De acordo com o texto, a boa tradução precisa
Evidentemente, não se pode esperar que Dostoiévski
seja traduzido por outro Dostoiévski, mas desde que o
tradutor procure penetrar nas peculiaridades da linguagem
primeira, apliquese com afinco e faça com que sua
criatividade orientada pelo original permita,
paradoxalmente, afastarse do texto para ficar mais próximo
deste, um passo importante será dado. Deixando de lado a
fidelidade mecânica, frase por frase, tratando o original
como um conjunto de blocos a serem transpostos, e
transgredindo sem receio, quando necessário, as normas do
“escrever bem”, o tradutor poderá trazêlo com boa margem
de fidelidade para a língua com a qual está trabalhando.
Boris Schnaiderman, Dostoiévski Prosa Poesia.
Evidentemente, não se pode esperar que Dostoiévski seja traduzido por outro Dostoiévski, mas desde que o tradutor procure penetrar nas peculiaridades da linguagem primeira, apliquese com afinco e faça com que sua criatividade orientada pelo original permita, paradoxalmente, afastarse do texto para ficar mais próximo deste, um passo importante será dado. Deixando de lado a fidelidade mecânica, frase por frase, tratando o original como um conjunto de blocos a serem transpostos, e transgredindo sem receio, quando necessário, as normas do “escrever bem”, o tradutor poderá trazêlo com boa margem de fidelidade para a língua com a qual está trabalhando.
Boris Schnaiderman, Dostoiévski Prosa Poesia.
Gabarito comentado
Tema central: A questão explora interpretação de texto, cobrando a compreensão do conceito de equivalência na tradução e a análise dos procedimentos necessários para uma tradução eficaz e fiel ao texto original.
Justificativa da alternativa correta (E): A alternativa E está correta ao afirmar que uma boa tradução visa buscar, na língua de chegada, soluções que correspondam ao texto original. Isso está em consonância com o que afirma Eugene Nida em sua teoria da equivalência: não se trata apenas de transferir palavras, mas de encontrar na nova língua expressões que preservem sentido, efeito e estilo do texto fonte.
No texto, há destaque para: “afastar-se do texto para ficar mais próximo deste”, o que sugere que transgressões calculadas são aceitas, desde que o resultado final represente fielmente o conjunto de sentidos do original. Ao abandonar a “fidelidade mecânica”, trabalha-se pela equivalência funcional (ou dinâmica).
Análise das alternativas incorretas:
A) “Evitar a transposição fiel...” – Incorreta, pois, embora não se prenda à estrutura frase por frase, a fidelidade global deve ser mantida.
B) “Desconsiderar as características da linguagem primeira...” – Errada, pois entender a língua fonte é essencial para uma boa tradução.
C) “Desviar-se da norma-padrão...” – Equívoco: a tradução pode flexibilizar normas estilísticas, mas não pode ignorar a norma-padrão, que garante clareza e aceitabilidade na língua receptora (conforme normas consagradas em Bechara e Cunha & Cintra).
D) “Privilegiar a inventividade, ainda que em detrimento das peculiaridades...” – Errada; criatividade é bem-vinda, mas não se pode perder de vista o sentido e as características textuais do original.
Estratégia de leitura: Sempre atente a palavras que demonstram oposição ou ressalvas (“desde que”, “mas”, “quando necessário”), pois sinalizam as condições reais para a resposta correta e impedem generalizações precipitadas que levam às pegadinhas.
Resumo da regra: O tradutor deve, segundo a norma-padrão e autores renomados, buscar reconstituir na língua de chegada os sentidos e os efeitos do texto de origem, respeitando suas particularidades e contexto, sem se prender à literalidade ou abandonar a clareza da nova língua.
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