do século XVII, as atividades econômicas dos colonos da região de São Paulo
assentaram-se numa ampla e sólida base de escravos índios, aprisionados nas frequentes
expedições dos paulistas ao sertão.
MONTEIRO, John Manuel. Negros da Terra: índios e bandeirantes nas origens de São
Paulo. São Paulo: Companhia das Letras, 1994. p. 209.
Donos de uma capacidade de orientação nas brenhas selvagens, em que tão bem se revelam
suas afinidades com o gentio, mestre e colaborador inigualável nas entradas, sabiam os paulistas
como transpor pelas passagens mais convenientes as matas espessas ou as montanhas
aprumadas, e como escolher sítio para fazer pouso e plantar mantimentos.
HOLANDA, Sérgio Buarque de. Caminhos e Fronteiras. Rio de Janeiro: José Olympio,
1975. p. 15.
Considerando os textos acima, assinale a alternativa correta acerca da relação entre entradas, bandeiras e escravidão
indígena.
Gabarito comentado
Resposta correta: Alternativa C
Tema central: a relação entre entradas/bandeiras e a escravidão indígena no século XVII paulista — ou seja, como as expedições do interior combinaram exploração territorial e captura de indígenas para trabalho.
Resumo teórico breve e progressivo: As "entradas" e as "bandeiras" eram expedições paulistas que visavam exploração, captura de índios e busca de metais. No ciclo do século XVII, a economia paulista dependia largamente do trabalho indígena aprisionado; os bandeirantes contavam com o conhecimento geográfico e habilidades dos indígenas para se orientar e sobreviver no sertão (ver S. B. Holanda, Caminhos e Fronteiras) e também com a prática sistemática de apresamento (J. M. Monteiro, Negros da Terra).
Justificativa da alternativa C: A alternativa reconhece duas realidades essenciais e não contraditórias: 1) havia tentativas de proteção missionária pela Igreja (aldeamentos jesuíticos) e 2) ao mesmo tempo os indígenas eram alvo da cobiça como mão de obra escravizada. Importante: os indígenas eram, de fato, conhecedores do território e fundamentais como guias e colaboradores nas expedições — ponto central destacado nos textos citados — o que torna a alternativa C a melhor síntese.
Análise das alternativas incorretas
A — Incorreta. Afirma que indígenas foram a mão de obra principal na monocultura do café no século XVII em São Paulo. Erro cronológico e factual: a expansão do café ocorreu principalmente no século XIX e contou sobretudo com trabalho escravo africano primeiro e depois com trabalho assalariado/imigrante.
B — Incorreta. Generaliza e anacroniza: associa diretamente as entradas ao trabalho nas lavouras de cana (região e dinâmica diferentes). A escravidão indígena atuou no interior e em diversas frentes, mas a cana-de-açúcar foi mais característica do litoral nordestino e sustentada por africanos.
D — Incorreta. Mistura conceitos: quilombos foram, em sua maioria, comunidades de escravos africanos fugidos. Embora houvesse fugas indígenas e comunidades mistas, não é correto afirmar que indígenas escravizados "conquistaram seu espaço" formando majoritariamente quilombos de grande população.
Dica de prova: procure anacronismos (ex.: café no século XVII), relacione espaço/região (litoral vs interior) e identifique se a alternativa reúne fatos complementares ou contraditórios. Use autores confiáveis (Monteiro; Holanda) para confirmar interpretações.
Fontes sugeridas: John Manuel Monteiro, Negros da Terra (1994); Sérgio Buarque de Holanda, Caminhos e Fronteiras.
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