Leia o trecho a seguir:
A partir da sua condição social de mulher, negra, favelada, catadora de lixo e mãe solteira, Carolina Maria
de Jesus, em Quarto de despejo, compôs um angustiante retrato do Brasil em meados do século XX. Para
isso, utilizou de figuras de linguagem como metáforas, metonímias, comparações, analogias e ironias, que,
somadas à sua coloquialidade, consolidaram uma das manifestações mais representativas do lirismo
presente na fala do povo brasileiro.
Entre as citações abaixo, retiradas de Quarto de despejo, ASSINALE aquela que NÃO apresenta
linguagem figurada.
Gabarito comentado
TEMA CENTRAL: Figuras de linguagem — recursos estilísticos que atribuem ao texto maior expressividade, deslocando palavras do sentido literal para o figurado. Saber diferenciá-las é fundamental para interpretar textos literários, especialmente em exames vestibulares.
ANÁLISE DA ALTERNATIVA CORRETA (C):
C) “Quando eu era menina o meu sonho era ser homem para defender o Brasil porque eu lia a História do Brasil e ficava sabendo que existia guerra. Só lia os nomes masculinos como defensores da pátria”.
Este trecho está em linguagem literal: apresenta narrativa direta, sem desvios de sentido, comparações implícitas, exageros, personificações ou jogos de palavras. O relato é objetivo e fiel ao sentido comum das palavras, sem recursos de linguagem figurada.
REGRA ENVOLVIDA: Segundo Evanildo Bechara (Moderna Gramática Portuguesa), “linguagem figurada é o emprego de palavras e expressões além de seu sentido denotativo, visando maior expressividade”. A alternativa correta é aquela sem figura de linguagem, ou seja, está em sentido denotativo (literal).
ANÁLISE DAS ALTERNATIVAS INCORRETAS:
A) “A fome também é professora.” — Personificação (prosopopeia): atribui qualidade humana (“professora”) a um conceito abstrato (“fome”).
B) “Eu estou ao lado do pobre, que é o braço. Braço desnutrido.” — Metáfora: “pobre” é metaforicamente chamado de “braço”, generalizando-o como força de trabalho, e “braço desnutrido” intensifica essa metáfora.
D) “Tenho a impressão que estou na sala de visita ... tenho a impressão que sou um objeto fora de uso, digno de estar num quarto de despejo.” — Metáfora/Analogia: a cidade é comparada a uma “sala de visita”; a autora compara a si mesma a um “objeto fora de uso”, reforçando o sentido figurado.
DICA DE PROVA:
Evite confundir crítica social ou juízo subjetivo com figura de linguagem. Analise sempre se as palavras estão sendo usadas fora do seu sentido habitual, buscando metáforas, comparações ou personificações.
ESTRATÉGIA:
Diante de enunciados com “NÃO apresenta linguagem figurada”, busque a alternativa mais objetiva e literal, sem desvios estilísticos.
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