No romance O quinze, Chico Bento é
Considere o trecho do romance O quinze, de Rachel de Queiroz, para responder à questão.
Armado com um cartãozinho do bispo e um bilhete particular de Conceição à senhora que administrava o serviço, Chico Bento conseguiu obter o ambicionado lugar no açude do Tauape.
No bilhete, a moça fazia o possível para comover a destinatária; e a senhora, apesar de já se ter habituado a esses pedidos que falavam sempre numa mesma pobreza extrema e em criancinhas famintas, achou jeito de desentulhar uma pá, e ela mesma guiou o vaqueiro aturdido, com seu ferro na mão, e o entregou ao feitor.
Duramente Chico Bento trabalhou todo o dia no serviço da barragem.
Só de longe em longe parava para tomar um fôlego, sentindo o pobre peito cansado e os músculos vadios.
E o almoço, ao meio-dia, onde, junto do pirão, um naco de carne cheiroso emergia, mal o soergueu e o animou.
Já era tão antiga, tão bem instalada a sua fome, para fugir assim, diante do primeiro prato de feijão, da primeira lasca de carne!…
(O quinze, 2009.)
Considere o trecho do romance O quinze, de Rachel de Queiroz, para responder à questão.
Armado com um cartãozinho do bispo e um bilhete particular de Conceição à senhora que administrava o serviço, Chico Bento conseguiu obter o ambicionado lugar no açude do Tauape.
No bilhete, a moça fazia o possível para comover a destinatária; e a senhora, apesar de já se ter habituado a esses pedidos que falavam sempre numa mesma pobreza extrema e em criancinhas famintas, achou jeito de desentulhar uma pá, e ela mesma guiou o vaqueiro aturdido, com seu ferro na mão, e o entregou ao feitor.
Duramente Chico Bento trabalhou todo o dia no serviço da barragem.
Só de longe em longe parava para tomar um fôlego, sentindo o pobre peito cansado e os músculos vadios.
E o almoço, ao meio-dia, onde, junto do pirão, um naco de carne cheiroso emergia, mal o soergueu e o animou.
Já era tão antiga, tão bem instalada a sua fome, para fugir assim, diante do primeiro prato de feijão, da primeira lasca de carne!…
(O quinze, 2009.)
Gabarito comentado
Tema central: Esta questão exige interpretação de texto literário e compreensão de elementos do enredo, destacando a importância de extrair informações tanto explícitas quanto implícitas do fragmento apresentado. Segundo a norma-padrão e gramáticas de referência (Bechara, Cunha & Cintra), a interpretação textual consiste em compreender, analisar e inferir dados a partir do texto.
Justificativa da alternativa correta (A):
A alternativa A descreve Chico Bento como “um vaqueiro que, por causa da seca de 1915, perde o trabalho e é obrigado a migrar do interior para a capital”. O fragmento apresentado demonstra:
- Chico Bento com um bilhete de apresentação, buscando trabalho.
- Esforços para conseguir um local no serviço de construção de um açude, típica obra emergencial em períodos de seca no Nordeste.
- Sua fome, cansaço e o fato de estar em busca de melhores condições, coerente com a condição do retirante.
Essa descrição está em plena conformidade com o Manual de Redação da Presidência da República, que recomenda a fidelidade ao texto e coerência interpretativa.
Análise das alternativas incorretas:
- B) Cangaceiro: Não há, no texto ou na obra, qualquer referência a Chico Bento ser fora da lei ou membro de bando armado.
- C) Responsável pela segurança: O texto mostra Chico Bento como um vaqueiro em busca de trabalho, não como capataz ou segurança.
- D) Filho mais velho que abandona a família: Trai o enredo, pois Chico Bento é visto como chefe familiar que busca sustento para seus, não alguém que os abandona.
- E) Proprietário de terras: O texto evidencia que Chico Bento é trabalhador braçal, não dono de fazenda.
Estratégias de interpretação: Foque em palavras-chave (ex: “vaqueiro”, “fome”, “conseguiu obter o ambicionado lugar no açude”) e contexto histórico (seca de 1915), evitando distrações com alternativas que trazem elementos não presentes no texto. Atenção às pegadinhas: propostas alternativas com ações ou características extraídas de outros contextos do sertão nordestino podem confundir, mas não têm base textual.
Resumo: A alternativa A é correta porque se apoia tanto na explicitação do texto quanto na análise da obra completa, obedecendo aos princípios de coerência e fidelidade textual destacados por gramáticos como Cunha & Cintra. Saiba sempre distinguir entre dados do texto e invenções das alternativas.
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