“Como todas as coisas que existem são particulares, como
formamos os termos gerais? As palavras tornam-se gerais por
serem estabelecidas como os sinais das ideias gerais; e as
ideias tornam-se gerais separando-se delas as circunstâncias
de tempo e lugar, e quaisquer outras ideias que possam
determiná-las para esta ou aquela existência particular. Por
este meio de abstração elas tornam-se capazes de representar
mais do que um indivíduo, cada um dos quais, tendo nisto uma
conformidade com esta ideia, é desta espécie”
Fonte: (LOCKE, J. Ensaio sobre o entendimento humano. São Paulo: Abril
Cultural, 1983, p. 227).
Neste trecho, sublinham-se alguns aspectos fundamentais da
teoria do conhecimento do autor. A partir da leitura do
fragmento é CORRETO afirmar que:
Gabarito comentado
Resposta correta: C
Tema central: trata-se da teoria do conhecimento de John Locke — especialmente a formação das ideias gerais por meio da abstração a partir de experiências singulares. É importante para concursos porque exige reconhecer o caráter empirista de Locke (conhecimento derivado da experiência) e diferenciar afirmações que invertem a prioridade epistemológica.
Resumo teórico progressivo: para Locke (Ensaio sobre o Entendimento Humano), todas as ideias provêm da experiência (sensação e reflexão). As ideias gerais não são inatas: formam‑se quando, por abstração, se removem as circunstâncias de tempo, lugar e demais determinantes, criando uma ideia capaz de representar vários indivíduos. As palavras tornam‑se gerais por designarem essas ideias abstraídas (Locke, Essay Concerning Human Understanding; ver também Stanford Encyclopedia of Philosophy, entry "John Locke").
Por que a alternativa C é correta: ela afirma que o conhecimento só se torna possível na experiência das coisas particulares e que não faz sentido dizer que ele comece pelas ideias gerais. Isso está em plena consonância com o empirismo lockeano: a origem do conhecimento é a experiência particular; as ideias gerais são produtos secundários (resultado da abstração), não pontos de partida.
Análise das alternativas incorretas:
A — incorreta porque sugere que só a partir das ideias gerais conhecemos as coisas particulares. Locke faz o caminho inverso: do particular (experiência) vem a ideia; depois abstraímos.
B — errada: não sustenta que o conhecimento seja impossível. Locke acredita em conhecimento possível e investigável; o trecho trata do processo de formar termos gerais, não de negar o conhecimento.
D — equivocada porque afirma que podemos prescindir da experiência. Locke rejeita ideias inatas e coloca a experiência como fundamento; não podemos dominar ideias gerais afastando‑nos da experiência.
Dica de interpretação: busque termos‑chave do enunciado — abstração, particulares, experiência — e cheque se a alternativa respeita a prioridade epistemológica (experiência → ideias) típica do empirismo.
Referências: Locke, J. Essay Concerning Human Understanding; Stanford Encyclopedia of Philosophy — "John Locke".
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