Questão a310e1ad-b6
Prova:ENEM 2019, ENEM 2019
Disciplina:Português
Assunto:Interpretação de Textos, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

Você vende uma casa, depois de ter morado nela durante anos; você a conhece necessariamente melhor do que qualquer comprador possível. Mas a justiça é, então, informar o eventual comprador acerca de qualquer defeito, aparente ou não, que possa existir nela, e mesmo, embora a lei não obrigue a tanto, acerca de algum problema com a vizinhança. E, sem dúvida, nem todos nós fazemos isso, nem sempre, nem completamente.
Mas quem não vê que seria justo fazê-lo e que somos injustos não o fazendo? A lei pode ordenar essa informação ou ignorar o problema, conforme os casos; mas a justiça sempre manda fazê-lo.
Dir-se-á que seria difícil, com tais exigências, ou pouco vantajoso, vender casas... Pode ser. Mas onde se viu a justiça ser fácil ou vantajosa? Só o é para quem a recebe ou dela se beneficia, e melhor para ele; mas só é uma virtude em quem a pratica ou a faz.
Devemos então renunciar nosso próprio interesse? Claro que não. Mas devemos submetê-lo à justiça, e não o contrário. Senão? Senão, contente-se com ser rico e não tente ainda por cima ser justo.
COMTE-SPONVILLE, A. Pequeno tratado das grandes virtudes. São Paulo: Martins Fontes, 1995.

No processo de convencimento do leitor, o autor desse texto defende a ideia de que

A
o interesse do outro deve se sobrepor ao interesse pessoal.
B
a atividade comercial lucrativa é incompatível com a justiça.
C
a criação de leis se pauta por princípios de justiça.
D
o impulso para a justiça é inerente ao homem.
E
a prática da justiça pressupõe o bem comum.

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