Questão a5b6eec8-e0
Prova:
Disciplina:
Assunto:
Sobre o texto ―História de um nome‖, podemos afirmar que:
Sobre o texto ―História de um nome‖, podemos afirmar que:
História de um nome
No capítulo dos nomes difíceis têm acontecido coisas das mais pitorescas. Ou é um
camarada chamado Mimoso, que tem físico de mastodonte, ou é um sujeito fraquinho e
insignificante chamado Hércules. Os nomes difíceis, principalmente os nomes tirados
de adjetivos condizentes com seus portadores, são raríssimos, e é por isso que minha
avó a paterna - dizia:
- Gente honesta, se for homem deve ser José, se for mulher, deve ser Maria!
É verdade que Vovó não tinha nada contra os joões, paulos, mários, odetes e - vá lá -
fidélis. A sua implicância era, sobretudo, com nomes inventados, comemorativos de um
acontecimento qualquer, como era o caso, muito citado por ela, de uma tal Dona
Holofotina, batizada no dia em que inauguraram a luz elétrica na rua em que a família
morava.
Acrescente-se também que Vovó não mantinha relações com pessoas de nomes tirados
metade da mãe e metade do pai. Jamais perdoou a um velho amigo seu - o "Seu"
Wagner - porque se casara com uma senhora chamada Emília, muito respeitável, aliás,
mas que tivera o mau-gosto de convencer o marido de batizar o primeiro filho com o
nome leguminoso de Wagem - "wag" de Wagner e "em" de Emília. É verdade que a
vagem comum, crua ou ensopada, será sempre com "v", enquanto o filho de "Seu"
Wagner herdara o "w" do pai.
Mas isso não tinha nenhuma importância: a consoante
não era um detalhe bastante forte para impedir o risinho gozador de todos aqueles que
eram apresentados ao menino Wagem.
Mas deixemos de lado as birras de minha avó - velhinha que Deus tenha, em Sua santa
glória - e passemos ao estranho caso da família Veiga, que morava pertinho de nossa
casa, em tempos idos.
"Seu" Veiga, amante de boa leitura e cuja cachaça era colecionar livros, embora
colecionasse também filhos, talvez com a mesma paixão, levou sua mania ao extremo
de batizar os rebentos com nomes que tivessem relação com livros. Assim, o mais velho
chamou-se Prefácio da Veiga; o segundo, Prólogo; o terceiro, Índice e, sucessivamente,
foram nascendo o Tomo, o Capítulo e, por fim, Epílogo da Veiga, caçula do casal.
Lembro-me bem dos filhos de "Seu" Veiga, todos excelentes rapazes, principalmente o
Capítulo, sujeito prendado na confecção de balões e papagaios. Até hoje (é verdade que
não me tenho dedicado muito na busca) não encontrei ninguém que fizesse um papagaio
tão bem quanto Capítulo. Nem balões. Tomo era um bom extrema-direita e Prefácio
pegou o vício do pai - vivia comprando livros. Era, aliás, o filho querido de "Seu"
Veiga, pai extremoso, que não admitia piadas. Não tinha o menor senso de humor. Certa
vez ficou mesmo de relações estremecidas com meu pai, por causa de uma brincadeira.
"Seu" Veiga ia passando pela nossa porta, levando a família para o banho de mar. Iam
todos armados de barracas de praia, toalhas etc. Papai estava na janela e, ao saudá-lo,
fez a graça:
- Vai levar a biblioteca para o banho? "Seu" Veiga ficou queimado durante muito
tempo.
Dona Odete - por alcunha "A Estante" - mãe dos meninos, sofria o desgosto de ter
tantos filhos homens e não ter uma menina "para me fazer companhia" - como
costumava dizer. Acreditava, inclusive, que aquilo era castigo de Deus, por causa da
ideia do marido de botar aqueles nomes nos garotos. Por isso, fez uma promessa: se
ainda tivesse uma menina, havia de chamá-la Maria.
As esperanças já estavam quase perdidas. Epílogozinho já tinha oito anos, quando a
vontade de Dona Odete tornou-se uma bela realidade, pesando cinco quilos e mamando
uma enormidade. Os vizinhos comentaram que "Seu" Veiga não gostou, ainda que se
conformasse, com a vinda de mais um herdeiro, só porque já lhe faltavam palavras
relacionadas a livros para denominar a criança.
Só meses depois, na hora do batizado, o pai foi informado da antiga promessa. Ficou
furioso com a mulher, esbravejou, bufou, mas - bom católico - acabou concordando em
parte. E assim, em vez de receber somente o nome suave de Maria, a garotinha foi
registrada, no livro da paróquia, após a cerimônia batismal, como Errata Maria da
Veiga.
Estava cumprida a promessa de Dona Odete, estava de pé a mania de "Seu" Veiga.
(disponível em http://www.releituras.com/spontepreta_nome.asp acesso em 30/08/2012).
História de um nome
No capítulo dos nomes difíceis têm acontecido coisas das mais pitorescas. Ou é um
camarada chamado Mimoso, que tem físico de mastodonte, ou é um sujeito fraquinho e
insignificante chamado Hércules. Os nomes difíceis, principalmente os nomes tirados
de adjetivos condizentes com seus portadores, são raríssimos, e é por isso que minha
avó a paterna - dizia:
- Gente honesta, se for homem deve ser José, se for mulher, deve ser Maria!
É verdade que Vovó não tinha nada contra os joões, paulos, mários, odetes e - vá lá -
fidélis. A sua implicância era, sobretudo, com nomes inventados, comemorativos de um
acontecimento qualquer, como era o caso, muito citado por ela, de uma tal Dona
Holofotina, batizada no dia em que inauguraram a luz elétrica na rua em que a família
morava.
Acrescente-se também que Vovó não mantinha relações com pessoas de nomes tirados
metade da mãe e metade do pai. Jamais perdoou a um velho amigo seu - o "Seu"
Wagner - porque se casara com uma senhora chamada Emília, muito respeitável, aliás,
mas que tivera o mau-gosto de convencer o marido de batizar o primeiro filho com o
nome leguminoso de Wagem - "wag" de Wagner e "em" de Emília. É verdade que a
vagem comum, crua ou ensopada, será sempre com "v", enquanto o filho de "Seu"
Wagner herdara o "w" do pai.
Mas isso não tinha nenhuma importância: a consoante
não era um detalhe bastante forte para impedir o risinho gozador de todos aqueles que
eram apresentados ao menino Wagem.
Mas deixemos de lado as birras de minha avó - velhinha que Deus tenha, em Sua santa
glória - e passemos ao estranho caso da família Veiga, que morava pertinho de nossa
casa, em tempos idos.
"Seu" Veiga, amante de boa leitura e cuja cachaça era colecionar livros, embora
colecionasse também filhos, talvez com a mesma paixão, levou sua mania ao extremo
de batizar os rebentos com nomes que tivessem relação com livros. Assim, o mais velho
chamou-se Prefácio da Veiga; o segundo, Prólogo; o terceiro, Índice e, sucessivamente,
foram nascendo o Tomo, o Capítulo e, por fim, Epílogo da Veiga, caçula do casal.
Lembro-me bem dos filhos de "Seu" Veiga, todos excelentes rapazes, principalmente o
Capítulo, sujeito prendado na confecção de balões e papagaios. Até hoje (é verdade que
não me tenho dedicado muito na busca) não encontrei ninguém que fizesse um papagaio
tão bem quanto Capítulo. Nem balões. Tomo era um bom extrema-direita e Prefácio
pegou o vício do pai - vivia comprando livros. Era, aliás, o filho querido de "Seu"
Veiga, pai extremoso, que não admitia piadas. Não tinha o menor senso de humor. Certa
vez ficou mesmo de relações estremecidas com meu pai, por causa de uma brincadeira.
"Seu" Veiga ia passando pela nossa porta, levando a família para o banho de mar. Iam
todos armados de barracas de praia, toalhas etc. Papai estava na janela e, ao saudá-lo,
fez a graça:
- Vai levar a biblioteca para o banho? "Seu" Veiga ficou queimado durante muito
tempo.
Dona Odete - por alcunha "A Estante" - mãe dos meninos, sofria o desgosto de ter
tantos filhos homens e não ter uma menina "para me fazer companhia" - como
costumava dizer. Acreditava, inclusive, que aquilo era castigo de Deus, por causa da
ideia do marido de botar aqueles nomes nos garotos. Por isso, fez uma promessa: se
ainda tivesse uma menina, havia de chamá-la Maria.
As esperanças já estavam quase perdidas. Epílogozinho já tinha oito anos, quando a
vontade de Dona Odete tornou-se uma bela realidade, pesando cinco quilos e mamando
uma enormidade. Os vizinhos comentaram que "Seu" Veiga não gostou, ainda que se
conformasse, com a vinda de mais um herdeiro, só porque já lhe faltavam palavras
relacionadas a livros para denominar a criança.
Só meses depois, na hora do batizado, o pai foi informado da antiga promessa. Ficou
furioso com a mulher, esbravejou, bufou, mas - bom católico - acabou concordando em
parte. E assim, em vez de receber somente o nome suave de Maria, a garotinha foi
registrada, no livro da paróquia, após a cerimônia batismal, como Errata Maria da
Veiga.
Estava cumprida a promessa de Dona Odete, estava de pé a mania de "Seu" Veiga.
(disponível em http://www.releituras.com/spontepreta_nome.asp acesso em 30/08/2012).
A
O texto trata diretamente de um problema muito comum em algumas regiões do
Brasil, nas quais as pessoas não têm bom senso na hora de escolher os nomes
para seus filhos.
B
Por se tratar de uma história fictícia, o texto fica aberto para mais de uma
interpretação.
C
Seu Veiga ficou triste com a notícia de que teria mais um filho, tendo em vista a
falta de recursos financeiros.
D
Dona Odete queria mais um filho porque a sua paixão por livros era semelhante
à paixão de seu Veiga e, assim, queria poder sugerir um nome que tivesse
relação com alguma parte de livro também.
E
O texto se limita a dizer que Dona Odete desejava ter uma filha, mas não
especifica as razões de seu desejo.