Leia o texto a seguir.
Antes de partir, o príncipe-regente recomendara que o exército francês fosse recebido em boa paz. Parecia uma
veleidade qualquer tentativa de oposição às forças de Napoleão, cujo imenso poder triunfava por toda a Europa.
O exército atravessou o país sem encontrar nenhuma resistência, nem organizada, nem popular.
SARAIVA, José Hermano. História concisa de Portugal. Lisboa: Publicações Europa-América, 1996. p. 267.
O maior desafio ao citado “triunfo de Napoleão por toda Europa” foi a forte resistência mantida pela Inglaterra,
que envolveu Portugal no conflito ao
Gabarito comentado
Alternativa correta: A
Tema central: as consequências da política continental de Napoleão (o Bloqueio Continental) e a resistência britânica que levou Portugal a ser envolvido nas Guerras Napoleônicas. É preciso relacionar causa (a pressão inglesa) e efeito (a intervenção francesa em Portugal).
Resumo teórico: Napoleão tentou sufocar a economia britânica proibindo seus parceiros comerciais de negociar com a Inglaterra — o chamado Bloqueio Continental (a partir de 1806). A Grã-Bretanha, dominante no mar, reagiu mantendo comércio e pressionando aliados de sua rede para romper o bloqueio. Portugal, historicamente ligado ao comércio britânico, recusou-se a aderir ao Bloqueio; isso forneceu pretexto para a invasão francesa de 1807 e para a transferência da corte portuguesa para o Brasil. (Ver: José Hermano Saraiva, História concisa de Portugal; entradas sobre Napoleonic Wars / Continental System na Encyclopaedia Britannica.)
Por que A está correta: a Inglaterra resistia economicamente e diplomaticamente ao Bloqueio Continental e pediu a Portugal que não o cumprisse, a fim de manter sua rota e comércio. Essa posição britânica colocou Portugal em rota de colisão com as exigências francesas, sendo uma das causas diretas da ocupação francesa. Logo, a melhor síntese do envolvimento de Portugal é justamente a exigência de não adesão ao Bloqueio.
Análise das alternativas incorretas:
B — Errada. O exílio de Napoleão em Santa Helena ocorreu após sua derrota em 1815 e foi decisão britânica em coordenação com potências europeias, não uma ação que vinculou Portugal ao conflito no início das Guerras Napoleônicas.
C — Errada. A participação portuguesa em forças contra Napoleão não foi resultado direto de incentivo inglês para alistamento de jovens; o envolvimento decorreu de dinâmicas diplomáticas e militares (invasão francesa e presença britânica), não dessa medida específica.
D — Errada. A sugestão de negociar com a França usando o príncipe-regente não descreve a ação inglesa citada; além disso, a reação foi mais coercitiva (pressões diplomáticas/econômicas e ações militares) do que indicação de negociador português.
E — Errada. Naufragar um navio francês seria um ato isolado de hostilidade; não representa a política sistemática britânica de resistência que envolveu Portugal, nem é historicamente o fator-chave do texto.
Dica de prova: Num enunciado que relaciona países e “resistência” à hegemonia napoleônica, busque palavras-chave como Bloqueio Continental, Marinha britânica, e transferência da corte. Pergunte-se: qual ação britânica teria levado Portugal a conflito com a França? Isso elimina alternativas que são anacrônicas ou muito pontuais.
Fontes: José Hermano Saraiva, História concisa de Portugal; Encyclopaedia Britannica — artigos sobre Continental System e Napoleonic Wars.
Gostou do comentário? Deixe sua avaliação aqui embaixo!





