Sobre os termos “já” e “nervosa”, presentes no segundo verso de “Poema do jornal”, considere as afirmativas
a seguir.
I. O termo “já” é ligeiramente antecipado, pois se refere à transformação em notícia, mas essa antecipação
garante maior ênfase à questão do tempo como marca expressiva do poema.
II. O termo “nervosa” contém, a princípio, um significado divergente do adjetivo “doce”, mas ambos os termos
são associados com a agitação e a aceleração do cotidiano moderno.
III. O termo “já” é empregado como contraponto ao termo “ainda”, utilizado no verso anterior, embora ambos
estejam subordinados ao fato citado no verso inicial.
IV. O termo “nervosa” indica que o repórter, assim como o poeta e como o sujeito lírico, exibe o desconforto
para administrar emoções no acompanhamento da vida moderna.
Sobre os termos “já” e “nervosa”, presentes no segundo verso de “Poema do jornal”, considere as afirmativas a seguir.
I. O termo “já” é ligeiramente antecipado, pois se refere à transformação em notícia, mas essa antecipação garante maior ênfase à questão do tempo como marca expressiva do poema.
II. O termo “nervosa” contém, a princípio, um significado divergente do adjetivo “doce”, mas ambos os termos são associados com a agitação e a aceleração do cotidiano moderno.
III. O termo “já” é empregado como contraponto ao termo “ainda”, utilizado no verso anterior, embora ambos estejam subordinados ao fato citado no verso inicial.
IV. O termo “nervosa” indica que o repórter, assim como o poeta e como o sujeito lírico, exibe o desconforto para administrar emoções no acompanhamento da vida moderna.
Leia os poemas a seguir, de Carlos Drummond de Andrade, e responda à questão.
Sentimental
Ponho-me a escrever teu nome
com letras de macarrão.
No prato, a sopa esfria, cheia de escamas
e debruçados na mesa todos contemplam
esse romântico trabalho.
Desgraçadamente falta uma letra,
uma letra somente
para acabar teu nome!
– Está sonhando? Olhe que a sopa esfria!
Eu estava sonhando...
E há em todas as consciências um cartaz amarelo:
“Neste país é proibido sonhar”.
Poema do jornal
O fato ainda não acabou de acontecer
e já a mão nervosa do repórter
o transforma em notícia.
O marido está matando a mulher.
A mulher ensanguentada grita.
Ladrões arrombam o cofre.
A polícia dissolve o meeting.
A pena escreve.
Vem da sala de linotipos a doce música mecânica.
Poesia
Gastei uma hora pensando um verso
que a pena não quer escrever.
No entanto ele está cá dentro
inquieto, vivo.
Ele está cá dentro
e não quer sair.
Mas a poesia deste momento
inunda minha vida inteira.
(ANDRADE, Carlos Drummond de. Alguma poesia. São Paulo: Companhia das Letras, 2013. p. 35; 41; 45).
Leia os poemas a seguir, de Carlos Drummond de Andrade, e responda à questão.
Sentimental
Ponho-me a escrever teu nome
com letras de macarrão.
No prato, a sopa esfria, cheia de escamas
e debruçados na mesa todos contemplam
esse romântico trabalho.
Desgraçadamente falta uma letra,
uma letra somente
para acabar teu nome!
– Está sonhando? Olhe que a sopa esfria!
Eu estava sonhando...
E há em todas as consciências um cartaz amarelo:
“Neste país é proibido sonhar”.
Poema do jornal
O fato ainda não acabou de acontecer
e já a mão nervosa do repórter
o transforma em notícia.
O marido está matando a mulher.
A mulher ensanguentada grita.
Ladrões arrombam o cofre.
A polícia dissolve o meeting.
A pena escreve.
Vem da sala de linotipos a doce música mecânica.
Poesia
Gastei uma hora pensando um verso
que a pena não quer escrever.
No entanto ele está cá dentro
inquieto, vivo.
Ele está cá dentro
e não quer sair.
Mas a poesia deste momento
inunda minha vida inteira.
(ANDRADE, Carlos Drummond de. Alguma poesia. São Paulo: Companhia das Letras, 2013. p. 35; 41; 45).
Gabarito comentado
Tema central: Interpretação de texto e análise semântica.
A questão exige do candidato a análise de palavras no contexto poético, avaliando o significado, a intenção e as possíveis nuances expressivas, pontos-chave para o vestibulando que busca alta performance em provas. Isso envolve reconhecer tanto efeitos de sentido quanto a apropriação do vocabulário na construção do texto.
Justificativa da alternativa correta (Letra A):
I. O advérbio “já” expressa uma ação imediata e súbita, reforçando a pressa do jornalismo e colocando em destaque o ritmo dos acontecimentos. Segundo Evanildo Bechara (“Moderna Gramática Portuguesa”), o advérbio “já” pode realçar a antecipação, dando ênfase temporal à ação — exatamente o uso observado no poema.
II. Ao associar “nervosa” e “doce”, o poema mistura sensações opostas. Apesar disso, ambos apontam para a intensidade da vida contemporânea, pois a doçura é artificial, fruto da “música mecânica” das máquinas (linotipos), enquanto a “mão nervosa” traduz ansiedade e velocidade. O importante aqui é perceber que o contraste não elimina a ligação temática.
Análise das alternativas incorretas:
III. Incorreta. “Já” e “ainda” aparecem em sequência, mas não há contraposição direta. “Ainda” denota continuidade; “já” indica momento imediato. Eles não se opõem, e sim, destacam diferentes aspectos do tempo do acontecimento e da notícia. Segundo Cunha & Cintra, “o advérbio ‘já’ sugere ação concluída ou em vias de conclusão, enquanto 'ainda' remete à permanência”.
IV. Incorreta. “Nervosa” refere-se somente ao repórter, não há indício de extensão para poeta ou sujeito lírico. É uma inferência excessiva generalizar “a mão nervosa” a todos os sujeitos do poema. O texto não suporta tal interpretação, como alerta Rocha Lima: “Interpretação extrapolada é falha costumeira em provas de texto”.
Estratégias de prova: Fique atento a relações entre palavras, evitando inferências fora do que o texto permite.
Gabarito: Letra A – somente as afirmativas I e II estão corretas.
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