Os termos com que está formulado o último parágrafo
do Texto admitem que:
1) cada língua expressa os traços de sua identidade
linguístico e cultural.
2) o português do Brasil sentiu os efeitos da sua
histórica mestiçagem étnica e linguística.
3) as línguas de um povo são imunes a eventuais
contatos com outros povos, sua língua e seus
costumes.
4) a história de cada língua pode esclarecer muitas
indagações e hipóteses sobre sua identidade.
Estão corretas:
Os termos com que está formulado o último parágrafo do Texto admitem que:
1) cada língua expressa os traços de sua identidade linguístico e cultural.
2) o português do Brasil sentiu os efeitos da sua histórica mestiçagem étnica e linguística.
3) as línguas de um povo são imunes a eventuais contatos com outros povos, sua língua e seus costumes.
4) a história de cada língua pode esclarecer muitas indagações e hipóteses sobre sua identidade.
Estão corretas:
A geografia linguística no Brasil
É por meio da língua que o
homem expressa suas ideias, as ideias de sua geração, as ideias da comunidade a
que pertence, as ideias de seu tempo. A todo instante, utiliza-a de acordo com
uma tradição que lhe foi transmitida, e contribui para sua renovação e
constante transformação. Cada falante é, a um tempo, usuário e agente
modificador de sua língua, nela imprimindo marcas geradas pelas novas situações
com que se depara.
Nesse sentido, pode-se afirmar que, na língua, se projeta a
cultura de um povo, compreendendo-se cultura no seu sentido mais amplo, aquele
que abarca “o conjunto dos padrões de comportamento, das crenças, das
instituições e de outros valores espirituais e materiais transmitidos
coletivamente e característicos de uma sociedade”, segundo o novo Aurélio.
(...)
Ao falar, um indivíduo transmite, além da mensagem contida em seu
discurso, uma série de dados que permite a um interlocutor atento não só
depreender seu estilo pessoal, mas também filiá-lo a um determinado grupo.
A
entonação, a pronúncia, a escolha vocabular, a preferência por determinadas
construções frasais, os mecanismos morfológicos que são peculiares a
determinado usuário podem servir de índices que identifiquem: a) o país ou a
região de que se origina; b) o grupo social de que faz parte (seu grau de
instrução, sua faixa etária, seu nível socioeconômico, sua atividade
profissional); c) a situação (formal) ou (informal) em que se encontra. (...)
O
Brasil, em decorrência do processo de povoamento e colonização a que foi
submetido bem como das condições em que se deu sua independência política e seu
posterior desenvolvimento, apresenta grandes contrastes regionais e sociais,
estes últimos perceptíveis mesmo em grandes centros urbanos, em cuja periferia
se concentram comunidades mantidas à margem do progresso.
Um retrato fiel,
atual, de nosso país teria de colocar lado a lado: executivos de grandes
empresas; técnicos que manipulam, com desenvoltura, o computador; operários de
pequenas, médias e grandes indústrias; vaqueiros isolados em latifúndios;
cortadores de cana; pescadores artesanais; plantadores de mandioca em humildes
roças; viajantes que comerciam pelo sertão; indígenas aculturados. (...)
Detentores de antigos costumes portugueses aqui reelaborados pelo contato com
outra terra e outras gentes ou, já em acelerado processo de mestiçagem étnica e
linguística, esquecidos das origens, esses homens e mulheres guardam, na sua
forma de expressão oral, as marcas de nossa identidade linguístico-cultural e a
resposta a muitas indagações e a diversas hipóteses sobre a história e o estado
atual do português do Brasil.
(Sílvia F. Brandão. A
geografia linguística no Brasil. São Paulo: Ática, 1991. p.5-17. Adaptado)
A geografia linguística no Brasil
É por meio da língua que o homem expressa suas ideias, as ideias de sua geração, as ideias da comunidade a que pertence, as ideias de seu tempo. A todo instante, utiliza-a de acordo com uma tradição que lhe foi transmitida, e contribui para sua renovação e constante transformação. Cada falante é, a um tempo, usuário e agente modificador de sua língua, nela imprimindo marcas geradas pelas novas situações com que se depara.
Nesse sentido, pode-se afirmar que, na língua, se projeta a cultura de um povo, compreendendo-se cultura no seu sentido mais amplo, aquele que abarca “o conjunto dos padrões de comportamento, das crenças, das instituições e de outros valores espirituais e materiais transmitidos coletivamente e característicos de uma sociedade”, segundo o novo Aurélio. (...)
Ao falar, um indivíduo transmite, além da mensagem contida em seu discurso, uma série de dados que permite a um interlocutor atento não só depreender seu estilo pessoal, mas também filiá-lo a um determinado grupo.
A entonação, a pronúncia, a escolha vocabular, a preferência por determinadas construções frasais, os mecanismos morfológicos que são peculiares a determinado usuário podem servir de índices que identifiquem: a) o país ou a região de que se origina; b) o grupo social de que faz parte (seu grau de instrução, sua faixa etária, seu nível socioeconômico, sua atividade profissional); c) a situação (formal) ou (informal) em que se encontra. (...)
O Brasil, em decorrência do processo de povoamento e colonização a que foi submetido bem como das condições em que se deu sua independência política e seu posterior desenvolvimento, apresenta grandes contrastes regionais e sociais, estes últimos perceptíveis mesmo em grandes centros urbanos, em cuja periferia se concentram comunidades mantidas à margem do progresso.
Um retrato fiel, atual, de nosso país teria de colocar lado a lado: executivos de grandes empresas; técnicos que manipulam, com desenvoltura, o computador; operários de pequenas, médias e grandes indústrias; vaqueiros isolados em latifúndios; cortadores de cana; pescadores artesanais; plantadores de mandioca em humildes roças; viajantes que comerciam pelo sertão; indígenas aculturados. (...)
Detentores de antigos costumes portugueses aqui reelaborados pelo contato com outra terra e outras gentes ou, já em acelerado processo de mestiçagem étnica e linguística, esquecidos das origens, esses homens e mulheres guardam, na sua forma de expressão oral, as marcas de nossa identidade linguístico-cultural e a resposta a muitas indagações e a diversas hipóteses sobre a história e o estado atual do português do Brasil.
(Sílvia F. Brandão. A geografia linguística no Brasil. São Paulo: Ática, 1991. p.5-17. Adaptado)
Gabarito comentado
Tema central: Interpretação de texto e variação linguística. A questão consiste em analisar ideias extraídas do último parágrafo do texto, exigindo atenção à coerência e à fidelidade ao contexto textual.
1. Análise da alternativa correta
A alternativa A) 1, 2 e 4, apenas está correta, pois as afirmativas 1, 2 e 4 refletem fielmente o que o texto apresenta sobre a influência da cultura e da história na formação e variação da língua. O trecho final destaca:
– Que a língua representa marcas identitárias (1)
– Que o português do Brasil é resultado de mesclas culturais e linguísticas (2)
– E que estudar a história da língua auxilia a compreender sua identidade (4)
2. Estrutura da resolução e conceito-chave
A chave para resolver a questão é a atenção ao sentido das afirmações e às palavras do texto. Veja o cuidado em não assumir generalizações falsas!
- Afirmação 1: Expressa a ideia principal do texto, defendendo a língua como reflexo da identidade cultural. (Norma padrão: a identidade linguística é comunicada pela estrutura e pelo uso coletivo da língua – Bechara, “Moderna Gramática Portuguesa”).
- Afirmação 2: Correta; reforça o conteúdo do parágrafo, que aborda a mestiçagem e transformação linguística do português brasileiro pela história.
- Afirmação 4: Correta; está expressa na frase “a resposta a muitas indagações e a diversas hipóteses sobre a história...”
- Afirmação 3 (Falsa): O texto rejeita a ideia de imunidade linguística! Define que línguas se transformam pelo contato com outros povos. Cuidado com opiniões contrárias ao texto, uma pegadinha frequente em provas.
3. Estratégias para futuras questões
Destaco a importância de:
– Ler atentamente cada alternativa e avaliar se ela está em conformidade com as marcas do texto.
– Rejeitar generalizações absolutas (“imunes”, “sempre”, “nunca”), pois geralmente contradizem conteúdos textuais.
– Analisar palavras-chave para identificar o posicionamento do autor.
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