No início do texto, e para situar a questão da escrita,
as autoras começam por:
TEXTO 1
O que é escrita?
Se houve um tempo em que era comum a existência de
comunidades ágrafas, se houve um tempo em que a escrita
era de difícil acesso ou uma atividade destinada a poucos
privilegiados, na atualidade, a escrita faz parte da nossa
vida cotidiana, seja porque somos constantemente
solicitados a produzir textos escritos (bilhete, e-mail, listas
de compras etc.), seja porque somos solicitados a ler textos
escritos em diversas situações do dia a dia (placas,
letreiros, anúncios, embalagens, e-mail, etc., etc.).
Alguém afirmou que “hoje a escrita não é mais domínio
exclusivo dos escrivães e dos eruditos. [...] A prática da
escrita, de fato, se generalizou: além dos trabalhos
escolares ou eruditos, é utilizada para o trabalho, a
comunicação, a gestão da vida pessoal e doméstica”.
Que a escrita é onipresente em nossa vida já o sabemos.
Mas, afinal, “o que é escrita?” Responder a essa questão é
uma tarefa difícil porque a atividade de escrita envolve
aspectos de natureza variada (linguística, cognitiva,
pragmática, sócio-histórica e cultural).
Como é de nosso conhecimento, há muitos estudos sobre a
escrita, sob diversas perspectivas, que nos propiciam
diferentes modos de responder a questão em foco. Basta
pensarmos, por exemplo, nas investigações existentes,
segundo as quais a escrita ao longo do tempo foi e vem-se
constituindo como um produto sócio-histórico-cultural, em
diferentes suportes (livros, jornais, revistas) e demandando
diferentes modos de leitura. Basta pensarmos no modo pelo
qual ocorre o processo de aquisição da escrita. Basta
pensarmos no modo pelo qual a escrita é concebida como
uma atividade cuja realização demanda a ativação de
conhecimento e o uso de várias estratégias no curso
mesmo da produção do texto.
Apesar da complexidade que envolve a questão não é raro,
quer em sala de aula, quer em outras situações do dia a
dia, nos depararmos com definições de escrita, tais como:
“escrita é inspiração”; “escrita é uma atividade para alguns
poucos privilegiados (aqueles que nascem com esse dom e
se transformam em escritores renomados)”; “escrita é
expressão do pensamento” no papel ou em outro suporte;
“escrita é domínio de regras da língua”; “escrita é trabalho”
que requer a utilização de diversas estratégias da parte do
produtor.
Essa pluralidade de resposta nos faz pensar que o modo
pelo qual concebemos a escrita não se encontra dissociado
do modo pelo qual entendemos a linguagem, o texto e o
sujeito que escreve. Em outras palavras, subjaz uma
concepção de linguagem, de texto e de sujeito escritor ao
modo pelo qual entendemos, praticamos e ensinamos a
escrita, ainda que não tenhamos consciência disso.
(Ingedore Villaça Koch. Vanda Maria Elias. Ler e escrever:estratégias de produção textual. São Paulo: Editora Contexto,2009. p. 31-32. Adaptado.)
TEXTO 1
O que é escrita?
Se houve um tempo em que era comum a existência de comunidades ágrafas, se houve um tempo em que a escrita era de difícil acesso ou uma atividade destinada a poucos privilegiados, na atualidade, a escrita faz parte da nossa vida cotidiana, seja porque somos constantemente solicitados a produzir textos escritos (bilhete, e-mail, listas de compras etc.), seja porque somos solicitados a ler textos escritos em diversas situações do dia a dia (placas, letreiros, anúncios, embalagens, e-mail, etc., etc.).
Alguém afirmou que “hoje a escrita não é mais domínio exclusivo dos escrivães e dos eruditos. [...] A prática da escrita, de fato, se generalizou: além dos trabalhos escolares ou eruditos, é utilizada para o trabalho, a comunicação, a gestão da vida pessoal e doméstica”.
Que a escrita é onipresente em nossa vida já o sabemos. Mas, afinal, “o que é escrita?” Responder a essa questão é uma tarefa difícil porque a atividade de escrita envolve aspectos de natureza variada (linguística, cognitiva, pragmática, sócio-histórica e cultural).
Como é de nosso conhecimento, há muitos estudos sobre a escrita, sob diversas perspectivas, que nos propiciam diferentes modos de responder a questão em foco. Basta pensarmos, por exemplo, nas investigações existentes, segundo as quais a escrita ao longo do tempo foi e vem-se constituindo como um produto sócio-histórico-cultural, em diferentes suportes (livros, jornais, revistas) e demandando diferentes modos de leitura. Basta pensarmos no modo pelo qual ocorre o processo de aquisição da escrita. Basta pensarmos no modo pelo qual a escrita é concebida como uma atividade cuja realização demanda a ativação de conhecimento e o uso de várias estratégias no curso mesmo da produção do texto.
Apesar da complexidade que envolve a questão não é raro, quer em sala de aula, quer em outras situações do dia a dia, nos depararmos com definições de escrita, tais como: “escrita é inspiração”; “escrita é uma atividade para alguns poucos privilegiados (aqueles que nascem com esse dom e se transformam em escritores renomados)”; “escrita é expressão do pensamento” no papel ou em outro suporte; “escrita é domínio de regras da língua”; “escrita é trabalho” que requer a utilização de diversas estratégias da parte do produtor.
Essa pluralidade de resposta nos faz pensar que o modo pelo qual concebemos a escrita não se encontra dissociado do modo pelo qual entendemos a linguagem, o texto e o sujeito que escreve. Em outras palavras, subjaz uma concepção de linguagem, de texto e de sujeito escritor ao modo pelo qual entendemos, praticamos e ensinamos a escrita, ainda que não tenhamos consciência disso.
(Ingedore Villaça Koch. Vanda Maria Elias. Ler e escrever:estratégias de produção textual. São Paulo: Editora Contexto,2009. p. 31-32. Adaptado.)