Para Jean Paul Sartre, filósofo existencialista contemporâneo, a liberdade não é uma escolha, pois o ser humano está “condenado a ser livre”. Assinale a alternativa mais adequada para fundamentar a concepção sartreana de liberdade.

A liberdade se impõe ao homem, pois a sua natureza determinada o faz um ser limitado frente ao poder de Deus e as forças naturais.

A vida humana se assemelha à vida de uma planta, cujo futuro já está escrito na semente, o que corresponde a compreender que Deus já determinou a essência de cada pessoa desde o seu nascimento.

O ser humano não está sujeito ao determinismo, ou seja, o seu ser não lhe é dado pronto e ele necessita, a cada momento, fazer escolhas a partir das quais vai construindo a sua essência, o seu ser, ou seja, o homem está obrigado a decidir o que fazer de si.

Ser livre é o mesmo que ser condenado, pois o destino da humanidade é avançar rumo ao aperfeiçoamento, com vistas à construção de um mundo melhor.

Condenação e liberdade andam juntas porque, ao ser livre, o homem está sujeito ao erro que o leva à condenação.

Gabarito comentado

Manuela Cardoso Monitor do Qconcursos

Alternativa correta: C

Tema central: a concepção sartreana de liberdade — ou seja, a ideia de que a existência precede a essência e que o ser humano está "condenado a ser livre". É necessário entender termos-chave: existência, essência, liberdade, angústia e responsabilidade.

Resumo teórico: Para Jean-Paul Sartre (ver Being and Nothingness, 1943; Existentialism Is a Humanism, 1946), não existe uma natureza humana pré-dada que determine escolhas. Primeiro existimos (existência) e só depois definimos quem somos por meio de atos e escolhas (essência). A liberdade é inescapável: mesmo a omissão é uma escolha. Essa liberdade gera angústia porque cada escolha responsabiliza o indivíduo não só por si, mas por uma concepção de humanidade implícita na escolha.

Justificativa da alternativa C: A alternativa C expressa precisamente a tese sartreana: o homem não tem um ser pronto e precisa constantemente escolher, construindo sua essência. A frase "obrigado a decidir o que fazer de si" captura a ideia de liberdade como condição inevitável e responsabilidade contínua — por isso Sartre fala em "condenação" à liberdade.

Análise das alternativas incorretas:

A — Incorreta. Afirma que a liberdade se impõe porque a natureza determinada limita o homem frente a Deus e forças naturais. Sartre nega essências dadas por Deus; não aceita determinação teísta ou naturalista que retire a criação da essência pelo sujeito.

B — Incorreta. Compara o ser humano a uma planta cuja essência já estaria escrita. Isso é a posição oposta a Sartre: corresponde a uma visão essencialista ou teísta (essência anterior à existência).

D — Incorreta. Mistura liberdade com teleologia (destino de aperfeiçoamento humano). Sartre não defende um progresso teleológico da humanidade; para ele, escolhas são contingentes e sem finalidade pré-determinada.

E — Incorreta. Afirma que condenação e liberdade andam juntas porque a liberdade leva ao erro e à condenação. Embora Sartre reconheça a angustiante responsabilidade e possibilidade de má-fé, sua ênfase não é que liberdade significa necessariamente erro/condenação moral — mas que implica responsabilidade radical.

Estratégia de prova: Procure palavras-chave: "essência", "existência", "condenado a ser livre", "responsabilidade". Elimine alternativas que assumem Deus, determinismo ou teleologia — são contrárias ao existencialismo sartreano.

Fontes recomendadas: Jean-Paul Sartre, Being and Nothingness; Existentialism Is a Humanism; Stanford Encyclopedia of Philosophy — entradas sobre Existentialism.

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