Questão ad1bb2fe-be
Prova:ENEM 2007
Disciplina:História
Assunto:Brasil Monárquico – Primeiro Reinado 1822- 1831, História do Brasil, Processo de Independência: dos movimentos nativistas à libertação de Portugal

Após a Independência, integramo-nos como exportadores de produtos primários à divisão internacional do trabalho, estruturada ao redor da Grã-Bretanha. O Brasil especializou-se na produção, com braço escravo importado da África, de plantas tropicais para a Europa e a América do Norte. Isso atrasou o desenvolvimento de nossa economia por pelo menos uns oitenta anos. Éramos um país essencialmente agrícola e tecnicamente atrasado por depender de produtores cativos. Não se poderia confiar a trabalhadores forçados outros instrumentos de produção que os mais toscos e baratos. O atraso econômico forçou o Brasil a se voltar para fora. Era do exterior que vinham os bens de consumo que fundamentavam um padrão de vida “civilizado”, marca que distinguia as classes cultas e “naturalmente” dominantes do povaréu primitivo e miserável. (...) E de fora vinham também os capitais que permitiam iniciar a construção de uma infra- estrutura de serviços urbanos, de energia, transportes e comunicações.

Paul Singer. Evolução da economia e vinculação internacional. In: I. Sachs; J. Willheim; P. S. Pinheiro (Orgs.). Brasil: um século de transformações. São Paulo: Cia. das Letras, 2001, p. 80.

Levando-se em consideração as afirmações acima, relativas à estrutura econômica do Brasil por ocasião da independência política (1822), é correto afirmar que o país

A
se industrializou rapidamente devido ao desenvolvimento alcançado no período colonial.
B
extinguiu a produção colonial baseada na escravidão e fundamentou a produção no trabalho livre.
C
se tornou dependente da economia européia por realizar tardiamente sua industrialização em relação a outros países.
D
se tornou dependente do capital estrangeiro, que foi introduzido no país sem trazer ganhos para a infra- estrutura de serviços urbanos.
E
teve sua industrialização estimulada pela Grã-Bretanha, que investiu capitais em vários setores produtivos.

Gabarito comentado

Eulália FerreiraEx-Coordenadora de História do Colégio Pedro II (RJ), Mestra em Relações Internacionais (PUC-Rio) e Profª com o título "Notório Saber" pelo Colégio Pedro II (RJ)
Apesar de sofrer uma interferência bastante significativa da Grã-Bretanha, durante o século XIX, não podemos desconsiderar nossas especificidades históricas. É bastante comum encontrar em livros didáticos proposições defendendo que a independência do Brasil foi fruto do auxílio inglês. E que só comerciávamos com ingleses. A Guerra do Paraguai teria sido deflagrada por conta do interesse inglês em desmontar a autonomia paraguaia ( o que não é efetivamente uma “verdade” com comprovação histórica).  É preciso prestar bastante atenção para não incorrer nesta vertente de análise de forma acrítica.
                Este “vício” de análise pode levar à equívocos quanto à resposta da questão proposta, induzindo o erro e a marcação das opções ou D ou E como corretas.
                Lendo atentamente o texto não fica difícil determinar que a opção correta é a de letra C. Basta também lembrar que a independência do Brasil não trouxe o final da escravidão e que o período colonial não foi marcado por um desenvolvimento que criasse infra-estrutura capaz de sustentar um boom industrial.

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