A ausência de comunicação verbal entre o europeu e o homem da terra é atribuída, no fragmento citado,
a fatores externos.
E tanto que ele começou de ir para lá, acudiram pela praia homens, quando aos dois, quando aos
três, de maneira que, ao chegar o batel à boca do rio, já ali havia dezoito ou vinte homens.
Eram pardos, todos nus, sem coisa alguma que lhes cobrisse as vergonhas. Nas mãos traziam arcos
com suas setas. Vinham todos rijamente sobre o batel; e Nicolau lhes fez sinal que pousassem
os arcos. E eles pousaram. Não podia ali haver fala, nem entendimento de proveito, por o mar
quebrar na costa. Deu-lhes somente um barrete vermelho e uma carapuça de linho que levava
na cabeça e um sobreiro preto. Um deles deu-lhe um sobreiro de penas de aves, compridas, com
uma copazinha pequena, de penas vermelhas pardas como de papagaio; e outro deu-lhe um ramal
grande de continhas brancas, miúdas que querem parecer de aljaveira, as quais peças creio que o
capitão manda a Vossa Alteza, e com isso se volveu às naus por ser tarde e não poder haver deles
mais fala, por causa do mar. (CORTESÃO, 1943, p. 202).
Segundo Eneida Leal Cunha, em Ainda a Carta de Caminha, ao se lançar um olhar contemporâneo
sobre a narrativa de Caminha, é correto afirmar:
Gabarito comentado
Gabarito: C) certo
Tema central: Interpretação de texto. O foco é identificar, a partir do texto, a razão da ausência de comunicação verbal entre europeus e indígenas.
Análise da alternativa correta: O texto informa: “Não podia ali haver fala, nem entendimento de proveito, por o mar quebrar na costa.” Veja que a expressão “por o mar quebrar na costa” apresenta explicitamente um fator externo (o barulho do mar) como impedimento para a comunicação verbal. A norma-padrão exige que o candidato se baseie em dados textuais. Aplicando a regra exposta em Koch (2018): interpretar texto significa lidar com elementos explícitos e implícitos do trecho dado. Aqui, é claramente explícito que o problema da comunicação não era apenas a diferença de idioma ou cultura, mas o ruído do ambiente.
Estratégia de interpretação: Sempre busque palavras-chave e explicações causais no próprio texto. O uso da preposição “por” introduz a causalidade (“por o mar quebrar na costa”), que é fundamental na análise.
Justificativa normativa: Segundo Cunha & Cintra (2017), “a compreensão plena de um texto se dá pela análise do encadeamento lógico das informações”. Aqui, a coesão aditiva e causal mostra o motivo da dificuldade comunicativa.
Análise das alternativas:
- C) certo – Correta, pois interpreta corretamente o texto, que atribui o impedimento comunicativo a um fator externo: o barulho do mar.
- E) errado – Incorreta, pois ignora a informação direta do texto e pode levar o candidato a acreditar, erroneamente, que o obstáculo seria apenas interno ou cultural, o que não se sustenta pela leitura atenta.
Pegadinhas e dicas: Em questões como essa, uma pegadinha comum é desconsiderar fatores contextuais e se apegar apenas à diferença linguística. Atenção especial às explicações de causa (“por”), que na norma padrão, sempre indicam o motivo principal apresentado pelo autor.
Resumo: A interpretação correta exige atenção às relações lógicas de causa e aos detalhes explícitos do texto. O ruído do mar, como fator externo de impedimento comunicativo, está claramente marcado e justifica plenamente a alternativa correta.
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