Com base no trecho de Morte e Vida Severina (Texto I) e na análise crítica (Texto II), observa-se que a relação entre o texto poético e o contexto social a que ele faz referência aponta para um problema social expresso literariamente pela pergunta “Como então dizer quem fala / ora a Vossas Senhorias?” . A resposta à pergunta expressa no poema é dada por meio da

Entre as questões do Enem, é comum a que relaciona dois textos, sejam poéticos ou não. O texto I apresenta um poema de João Cabral de Melo Neto, cujo foco é a dificuldade do eu-lírico de se apresentar como indivíduo, devido à “divisão” do seu nome a outras pessoas que vivem situação semelhante. Nomes como “Severino”, “Maria” e “Zacarias” são comuns na região em que o personagem vive, logo ele faz referências nominais para tentar uma representação de si mesmo, sem sucesso. O texto II apresenta o autor João Cabral, que empresta seu ser para o personagem Severino do Texto I, mas que não alcança o resultado desejado, o de se ver como indivíduo em meio a tantos Severinos.
Partindo para o enunciado, percebemos que ambos os textos abordam uma problemática social, sintetizada pela frase “Como então dizer quem fala/ ora a Vossas Senhorias?”. O sentido da frase é o seguinte: como eu, o eu-lírico do poema, posso me representar a vocês se há tantos Severinos, como eu, com mães chamadas Maria e viúvas de vários Zacarias? Como me individualizar se há tantos Severinos com a mesma condição que eu, o que faz com que eu acabe exercendo o papel de representante de todos eles?
O enunciado pede uma resposta para a pergunta presente no poema. É visível que o personagem representa os Severinos que dividem a mesma situação apresentada pelo eu-lírico, o que justifica a dificuldade no seu processo de individualização. Logo, a resposta desta questão é a letra C.