A expansão da política neoliberal ocorreu no âmbito da crise
do socialismo real, que se desdobrou na dissolução da União
Soviética.
Em relação a esse processo, pode-se inferir que
Nas últimas décadas do século 20, a expressão
“neoliberalismo” passou a fazer parte não só do
dia a dia de economistas, mas, também, do
noticiário jornalístico, que difundiu o termo para
toda a sociedade. Obviamente, para haver um
“neoliberalismo”, é preciso que tenha havido,
anteriormente, um “liberalismo”, doutrina
econômica que tem suas bases em autores
clássicos, como o filósofo escocês Adam Smith.
“O liberalismo vem do individualismo. As três
questões básicas do liberalismo são a garantia
da propriedade privada, a garantia dos excedentes
monetários e a liberdade de usar os excedentes
monetários, para qual se usa a doutrina de Adam
Smith”, diz o professor do Departamento de
Ciências Sociais da Universidade do Estado do
Rio de Janeiro (Uerj), Valter Duarte Ferreira Filho.
(LIBERALISMO... 2016).
Gabarito comentado
Alternativa correta: E
Tema central: a pergunta trata das causas que motivaram a tentativa de modernização econômica da União Soviética na década de 1980 — especialmente a Perestroika — e relaciona esse processo aos problemas do Estado soviético (gastos militares, ineficiência econômica, crise do socialismo real).
Resumo teórico: a administração de M. Gorbachev (a partir de 1985) lançou duas políticas-chave: Perestroika (reforma econômica e administrativa) e Glasnost (transparência política). A urgência das reformas veio da combinação entre uma economia central planejada estagnada, baixa produtividade industrial, ineficiências sistêmicas e pesados gastos militares decorrentes da Guerra Fria (ver Archie Brown, The Gorbachev Factor, 1996; Service, A History of Modern Russia).
Por que a alternativa E está correta: ela identifica fatores reais e correlacionados ao início da Perestroika — excessivos gastos militares e ineficiência econômica — que pressionaram o governo a procurar modernizar a economia. Essas pressões são reconhecidas pela historiografia como causas centrais para a abertura e reformas de Gorbachev.
Análise das alternativas incorretas:
A — incorreta: atribui o colapso ao déficit por gastos sociais. Na URSS havia forte provisão de serviços públicos; a crise decorreu sobretudo da ineficiência produtiva, tecnologia defasada e estrutura burocrática, não de "gastos sociais" semelhantes aos déficits fiscais de economias de mercado.
B — incorreta: a derrota no Afeganistão (1979–1989) fragilizou a imagem militar e consumiu recursos, mas não provocou diretamente a revolta em todas as repúblicas nem foi a causa única das declarações de independência.
C — incorreta: confunde conceitos. Glasnost era abertura política; a privatização em larga escala só ocorreu após o colapso, na transição dos anos 1990 sob Yeltsin. Perestroika introduziu reformulações, não imediata privatização massiva seguida de revolta que derrubou o governo.
D — incorreta: não há base histórica para afirmar que uma ameaça de invasão dos EUA, em razão do apoio soviético à Revolução Islâmica no Irã, foi responsável pelo colapso. A URSS não apoiou essa revolução de forma decisiva, e a crise foi interna e sistêmica, não fruto de ameaça de invasão externa.
Dica de interpretação: ao resolver, identifique palavras-chave (Perestroika, Glasnost, gastos militares, Afganistão, privatização) e coloque-as na linha do tempo (década de 1980; Gorbachev). Desconfie de alternativas que misturam causalidades óbvias com fatos anacrônicos ou que invertam responsabilidades (ex.: atribuir privatização a Glasnost).
Fontes sugeridas: Archie Brown, The Gorbachev Factor (1996); Robert Service, A History of Modern Russia.
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