“A existência precede a essência” é uma inversão feita
por Sartre de uma hierarquia milenar de valores
defendida pela filosofia tradicional. Marque a alternativa
que melhor explica o sentido desta inversão.
Gabarito comentado
Resposta correta: Alternativa A
Tema central: A frase “a existência precede a essência” é o núcleo do existencialismo sartreano. Trata-se de conceito recorrente em provas de filosofia: pergunta sobre liberdade, responsabilidade e negação de uma natureza humana pré-determinada.
Resumo teórico (claro e progressivo): Para Sartre, diferentemente de objetos artificiais (onde a essência — projeto — é definida antes da existência), o ser humano surge sem um propósito dado. O homem existe primeiro e só depois, pelas escolhas, ações e projetos, constrói sua essência. Isso implica liberdade radical, responsabilidade absoluta e a possibilidade de angústia e má-fé. Obras-chave: O Ser e o Nada (1943) e O Existencialismo é um Humanismo (1946).
Por que a alternativa A está correta: Porque afirma que o homem nasce sem pré‑determinação e que as essências são construídas a partir da existência humana — exatamente a ideia sartreana de que significados e projetos humanos são criação do próprio sujeito, não dons transcendentes.
Análise das alternativas incorretas:
B — Incorreta: apresenta a existência humana como temporal mas afirma que essências são estabelecidas por Deus e conhecidas após a morte. Isso contradiz diretamente o ateísmo filosófico de Sartre e sua tese de ausência de essência divina.
C — Incorreta: mistura biografia e juízo moral (vida amorosa de Sartre) e reduz seu pensamento a ataque à religião. Embora Sartre fosse ateu e crítico de certas crenças, seu foco filosófico é a condição humana (liberdade e responsabilidade), não um “combate” prioritário à religião.
D — Incorreta: afirma que Sartre parte de uma visão transcendentalista. Na verdade, ele é crítico do transcendentalismo kantiano; seu ponto é existencialista: o indivíduo concreto e livre precede qualquer essência teórica.
E — Incorreta: sugere que escolhas comprometem o indivíduo de modo que a liberdade deixa de existir. Sartre reconhece que compromissos e facticidades limitam possibilidades, mas mantém que a liberdade persiste — sempre há possibilidade de escolher (mesmo escolher manter compromissos é uma escolha).
Dica de prova: Procure termos-chave como “sem essência prévia”, “criação pela ação/ escolha”, “liberdade/responsabilidade”. Desconfie de alternativas que introduzam teologia, biografias escandalosas ou categorias filosóficas incompatíveis (ex.: transcendentalismo).
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