Questão c8ee7f78-b2
Prova:
Disciplina:
Assunto:
O livro Macunaíma, de Mário de Andrade, é um marco do Modernismo brasileiro. A passagem transcrita
é significativa do estranhamento provocado pela cidade grande e por suas máquinas no protagonista da
obra. Além disso, o trecho é bastante representativo da grande variedade de figuras de linguagem
utilizadas pelo autor para construção da narrativa. As máquinas, muitas passam, então, à condição de
antagonistas dos homens brancos, os “filhos da mandioca”. Como se pode ver no trecho: “Os filhos da
mandioca não ganham da máquina nem ela ganha deles nesta luta. Há empate”, embora em muitos
trechos Macunaíma divinize a máquina, em outros, ele a humaniza, através da figura de linguagem
classificada como
O livro Macunaíma, de Mário de Andrade, é um marco do Modernismo brasileiro. A passagem transcrita
é significativa do estranhamento provocado pela cidade grande e por suas máquinas no protagonista da
obra. Além disso, o trecho é bastante representativo da grande variedade de figuras de linguagem
utilizadas pelo autor para construção da narrativa. As máquinas, muitas passam, então, à condição de
antagonistas dos homens brancos, os “filhos da mandioca”. Como se pode ver no trecho: “Os filhos da
mandioca não ganham da máquina nem ela ganha deles nesta luta. Há empate”, embora em muitos
trechos Macunaíma divinize a máquina, em outros, ele a humaniza, através da figura de linguagem
classificada como
Piaimã
A inteligência do herói estava muito perturbada. Acordou com os berros da bicharia lá em baixo nas
ruas, disparando entre as malocas temíveis. E aquele diacho de sagui-açu (...) não era saguim não,
chamava elevador e era uma máquina. De-manhãzinha ensinaram que todos aqueles piados berros
cuquiadas sopros roncos esturros não eram nada disso não, eram mas cláxons campainhas apitos buzinas
e tudo era máquina. As onças pardas não eram onças pardas, se chamavam fordes hupmobiles chevrolés
dodges mármons e eram máquinas.
O herói aprendendo calado. De vez em quando estremecia. Voltava a ficar imóvel escutando
assuntando maquinando numa cisma assombrada. Tomou-o um respeito cheio de inveja por essa deusa
de deveras forçuda, Tupã famanado que os filhos da mandioca chamavam de Máquina, mais cantadeira
que a Mãe-d’água, em bulhas de sarapantar. Então resolveu ir brincar com a Máquina pra ser também
imperador dos filhos da mandioca. Mas as três cunhãs deram muitas risadas e falaram que isso de deuses era gorda mentira antiga, que não tinha deus não e que com a máquina ninguém não brinca porque ela
mata. A máquina não era deus não, nem possuía os distintivos femininos de que o herói gostava tanto.
Era feita pelos homens. Se mexia com eletricidade com fogo com água com vento com fumo, os homens
aproveitando as forças da natureza. Porém jacaré acreditou? nem o herói!
[... ]
Estava nostálgico assim. Até que uma noite, suspenso no terraço dum arranhacéu com os manos,
Macunaíma concluiu: — Os filhos da mandioca não ganham da máquina nem ela ganha deles nesta luta.
Há empate.
ANDRADE, Mário. Macunaíma, o herói sem nenhum caráter. Belo Horizonte: Itatiaia, 1986. p. 110.
Piaimã
A inteligência do herói estava muito perturbada. Acordou com os berros da bicharia lá em baixo nas
ruas, disparando entre as malocas temíveis. E aquele diacho de sagui-açu (...) não era saguim não,
chamava elevador e era uma máquina. De-manhãzinha ensinaram que todos aqueles piados berros
cuquiadas sopros roncos esturros não eram nada disso não, eram mas cláxons campainhas apitos buzinas
e tudo era máquina. As onças pardas não eram onças pardas, se chamavam fordes hupmobiles chevrolés
dodges mármons e eram máquinas.
O herói aprendendo calado. De vez em quando estremecia. Voltava a ficar imóvel escutando
assuntando maquinando numa cisma assombrada. Tomou-o um respeito cheio de inveja por essa deusa
de deveras forçuda, Tupã famanado que os filhos da mandioca chamavam de Máquina, mais cantadeira
que a Mãe-d’água, em bulhas de sarapantar. Então resolveu ir brincar com a Máquina pra ser também
imperador dos filhos da mandioca. Mas as três cunhãs deram muitas risadas e falaram que isso de deuses era gorda mentira antiga, que não tinha deus não e que com a máquina ninguém não brinca porque ela
mata. A máquina não era deus não, nem possuía os distintivos femininos de que o herói gostava tanto.
Era feita pelos homens. Se mexia com eletricidade com fogo com água com vento com fumo, os homens
aproveitando as forças da natureza. Porém jacaré acreditou? nem o herói!
[... ]
Estava nostálgico assim. Até que uma noite, suspenso no terraço dum arranhacéu com os manos,
Macunaíma concluiu: — Os filhos da mandioca não ganham da máquina nem ela ganha deles nesta luta.
Há empate.
ANDRADE, Mário. Macunaíma, o herói sem nenhum caráter. Belo Horizonte: Itatiaia, 1986. p. 110.
A
prosopopeia.
B
onomatopeia.
C
hipérbato.
D
metonímia.
E
assonância.