Questão c9019ce3-32
Prova:UEL 2019
Disciplina:Filosofia
Assunto:

Leia o texto a seguir.


Dever é a necessidade de uma ação por respeito à lei. [...] devo proceder sempre de maneira que eu possa querer também que a minha máxima se torne uma lei universal.


KANT, Immanuel. Fundamentação da Metafísica dos costumes. Trad. Paulo Quintela. São Paulo: Abril Cultural, 1974. p. 208-209.


Com base no texto e nos conhecimentos sobre a teoria kantiana do dever, assinale a alternativa correta.

A
A máxima de uma ação moral universalizável pode ter como fundamento os efeitos da ação, sendo considerada moralmente boa uma ação cujos efeitos causam o bem.
B
A obrigação incondicional que a lei moral impõe advém do reconhecimento da possibilidade de universalização das máximas da ação.
C
A mentira pode, em certas circunstâncias, ser legitimada moralmente quando dela resulta uma ação benéfica ou impede o prejuízo a outrem.
D
A máxima incondicional de uma ação moral pode ter como fundamento a experiência, pois os costumes fornecem elementos suficientes para ela.
E
O imperativo categórico, princípio dos imperativos do dever, escolhe, dentre os estímulos fornecidos à vontade, o que lhe é mais adequado.

Gabarito comentado

M
Manuela Cardoso Monitor do Qconcursos

Alternativa correta: B

Tema central: trata-se da teoria kantiana do dever e do imperativo categórico — princípio que exige ações por respeito à lei moral e pela possibilidade de universalização das máximas.

Resumo teórico (claro e progressivo): Para Kant, a moralidade não depende das consequências nem da experiência. O que torna uma ação moral é agir por dever, segundo uma máxima que possa ser universalizada — isto é, que se possa querer como lei geral sem contradição. O imperativo categórico formula essa exigência: aja apenas segundo aquela máxima que possas ao mesmo tempo querer que se torne lei universal (Fundamentação da Metafísica dos Costumes, 1785).

Por que B é correta: A alternativa afirma que a obrigação incondicional da lei moral advém do reconhecimento da possibilidade de universalização das máximas. Isso expressa exatamente a estrutura do imperativo categórico kantiano: a obrigação é incondicional (categorical) e fundamenta-se na exigência de que a máxima seja legislável universalmente pela razão prática. Logo, B sintetiza corretamente a teoria kantiana do dever.

Análise das alternativas incorretas:

A — Errada. Afirma fundamento pelas consequências. Isso é consequencialismo (p. ex. utilitarismo). Kant rejeita critérios teleológicos; o valor moral reside na vontade conforme o dever, não nos efeitos.

C — Errada. Kant sustenta que mentir é sempre ilícito moralmente, pois não passa o teste da universalização: uma máxima “mentir quando convém” contradiz a possibilidade de comunicação confiável como lei universal.

D — Errada. A moral kantiana é a priori e não derivada da experiência ou costumes. Experiências informam usos, não a validade da lei moral que é produto da razão prática.

E — Errada. O imperativo categórico não "escolhe entre estímulos" à vontade; ele fornece a forma da lei moral (o dever) que delimita o que a razão prática deve exigir. Não é um critério psicologista sobre motivações.

Dica de prova (estratégia): Busque termos-chave: "universalizável", "incondicional", "efeitos/resultado", "experiência". Palavras como "sempre", "incondicional" e menções à universalização tendem a indicar Kant; referências a consequências apontam para correntes contrárias.

Fontes: Immanuel Kant, Fundamentação da Metafísica dos Costumes (1785); Stanford Encyclopedia of Philosophy — entry “Kant's Moral Philosophy”.

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