Os segmentos textuais – receita insólita e método absolutamente
inócuo – indicam
MALÁRIA
“Doença infecciosa causada por protozoários que são
transmitidos pela picada das fêmeas de um gênero de mosquitos.
O nome é do tempo em que se pensava – erroneamente – que a
transmissão da doença era feita por meio do ar. Vem do italiano
mala aria [mau ar] – na língua italiana, ar é substantivo feminino.
Defensores da tese de que esta doença e outras, como a febre
amarela, eram assim transmitidas, tinham uma receita insólita
para combater as epidemias: tiros de canhão para purificar o ar.
Método absolutamente inócuo, a não ser, claro, nos casos em
que um ou outro mosquito fosse alcançado pelas balas perdidas
dos canhões”.
BUENO, Márcio, A origem curiosa das palavras.
Rio de Janeiro: Ed. José Olímpio, 2003.
Gabarito comentado
Gabarito comentado: Alternativa B
Tema central: A questão avalia a interpretação de texto, com foco na identificação de juízo de valor associado à análise de costumes sob uma perspectiva distanciada no tempo, prática muito cobrada em concursos públicos de saúde.
Justificativa da alternativa correta:
Ao empregar os segmentos "receita insólita" e "método absolutamente inócuo", o autor expressa uma opinião avaliativa sobre métodos antigos de combate à malária. Estes termos carregam uma carga negativa ("insólita" = extraordinária, estranha; "inócuo" = ineficaz), demonstrando seu juízo de valor. Além disso, a análise é feita retrospectivamente — ou seja, após os fatos, demonstrando distância temporal. O autor observa a prática sob a ótica do conhecimento atual, caracterizando um julgamento de valor com separação temporal.
Conforme a gramática normativa (Bechara, Cunha & Cintra), o juízo de valor envolve apreciação subjetiva — diferente do juízo de fato, meramente informativo — e pode ser ampliado pela perspectiva histórica, que permite analisar costumes antigos com base em novos conhecimentos.
Análise das alternativas incorretas:
- A) uma visão subjetiva do autor do texto. – Embora o juízo de valor seja subjetivo, a alternativa não contempla a distância temporal, fundamental ao sentido da questão.
- C) um ponto de vista com julgamento de valor positivo. – A avaliação do autor é negativa, como evidenciam os adjetivos empregados, descartando possibilidade de julgamento positivo.
- D) uma opinião fundamentada na observação dos fatos. – O foco não foi relatar fatos, mas julgá-los, tornando a alternativa imprecisa. Há abordagem valorativa e não descritiva.
Elementos centrais do texto: Observe palavras e expressões marcadoras de tempo e avaliação (insólita, inócuo). Estratégia para prova: destaque palavras de opinião ou juízo, busque pistas de temporalidade (como análise do passado com linguagem atual).
Dica do especialista: Quando o autor avalia atos ou crenças antigas com base em padrões atuais, trata-se de juízo de valor com distância temporal. Segundo Bechara: “O juízo de valor depende do contexto e do tempo em que se avalia”.
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