Questão bdf308a9-ff
Prova:UNICENTRO 2017
Disciplina:Português
Assunto:Interpretação de Textos, Pronomes pessoais oblíquos, Coesão e coerência, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto, Morfologia - Pronomes

A partir do trecho: “Quem tomar para si essa missão só poderá cumpri-la a partir de suas escolhas e consequentes perdas, sem fazer da parentalidade um poço de ressentimento e culpas, cuja conta quem paga são os filhos”, é correto considerar que o pronome em destaque refere-se a:

Leia o texto a seguir para responder a questão

      Um humano sai em busca de um mamute, persegue-o durante o dia, arma a emboscada e, depois de inúmeras tentativas, consegue matá-lo e abocanhar seu quinhão de carne.
      Em seguida, exausto, volta para casa com o firme propósito de deitar e rolar no tapete com o filho, contar historinhas repetitivas e ignorar a bronca merecida do pimpolho, pois, afinal, trata-se de um pai/mãe ausente o dia todo.
      Antes de dormir, ainda se verá no espelho com um olhar de feroz reprovação pela falta de tempo e de pique para a ginástica, para o sexo e para a vida social.
  Bem-vindo à geração cem por cento, que acredita que pode e deve dar conta de tudo e de fazer escolhas que não impliquem perdas.
      Uma aluna comentou esse fenômeno sabiamente: "Escolha sua perda!". Sim, é disso que se trata. Uma ínfima parcela da população pode se dar ao luxo de não ter que caçar seu mamute diariamente. Além disso, temos outras aspirações, que nos fazem mais do que caçadores, que nos fazem humanos.
  Ainda assim, somos assombrados pela ideia de que nossos filhos serão traumatizados pela nossa ausência. Aqui funciona a lógica de que pai e mãe são oxigênio, de que qualquer outro adulto cuidando deles será fatal. [...]
      Nossos filhos viverão em média 4 a 5 décadas mais do que nós -ou seja, os deixaremos órfãos, na melhor das hipóteses. Ausência fundamental que marca o sentido da parentalidade, pois acarreta criar sujeitos rumo à autonomia.
[...]
   Há, ainda, outras ausências, menos radicais do que a morte, com as quais devemos aprender a lidar. Ausentamonos trabalhando, amando outras pessoas, amando outras coisas e amando a nós mesmos. [...] Ninguém merece ser tudo para um pai ou uma mãe. Por outro lado, nenhum adulto merece criar uma criança sem ajuda, sem respiro, tendo que gostar de brincar por obrigação. [...]
      A tarefa parental é imensa e vitalícia. Será exercida por quem assumir essa responsabilidade radical, não cabendo aqui fazer diferença entre homens e mulheres, pais e mães. Quem tomar para si essa missão só poderá cumpri-la a partir de suas escolhas e consequentes perdas, sem fazer da parentalidade um poço de ressentimento e culpas, cuja conta quem paga são os filhos.
      Então, façamos a lição de casa. O que realmente é possível para cada família específica, para além de um mundo fantasioso no qual os pais se dedicariam integralmente aos filhos como se isso fosse bom para as crianças? Perguntemo-nos também o que é desejável para nós, pois a presença ressentida não passa desapercebida aos pequenos.
      Ao deixá-los com outros, sejam familiares ou profissionais, cabe assumir essa escolha, não valendo controlar à distância avós, babás e professores, o que é enlouquecedor. Enfim, escolha sua perda e aprenda a se ausentar.
(Folha de São Paulo, VERA IACONELLI, 10 set. 2017, com adaptações)

A
Perdas
B
Escolhas
C
Missão
D
Parentalidade

Gabarito comentado

C
Cíntia Avelar Mentor QconcursosMonitor do Qconcursos

Tema central da questão: Interpretação de texto e análise da referência pronominal. Trata-se de identificar corretamente a que termo antecedente se refere o pronome oblíquo átono “la” na oração “cumpri-la”.

Justificativa para a alternativa correta (“C – missão”):

Na frase “Quem tomar para si essa missão só poderá cumpri-la a partir de suas escolhas e consequentes perdas...”, o pronome destacado é o oblíquo átono “la”, forma derivada de “a”, utilizada após verbo terminado em “r” (conforme Bechara, Celso Cunha & Lindley Cintra).

Em análise, esse pronome retoma, na oração, um substantivo feminino e singular recentemente citado, que funcione como complemento do verbo “cumprir”. Assim, perguntamos: cumprir o quê? O termo sintaticamente e semanticamente mais correto é missão (cumprir a missão). Logo, a alternativa correta é a C.

Análise das alternativas incorretas:

  • A) Perdas: Plural e feminino; “la” é singular, e não faz sentido “cumprir perdas”.
  • B) Escolhas: Também plural, e o verbo “cumprir” não se aplica semanticamente a “escolhas”.
  • D) Parentalidade: Embora seja feminino singular, “cumprir a parentalidade” não apresenta uso comum, além de “missão” estar mais próximo ao pronome no texto.

Estratégia de resolução: Para questões assim, observe:

  • Concordância de gênero e número entre pronome e possível antecedente;
  • Sentido contextual: O complemento do verbo “cumprir” precisa existir: “cumprir escolha”, “cumprir perda” e “cumprir parentalidade” não fazem sentido no trecho. Mas “cumprir a missão” tem sentido pleno;
  • Atenção para pronomes oblíquos após verbos terminados em “r”: “cumprir + a = cumpri-la” (regra dos pronomes átonos, conforme gramáticas de referência).

Resumo para provas:
Nos pronomes oblíquos átonos, a concordância de gênero e número, além do sentido verbal, é fundamental. Busque o substantivo feminino singular anterior e teste se a relação verbo-complemento faz sentido – isso reduz erros.

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