“E o almoço, ao meio-dia, onde, junto do pirão, um naco
de carne cheiroso emergia, mal o soergueu e o animou.”
(5º
parágrafo)
Os pronomes sublinhados retomam o sentido de:
Considere o trecho do romance O quinze, de Rachel de Queiroz, para responder à questão.
Armado com um cartãozinho do bispo e um bilhete particular de Conceição à senhora que administrava o serviço, Chico Bento conseguiu obter o ambicionado lugar no açude do Tauape.
No bilhete, a moça fazia o possível para comover a destinatária; e a senhora, apesar de já se ter habituado a esses pedidos que falavam sempre numa mesma pobreza extrema e em criancinhas famintas, achou jeito de desentulhar uma pá, e ela mesma guiou o vaqueiro aturdido, com seu ferro na mão, e o entregou ao feitor.
Duramente Chico Bento trabalhou todo o dia no serviço da barragem.
Só de longe em longe parava para tomar um fôlego, sentindo o pobre peito cansado e os músculos vadios.
E o almoço, ao meio-dia, onde, junto do pirão, um naco de carne cheiroso emergia, mal o soergueu e o animou.
Já era tão antiga, tão bem instalada a sua fome, para fugir assim, diante do primeiro prato de feijão, da primeira lasca de carne!…
(O quinze, 2009.)
Considere o trecho do romance O quinze, de Rachel de Queiroz, para responder à questão.
Armado com um cartãozinho do bispo e um bilhete particular de Conceição à senhora que administrava o serviço, Chico Bento conseguiu obter o ambicionado lugar no açude do Tauape.
No bilhete, a moça fazia o possível para comover a destinatária; e a senhora, apesar de já se ter habituado a esses pedidos que falavam sempre numa mesma pobreza extrema e em criancinhas famintas, achou jeito de desentulhar uma pá, e ela mesma guiou o vaqueiro aturdido, com seu ferro na mão, e o entregou ao feitor.
Duramente Chico Bento trabalhou todo o dia no serviço da barragem.
Só de longe em longe parava para tomar um fôlego, sentindo o pobre peito cansado e os músculos vadios.
E o almoço, ao meio-dia, onde, junto do pirão, um naco de carne cheiroso emergia, mal o soergueu e o animou.
Já era tão antiga, tão bem instalada a sua fome, para fugir assim, diante do primeiro prato de feijão, da primeira lasca de carne!…
(O quinze, 2009.)
Gabarito comentado
Tema central da questão: Interpretação de texto – coesão referencial por pronomes pessoais oblíquos átonos. O foco é identificar a quem o pronome “o” se refere dentro do contexto do trecho, conceito fundamental em provas que cobram coesão textual.
Comentário da alternativa correta (D – “Chico Bento”):
Os pronomes “o”, em “mal o soergueu e o animou”, são pronomes pessoais oblíquos átonos que funcionam como objeto direto, retomando, pelo contexto, o termo “Chico Bento”. Isso é coesão, pois evita repetição e mantém a clareza. Para verificar o referente do pronome, basta analisar quem sofre a ação de ser “levantado” e “animado”: não pode ser o almoço, o naco de carne ou o pirão, mas sim Chico Bento, que estava exausto pelo trabalho.
De acordo com a norma-padrão (cf. Bechara, Moderna Gramática Portuguesa), o pronome “o” substitui substantivos masculinos no singular que já apareceram, atuando como complemento do verbo. O sentido da frase é: “o almoço... mal o (Chico Bento) soergueu e o animou”, isto é, o almoço mal conseguiu levantar e animar Chico Bento.
Análise das alternativas incorretas:
A) “almoço”: Não faz sentido: o almoço não pode ser “erguido” nem “animado” pelo próprio almoço; é o agente, não o paciente.
B) “naco de carne cheiroso”: Apesar de ser masculino, não é ele quem é animado/erguido.
C) “serviço da barragem”: Sem relação com a ação dos verbos “soerguer” e “animar”.
E) “pirão”: Também masculino, mas não cabe no contexto lógico semântico.
Estratégia para questões similares: Ao encontrar pronomes oblíquos (“o”, “a”, “os”, “as”), retome o texto para buscar o último termo masculino/feminino singular/plural citado, avaliando se faz sentido lógico e linguístico ser objeto das ações indicadas. Cuidado: em muitos enunciados, aparecem alternativas plausíveis em gênero/número, mas só uma se encaixa no contexto do que a frase comunica!
Saber identificar pronomes referenciais aumenta sua precisão e evita perder questões simples por distração ou leitura apressada.
Referências: Bechara, E. Moderna Gramática Portuguesa. Cunha & Cintra. Nova Gramática do Português Contemporâneo.
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