Questão b1e90119-05
Prova:CESMAC 2018
Disciplina:Português
Assunto:Interpretação de Textos, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

Na crônica vista acima, Marisa Lajolo revela que adota uma concepção de leitura:

Como e por que leio o romance brasileiro

     Leitora apaixonada, fã de carteirinha, me envolvo com os romances de que gosto: curto, torço, roo as unhas, leio de novo um pedaço que tenha me agradado de forma particular. Se não gosto, largo no meio ou até no começo. O autor tem vinte ou trinta páginas para me convencer de que seu livro vai fazer diferença. Pois acredito piamente que a leitura faz a diferença. Se não, adeus! O livro volta para a estante e vou cuidar de outra coisa...
      Ao terminar a leitura de um romance de que gosto, fico com vontade de dividi-lo com os amigos. Recomendar a leitura, emprestar, dar de presente. Mas, sobretudo, discutir. Nada melhor do que conversar sobre livros... eu acho uma coisa, meu amigo acha outra, a colega discorda de nós dois...
     Na discussão, pode tudo, só não pode não achar nada nem concordar com todo mundo. No fim do papo, cada um fica mais cada um, ouvindo os outros. Quem sabe o livro tem mais de um sentido? Como foi mesmo aquele lance? E aquele personagem... vilão ou herói?
       Na minha geração e nas minhas relações, é assim que se lê romance.
    A leitura de romance, no entanto, não é só esta leitura envolvida e vertiginosa. Junto com o suspense, ao lado do mergulho na história, transcorre o tempo de decantação. Enredo, linguagem e personagens depositam-se no leitor. Passam a fazer parte da vida de quem lê. Vêm à tona meio sem aviso, aos pedaços, evocados não se sabe bem por quais articulações...
    Vida e literatura enredam-se em bons e em maus momentos, e os romances que leio passam a fazer parte da minha vida, me expressam em várias situações.

Marisa Lajolo. Como e por que ler o romance brasileiro. Rio de Janeiro: Objetiva, 2004, p. 13-14.

A
insensível, silenciosa e presa à forma do texto.
B
participativa, interativa e dialógica.
C
aparente, mecânica, embora dinâmica.
D
indiferente, neutra, mas investigativa.
E
imparcial, automática e pouco profunda.

Gabarito comentado

M
Marina SouzaMonitor do Qconcursos

Tema central: Interpretação de texto. A questão exige perceber a visão da autora sobre como se deve ler um romance, indo além da leitura literal para identificar conceitos de leitura interativa e dialogada.

Justificativa da alternativa correta (B):

O texto retrata a relação da autora com romances: ela se envolve ativamente com as obras, compartilha leituras, debate pontos de vista com amigos e destaca o valor da discussão sobre o que leu. Ao afirmar “nada melhor do que conversar sobre livros” e que “na discussão, pode tudo”, a autora evidencia uma leitura participativa (o leitor se engaja), interativa (há trocas com outros leitores) e dialógica (produz sentido por meio do diálogo). Esses conceitos estão alinhados à visão sociointeracionista de leitura apresentada por Koch & Elias e Paulo Freire, na qual ler é um ato de interação e construção coletiva de significados, e não simples decodificação de palavras.

Essas características ficam claras também nos trechos em que a autora sente vontade de dividir suas impressões e onde indica que o romance “passa a fazer parte” de sua vida, em diversos momentos, mostrando profundidade emocional e intelectual com relação à leitura.

Análise das alternativas incorretas:

A) “Insensível, silenciosa e presa à forma do texto” está incorreta porque a leitura é expressiva, interativa e não se limita apenas ao aspecto formal.

C) “Aparente, mecânica, embora dinâmica” – não há automatismo ou superficialidade; o texto ressalta uma vivência profunda e consciente.

D) “Indiferente, neutra, mas investigativa” – ler, para a autora, é algo apaixonado, nunca indiferente ou neutro.

E) “Imparcial, automática e pouco profunda” contrasta totalmente com o retrato de envolvimento pessoal e reflexão profunda do texto.

Dica para provas: Procure sempre identificar se o autor do texto se coloca como alguém ativo na leitura (enfrenta, questiona, debate) ou apenas lê de maneira passiva. Termos como “compartilhar”, “discutir” e “sentir parte” geralmente indicam leitura participativa e interativa.

Referências: Koch & Elias (2006), Paulo Freire, Manual de Redação da Presidência da República, Celso Cunha & Lindley Cintra.

Gabarito: B) participativa, interativa e dialógica.

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