Questão b04c05b4-02
Prova:UEA 2018, UEA 2018
Disciplina:Português
Assunto:Interpretação de Textos, Pronomes pessoais oblíquos, Coesão e coerência, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto, Morfologia - Pronomes

“E o almoço, ao meio-dia, onde, junto do pirão, um naco de carne cheiroso emergia, mal o soergueu e o animou.” (5º parágrafo)

Os pronomes sublinhados retomam o sentido de:

Considere o trecho do romance O quinze, de Rachel de Queiroz, para responder à questão.


Armado com um cartãozinho do bispo e um bilhete particular de Conceição à senhora que administrava o serviço, Chico Bento conseguiu obter o ambicionado lugar no açude do Tauape.

 No bilhete, a moça fazia o possível para comover a destinatária; e a senhora, apesar de já se ter habituado a esses pedidos que falavam sempre numa mesma pobreza extrema e em criancinhas famintas, achou jeito de desentulhar uma pá, e ela mesma guiou o vaqueiro aturdido, com seu ferro na mão, e o entregou ao feitor.

Duramente Chico Bento trabalhou todo o dia no serviço da barragem.

Só de longe em longe parava para tomar um fôlego, sentindo o pobre peito cansado e os músculos vadios.

E o almoço, ao meio-dia, onde, junto do pirão, um naco de carne cheiroso emergia, mal o soergueu e o animou.

Já era tão antiga, tão bem instalada a sua fome, para fugir assim, diante do primeiro prato de feijão, da primeira lasca de carne!…   


 

(O quinze, 2009.)

A
“almoço”.
B
“naco de carne cheiroso”.
C
“serviço da barragem”.
D
“Chico Bento”.
E
“pirão”. 

Gabarito comentado

X
Xavier Reis Monitor do Qconcursos

Tema central da questão: Interpretação de texto – coesão referencial por pronomes pessoais oblíquos átonos. O foco é identificar a quem o pronome “o” se refere dentro do contexto do trecho, conceito fundamental em provas que cobram coesão textual.

Comentário da alternativa correta (D – “Chico Bento”):
Os pronomes “o”, em “mal o soergueu e o animou”, são pronomes pessoais oblíquos átonos que funcionam como objeto direto, retomando, pelo contexto, o termo “Chico Bento”. Isso é coesão, pois evita repetição e mantém a clareza. Para verificar o referente do pronome, basta analisar quem sofre a ação de ser “levantado” e “animado”: não pode ser o almoço, o naco de carne ou o pirão, mas sim Chico Bento, que estava exausto pelo trabalho.

De acordo com a norma-padrão (cf. Bechara, Moderna Gramática Portuguesa), o pronome “o” substitui substantivos masculinos no singular que já apareceram, atuando como complemento do verbo. O sentido da frase é: “o almoço... mal o (Chico Bento) soergueu e o animou”, isto é, o almoço mal conseguiu levantar e animar Chico Bento.

Análise das alternativas incorretas:

A) “almoço”: Não faz sentido: o almoço não pode ser “erguido” nem “animado” pelo próprio almoço; é o agente, não o paciente.

B) “naco de carne cheiroso”: Apesar de ser masculino, não é ele quem é animado/erguido.

C) “serviço da barragem”: Sem relação com a ação dos verbos “soerguer” e “animar”.

E) “pirão”: Também masculino, mas não cabe no contexto lógico semântico.

Estratégia para questões similares: Ao encontrar pronomes oblíquos (“o”, “a”, “os”, “as”), retome o texto para buscar o último termo masculino/feminino singular/plural citado, avaliando se faz sentido lógico e linguístico ser objeto das ações indicadas. Cuidado: em muitos enunciados, aparecem alternativas plausíveis em gênero/número, mas só uma se encaixa no contexto do que a frase comunica!

Saber identificar pronomes referenciais aumenta sua precisão e evita perder questões simples por distração ou leitura apressada.

Referências: Bechara, E. Moderna Gramática Portuguesa. Cunha & Cintra. Nova Gramática do Português Contemporâneo.

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