Descendentes de africanos sudaneses, Maria Felipa nasceu em Itaparica e fez história por sua grande coragem nos
combates travados contra os portugueses. [...] Muito querida na ilha, ganhava a vida vendendo marisco. Sua participação
na luta pela independência da Bahia foi bastante ativa, não se limitando a discursos inflamados. Suas armas, no
entanto, foram a inteligência, a coragem e a solidariedade.
Maria Felipa atuou na guerra como enfermeira e como uma eficiente informante, mas ganhou fama no episódio em
que liderou um grupo de 40 outras corajosas mulheres contra soldados portugueses. Segundo historiadores, elas
avistaram a esquadra de 42 embarcações lusitanas ancoradas nas imediações da Ilha de Itaparica aguardando a ordem
para invadir Salvador e reprimir as ações pela independência baiana.
Algumas dessas guerreiras baianas, então, se aproximaram dos dois vigias da esquadra – Araújo Mendes e Guimarães
das Uvas – e dotadas de encantos, os seduziram. Certos de que teriam alguns momentos de prazer, eles as levaram
para um local mais distante e baixaram a guarda. Já nus, foram surpreendidos com uma surra de galhos de cansanção
(planta que provoca uma grande sensação de queimadura ao tocar a pele). Logo após renderem os guardas, o grupo
de mulheres lideradas por Maria Felipa ateou fogo em todas as embarcações portuguesas, o que enfraqueceu
consideravelmente as tropas e as pretensões portuguesas de invadir Itaparica. (HISTORIA DE... 2017).
A história da afro-brasileira Maria Felipa remonta à formação socioeconômica do Brasil colonial e ao processo de independência
do Brasil.
Nesse contexto, é correto afirmar que a
Gabarito comentado
Tema central: A questão aborda a Independência da Bahia e o protagonismo popular nesse processo, em contraste com o caráter elitista da Independência no centro-sul do Brasil.
Explicação didática: O processo de independência do Brasil possuiu características regionais distintas. No centro-sul (como Rio de Janeiro e São Paulo), a separação de Portugal se deu principalmente por decisões das elites políticas e econômicas. Já na Bahia, a resistência após o 7 de Setembro só terminou em 2 de julho de 1823, com participação ativa de vários setores populares — negros, mulheres, indígenas e trabalhadores livres.
O caso de Maria Felipa reforça este aspecto. Como líder de um grupo de mulheres da Ilha de Itaparica, ela simbolizou a importância popular e negra na luta baiana contra tropas portuguesas, usando táticas engenhosas como o incêndio de embarcações inimigas.
Análise da alternativa correta (E): A alternativa E está correta ao afirmar que a resistência portuguesa na Bahia levou a um movimento de independência fortemente popular. Essa distinção é fundamental: enquanto o centro-sul via independência por meio de acordos e interesses de elite, a Bahia teve confrontos armados e mobilização das massas.
Análise das alternativas incorretas:
A) Falsa. Os africanos escravizados não eram culturalmente homogêneos; vieram de diversos povos e culturas. Além disso, as conjurações citadas foram impulsionadas essencialmente por setores da elite e classe média local.
B) Incorreta. Não há ligação direta e comprovada entre a decadência canavieira, a descoberta do ouro e crescimento de negros alforriados na Bahia.
C) Incorreta. A pressão inglesa contra o tráfico negreiro tornou-se intensa só a partir de 1830 e não imediatamente com a abertura dos portos.
D) Errada. Apesar da Revolução Haitiana ter influenciado ideias de revolta, não houve uma revolta generalizada de escravos no Brasil diretamente por essa influência.
Dicas de interpretação: Atenção a termos extremos (“homogeneidade cultural”, “generalizada”). Observe sempre qual período é abordado e a singularidade regional.
Conclusão: O sucesso da independência baiana dependeu do envolvimento popular — destaque para mulheres e negros, como Maria Felipa —, cenário diferente do observado no centro-sul, majoritariamente elitista.
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