Segundo o relato autobiográfico do eu lírico:
Leia o poema de Antonio Cicero para responder à questão.
Balanço
A infância não foi uma manhã de sol:
demorou vários séculos; e era pífia,
em geral, a companhia. Foi melhor,
em parte, a adolescência, pela delícia
do pressentimento da felicidade
na malícia, na molícia, na poesia,
no orgasmo; e pelos livros e amizades.
Um dia, apaixonado, encarei a minha
morte: e eis que ela não sustentou o olhar
e se esvaiu. Desde então é a morte alheia
que me abate. Tarde aprendi a gozar
a juventude, e já me ronda a suspeita
de que jamais serei plenamente adulto:
antes de sê-lo, serei velho. Que ao menos os deuses façam felizes e maduros
Marcelo e um ou dois dos meus futuros versos.
(Porventura, 2012.)
Gabarito comentado
Tema central: Interpretação de texto poético, com ênfase na análise do relato autobiográfico do eu lírico e na semântica das expressões usadas no poema, segundo a norma-padrão.
Justificativa da alternativa correta (D):
A alternativa D, que afirma que “a infância foi um período demorado, durante o qual ele não se sentia estimulado pelas pessoas que o cercavam”, está inteiramente de acordo com o poema. Observe:
• “A infância não foi uma manhã de sol: demorou vários séculos" — O poeta associa a infância a um longo período, sem leveza.
• “e era pífia, em geral, a companhia." — “Pífia” significa sem valor, sem qualidade, indicando que a convivência era pouco estimulante.
Segundo Evanildo Bechara, a interpretação correta depende de identificar o sentido exato das palavras e do contexto. Aqui, ambos os trechos explicitam a resposta!
Análise das alternativas incorretas:
A) Incorreta. Diz que a vida adulta é vivida em plenitude até a velhice. O texto revela o contrário: o eu lírico suspeita “de que jamais serei plenamente adulto: antes de sê-lo, serei velho”.
B) Errada. Afirma que a juventude seria uma preparação para envelhecer bem, mas o poema diz: “Tarde aprendi a gozar a juventude”, sugerindo uma experiência tardia e insatisfatória, sem indicar amadurecimento planejado.
C) Falsa. Fala em mistério por “jamais morrer”, porém o eu lírico não sugere imortalidade; ele diz que “um dia, apaixonado, encarei a minha morte: e eis que ela não sustentou o olhar e se esvaiu”. Não há indício desse suspense citado.
E) Inadequada. Considera a adolescência perigosa em razão da “malícia”, mas o texto usa “malícia” e “prazeres do corpo” (orgasmo, poesia) como delícias desse período, não como algo negativo.
Estratégia para acertar: Atente sempre para palavras-chave e expressões explícitas do texto poético. Evite interpretações generalizantes. Observe se a alternativa distorce, amplia ou suaviza ideias do texto original.
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