A letra da canção ganha um sentido de humor
e originalidade pela
Chegança
Eu atraquei
num porto muito seguro,
céu azul, paz e ar puro,
botei as pernas pro ar. [...]
Mas de repente
me acordei com a surpresa:
uma esquadra portuguesa
veio na praia atracar.
Da grande nau,
um branco de barba escura
vestindo uma armadura
me apontou pra me pegar.
Assustado
dei um pulo da rede,
pressenti a fome, a sede,
eu pensei: “vão me acabar”!
Me levantei
de borduna já na mão.
ai, senti no coração:
O Brasil vai começar.
NÓBREGA, A. Disponível em: www.antonio-nobrega.
Acesso em: 15 jul. 2014 (fragmento).
Chegança
Eu atraquei
num porto muito seguro,
céu azul, paz e ar puro,
botei as pernas pro ar. [...]
Mas de repente
me acordei com a surpresa:
uma esquadra portuguesa
veio na praia atracar.
Da grande nau,
um branco de barba escura
vestindo uma armadura
me apontou pra me pegar.
Assustado
dei um pulo da rede,
pressenti a fome, a sede,
eu pensei: “vão me acabar”!
Me levantei
de borduna já na mão.
ai, senti no coração:
O Brasil vai começar.
NÓBREGA, A. Disponível em: www.antonio-nobrega.
Acesso em: 15 jul. 2014 (fragmento).
Gabarito comentado
Assunto central: Interpretação de texto – leitura de letras de canções que reconstroem com humor ou ironia episódios históricos, trabalhando conceitos como intertextualidade, paródia e releitura de fatos históricos.
Justificativa da alternativa correta (A):
A alternativa A - “releitura de fatos históricos em outra perspectiva” está correta porque, ao apresentar o episódio do “descobrimento” do Brasil pelo olhar do indígena, a canção faz uma espécie de paródia e oferece uma interpretação crítica e bem-humorada do encontro entre europeus e povos originários. A norma-padrão e gramáticas de referência como Bechara (Moderna Gramática Portuguesa) e Celso Cunha & Lindley Cintra apontam que textos podem ser lidos sob a lógica da intertextualidade: a construção de novos sentidos a partir de eventos ou obras já conhecidos, conferindo ao texto originalidade e humor por meio da mudança de ponto de vista.
Observe, por exemplo, a linha “O Brasil vai começar.” Embora remeta ao marco histórico reconhecido, o texto o faz pela perspectiva do indígena assustado, e não pela versão tradicional eurocêntrica dos livros didáticos. Isso é uma releitura.
Análise das alternativas incorretas:
B) Idealização do encontro: INCORRETA. Não há exaltação do momento nem romantização. O indígena sente medo e se defende.
C) Caracterização dos traços físicos: INCORRETA. O detalhe do “branco de barba escura, vestindo uma armadura” é circunstancial, não central para o sentido do texto.
D) Capacidade de antever o futuro: INCORRETA. Não há evidência de premonição sobrenatural, mas sim uma ironia ao perceber o impacto do evento (“O Brasil vai começar”).
Estratégia de interpretação:
Para resolver questões desse tipo, destaque palavras-chave, observe o foco narrativo (olhar de quem?) e pergunte-se qual é o efeito de sentido: aqui, o efeito humorístico vem da inversão do ponto de vista tradicional. Cuidado com alternativas tentadoras que exageram um aspecto isolado!
Segundo as gramáticas de referência e o Manual de Redação da Presidência da República, a originalidade de textos pode residir justamente em “ressignificar” enredos clássicos com outro ponto de vista ou tom.
Resumo: A alternativa A é correta, pois a canção faz uma releitura humorística do encontro colonial a partir de um novo olhar, em linha com o conceito de paródia interptextual definido por autores como Bechara e Pasquale Cipro Neto.
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