Por que é bela a arte? Por que é inútil. Porque é feia a vida?
Por que é toda fins e propósitos e intenções. (Fernando Pessoa)
De acordo com o pensamento de Fernando Pessoa.
Gabarito comentado
Resposta correta: Alternativa A
Tema central: a questão trata da autonomia da arte — a ideia de que o valor estético não se mede por fins práticos. Compreender esse tema exige familiaridade com noções de estética (especialmente a diferença entre fins práticos e valor puramente estético) e com leituras de autores como Kant e a doutrina "art for art's sake".
Resumo teórico: na tradição estética, afirma-se que a beleza artística não precisa ser útil para ter valor. Kant fala em "finalidade sem fim" (Crítica do Juízo): o juízo estético aprecia a forma sem submetê‑la a um propósito prático. A expressão "l'art pour l'art" (Théophile Gautier) reforça a ideia de que a arte pode ser valorizada por si mesma, independentemente de utilidade social ou ética.
Justificativa da alternativa A: A alternativa A diz que a arte é inútil porque não tem fins e propósitos definidos e deve ser apreciada por si só — exatamente o que o trecho de Pessoa indica: a beleza da arte advém de sua inutilidade, em contraste com a vida, que é "toda fins e propósitos". Logo, A captura corretamente a oposição central do enunciado entre valor estético autônomo e finalidade prática da vida.
Análise das demais alternativas:
B — incorreta: reduz a “feiúra” da vida a uma limitação subjetiva (falta de percepção da arte). Pessoa fala de uma diferença estrutural: a vida é orientada por fins; não é apenas uma questão de percepção individual.
C — incorreta: afirma que a arte existe para imitar a vida por necessidade de subsistência — trata-se de uma visão mimética e utilitarista (arte como instrumento), oposta ao sentido do verso que valoriza a inutilidade da arte.
D — incorreta: “dimensões paralelas” sugere completa independência; o poema contrapõe explicitamente arte e vida para mostrar seu valor distinto — não uma separação que elimina relação comparativa.
E — incorreta: atribui a criação artística apenas ao crítico especializado, negando o juízo do público em geral — leitura elitista que não decorre do trecho e contradiz a afirmação sobre a própria natureza da arte.
Dica de resolução: ao enfrentar enunciados literários/filosóficos, identifique palavras-chave (aqui: inútil, fins, propósitos) e relacione com conceitos estéticos clássicos (autonomia da arte, finalidade sem fim). Elimine alternativas que transformam o sentido metafísico em juízo meramente subjetivo ou utilitário.
Referências sugeridas: Immanuel Kant, Crítica do Juízo; textos sobre "l'art pour l'art"; obras poéticas de Fernando Pessoa.
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