Neste poema de Paulo Leminski, vê-se um
posicionamento frente ao próprio processo de
escrita, pois o eu lírico
Poesia: 1970
Tudo o que eu faço
alguém em mim que eu desprezo
sempre acha o máximo.
Mal rabisco,
não dá mais pra mudar nada.
Já é um clássico.
LEMINSKI, P. Melhores poemas.
São Paulo: Global, 2002.
Poesia: 1970
Tudo o que eu faço
alguém em mim que eu desprezo
sempre acha o máximo.
Mal rabisco,
não dá mais pra mudar nada.
Já é um clássico.
LEMINSKI, P. Melhores poemas. São Paulo: Global, 2002.
Gabarito comentado
Tema central: Interpretação de texto poético – metalinguagem, liberdade criadora e autocrítica.
No poema apresentado, o eu lírico reflete sobre seu próprio processo de criação, demonstrando consciência de uma dualidade interna: uma parte valoriza seus versos de forma exagerada, enquanto outra mantém um olhar crítico sobre a facilidade com que transforma um rascunho em obra considerada "clássica".
Justificativa da alternativa correta – Letra A:
A alternativa “contrapõe liberdade criadora e autocrítica” está correta porque o texto evidencia justamente esse conflito: de um lado, há espontaneidade (“Mal rabisco, não dá mais pra mudar nada. Já é um clássico”), e de outro, autocrítica (“alguém em mim que eu desprezo sempre acha o máximo”). O eu lírico expõe a tensão entre criar livremente e julgar seu próprio trabalho.
Em termos de interpretação, conforme orientação de Cunha & Cintra e Rocha Lima, deve-se atentar à oposição de sentidos no poema, captando palavras-chave que remetem à crítica (desprezo) versus validação exagerada (acha o máximo).
Por que as demais alternativas estão incorretas?
B) adere aos apelos artísticos de seu contexto: não há referência a tendências externas ou movimentos artísticos do período; o olhar é para dentro, sobre si mesmo.
C) acredita na poesia desprovida de trabalho formal: O eu lírico não celebra a falta total de trabalho, pois existe a crítica interna à rapidez e automatismo do processo, demonstrando desconforto com isso.
D) dá preferência por sua porção criadora mais erudita: Não há sugestão de erudição ou busca por refinamento culto; predomina a espontaneidade questionada.
Dica estratégica: Em questões de poesia, atente-se à voz interior do eu lírico e às palavras que indicam conflitos (ex.: desprezo, máximo). Tome cuidado com alternativas que extrapolem o que está no texto.
Resumo da regra: Poemas metalinguísticos frequentemente trazem a reflexão sobre o próprio ato de criação, mostrando tensões ou oposições internas do autor (liberdade/autocrítica).
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