Questão c626ab6d-fc
Prova:FUVEST 2016
Disciplina:Português
Assunto:Interpretação de Textos, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

De acordo com o texto, a boa tradução precisa

     Evidentemente, não se pode esperar que Dostoiévski seja traduzido por outro Dostoiévski, mas desde que o tradutor procure penetrar nas peculiaridades da linguagem primeira, apliquese com afinco e faça com que sua criatividade orientada pelo original permita, paradoxalmente, afastarse do texto para ficar mais próximo deste, um passo importante será dado. Deixando de lado a fidelidade mecânica, frase por frase, tratando o original como um conjunto de blocos a serem transpostos, e transgredindo sem receio, quando necessário, as normas do “escrever bem”, o tradutor poderá trazêlo com boa margem de fidelidade para a língua com a qual está trabalhando.

Boris Schnaiderman, Dostoiévski Prosa Poesia.

A
evitar a transposição fiel dos conteúdos do texto original.
B
desconsiderar as características da linguagem primeira para poder atingir a língua de chegada.
C
desviarse da normapadrão tanto da língua original quanto da língua de chegada.
D
privilegiar a inventividade, ainda que em detrimento das peculiaridades do texto original.
E
buscar, na língua de chegada, soluções que correspondam ao texto original.

Gabarito comentado

T
Teodoro Silveira Monitor do Qconcursos

Tema central: A questão explora interpretação de texto, cobrando a compreensão do conceito de equivalência na tradução e a análise dos procedimentos necessários para uma tradução eficaz e fiel ao texto original.

Justificativa da alternativa correta (E): A alternativa E está correta ao afirmar que uma boa tradução visa buscar, na língua de chegada, soluções que correspondam ao texto original. Isso está em consonância com o que afirma Eugene Nida em sua teoria da equivalência: não se trata apenas de transferir palavras, mas de encontrar na nova língua expressões que preservem sentido, efeito e estilo do texto fonte.

No texto, há destaque para: “afastar-se do texto para ficar mais próximo deste”, o que sugere que transgressões calculadas são aceitas, desde que o resultado final represente fielmente o conjunto de sentidos do original. Ao abandonar a “fidelidade mecânica”, trabalha-se pela equivalência funcional (ou dinâmica).

Análise das alternativas incorretas:

A) “Evitar a transposição fiel...” – Incorreta, pois, embora não se prenda à estrutura frase por frase, a fidelidade global deve ser mantida.

B) “Desconsiderar as características da linguagem primeira...” – Errada, pois entender a língua fonte é essencial para uma boa tradução.

C) “Desviar-se da norma-padrão...” – Equívoco: a tradução pode flexibilizar normas estilísticas, mas não pode ignorar a norma-padrão, que garante clareza e aceitabilidade na língua receptora (conforme normas consagradas em Bechara e Cunha & Cintra).

D) “Privilegiar a inventividade, ainda que em detrimento das peculiaridades...” – Errada; criatividade é bem-vinda, mas não se pode perder de vista o sentido e as características textuais do original.

Estratégia de leitura: Sempre atente a palavras que demonstram oposição ou ressalvas (“desde que”, “mas”, “quando necessário”), pois sinalizam as condições reais para a resposta correta e impedem generalizações precipitadas que levam às pegadinhas.

Resumo da regra: O tradutor deve, segundo a norma-padrão e autores renomados, buscar reconstituir na língua de chegada os sentidos e os efeitos do texto de origem, respeitando suas particularidades e contexto, sem se prender à literalidade ou abandonar a clareza da nova língua.

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