“O governo militar, assentado no discurso ideológico tanto da modernização e desenvolvimento da nação
brasileira, quanto da segurança nacional, cria o caminho justificável para avançar na política de integração
nacional sobre a Amazônia em meados da década de 60”.
Fonte: CORRÊA, Sérgio Roberto Moraes. O Movimento dos Atingidos por Barragem na Amazônia: um movimento popular
nascente de “vidas inundadas”. Revista NERA. Presidente Prudente, ano 12, n.º 15, p. 34-65, jul-dez. 2009.
Considerando as ações do governo em relação à ocupação da Amazônia, é INCORRETO afirmar que:
Gabarito comentado
Alternativa correta: C
Tema central: políticas de ocupação e “integração” da Amazônia durante o regime militar (décadas de 1960–1980): grandes projetos de mineração, hidrelétricos, rodovias e ações de Estado que buscavam explorar recursos e afirmar soberania — muitas vezes em detrimento de povos indígenas e quilombolas.
Resumo teórico: o governo militar articulou a ideia da segurança nacional com a modernização econômica para justificar investimentos massivos na Amazônia (rodovias Transamazônica, Belém–Brasília; usinas como Tucuruí; projetos minerários como Carajás; ações de colonização e mapeamento). Tais políticas priorizaram infraestrutura e exploração, sem garantir direitos coletivos; o reconhecimento de povos indígenas só foi tratado em marcos legais posteriores e de forma limitada (ver Lei n.º 6.001/1973 — Estatuto do Índio).
Por que a alternativa C está INCORRETA: ela afirma que o “projeto SIVAN” fez levantamento detalhado da população e garantiu direitos de quilombolas e indígenas. Isso é falso por dois motivos principais: (1) não houve um programa estatal chamado SIVAN com essa função — o sistema de vigilância mais conhecido é o SIVAM, implementado apenas na virada dos anos 1990–2000 e voltado à vigilância ambiental e estratégica, não à garantia de direitos; (2) durante a ditadura e nos projetos de ocupação houve, na prática, restrição de direitos e muitos conflitos fundiários, com deslocamentos e violações contra indígenas e comunidades tradicionais (o Estado priorizou drenagem de recursos e infraestrutura).
Análise das demais alternativas (por que estão corretas):
A: correto — o plano de aproveitamento mineral incluiu estudos e projetos para exploração, culminando no Grande Projeto Carajás (importante foco de mineração de ferro).
B: correto — recursos hídricos foram explorados em megaprojetos; Tucuruí é exemplo emblemático de usina construída no processo de integração e desenvolvimento regional.
D: correto — priorizou‑se o sistema viário como vetor de ocupação; Transamazônica e Belém–Brasília foram obras-chave da estratégia.
Dica de interpretação de provas: desconfie de nomes desconhecidos ou anacrônicos e de frases que afirmam garantias amplas de direitos quando o contexto histórico revela o contrário. Identificar cronologias e objetivos reais das políticas ajuda a eliminar alternativas.
Fontes indicativas: Lei n.º 6.001/1973 (Estatuto do Índio); estudos sobre ocupação da Amazônia no regime militar e obras introdutórias de História do Brasil contemporâneo.
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