Questão 9fdad24a-fd
Prova:UNICENTRO 2018
Disciplina:Filosofia
Assunto:

Do ponto de vista das reflexões filosóficas contemporâneas sobre o que foi a chamada Idade Média, é correto afirmar:

A
Constituiu-se num período em que o saber não evoluiu, representando uma “longa noite de mil anos”.
B
Foi um período em que o saber filosófico esteve atrelado ao saber religioso, tendo a filosofia como “serva” da teologia, ou seja, um saber voltado a fundamentar racionalmente os dogmas da fé.
C
Foi um período em que Santo Tomás de Aquino liderou a Filosofia Patrística e Santo Agostinho liderou a Escolástica.
D
Foi um período que ficou na média por ter preservado o saber greco-romano da destruição causada pela Santa Inquisição.
E
Foi uma importante era da história da humanidade em que René Descartes e Galileu Galilei lançaram as bases da ciência moderna, em contraposição ao teocentrismo do pensamento grego.

Gabarito comentado

M
Manuela Cardoso Monitor do Qconcursos

Alternativa correta: B

Tema central: trata-se da caracterização da Idade Média segundo reflexões filosóficas contemporâneas. É preciso conhecer o papel da filosofia medieval, sua relação com a teologia e corrigir mitos populares (como a “idade das trevas”).

Resumo teórico sucinto: na maior parte da Alta e Baixa Idade Média a filosofia desenvolveu-se principalmente em contexto teológico. A expressão latina philosophia ancilla theologiae (a filosofia como “serva” da teologia) resume a orientação dominante: a razão era usada para compreender, esclarecer e sistematizar os conteúdos da fé (ex.: Santo Agostinho, Tomás de Aquino). Ao mesmo tempo, houve significativo avanço institucional e intelectual (escolas monásticas, universidades, recepção de Aristóteles via árabes e bizantinos).

Fontes-referência: para aprofundar, veja Etienne Gilson, Marcia Colish e obras de Santo Tomás de Aquino (Summa Theologica) e Santo Agostinho (Confissões).

Justificativa da alternativa B: afirma precisamente que a filosofia medieval esteve fortemente articulada à religião, desempenhando função de fundamentar racionalmente dogmas e auxiliar a teologia — ideia central aceita pela historiografia contemporânea. A alternativa usa o sentido correto da relação entre filosofia e teologia naquele período.

Análise das alternativas incorretas:

A — mito da “longa noite de mil anos”. Rejeitado pela historiografia moderna: houve continuidade e desenvolvimento do saber (manuscritos, universidades, tradução de clássicos).

C — erro de enquadramento cronológico e conceitual: Santo Agostinho é figura da Patrística (séculos IV–V) e Tomás de Aquino é ícone da Escolástica medieval (século XIII). A alternativa inverte papéis e confunde escolas.

D — incorreta: a preservação do legado greco-romano deve-se a mosteiros, ao mundo islâmico e a Bizâncio, não a uma ação preservadora da Inquisição; além disso, a Inquisição aparece mais tarde e com finalidades distintas.

E — deslocamento temporal: Descartes e Galileu são iluministas/iniciadores da ciência moderna (século XVII), não medievais. Além disso, a oposição proposta (modernidade vs. “teocentrismo do pensamento grego”) simplifica e deturpa: o pensamento grego não é sinônimo de teocentrismo medieval.

Dica de prova: ao ver termos como “longa noite” ou paridade absoluta entre filosofia e teologia, busque anacronismos e generalizações; identificar ancilla theologiae é pista forte para respostas sobre a filosofia medieval.

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