Questão 9d4c61d0-5f
Prova:ENEM 2020
Disciplina:História
Assunto:História do Brasil, Processo de Independência: dos movimentos nativistas à libertação de Portugal

    O movimento sedicioso ocorrido na capitania de Pernambuco, no ano 1817, foi analisado de formas diferentes por dois meios de comunicação daquela época. O Correio Braziliense apontou para o fato de ser “a comoção no Brasil motivada por um descontentamento geral, e não por maquinações de alguns indivíduos". Já a Gazeta do Rio de Janeiro considerou o movimento como um "pontual desvio de norma, apenas uma 'mancha' nas 'páginas da História Portuguesa’, tão distinta pelos testemunhos de amor e respeito que os vassalos desta nação consagram ao seu soberano".

JANCSÔ. I. PIMENTA, J. P. Peças da um mosaico. In MOTA. C. G. (Org) Viagem Incompleta: a experiência brasileira (1500-2000) São Paulo; Senac. 2000 (adaptado).

Os fragmentos das matérias jornalísticas sobre o acontecimento, embora com percepções diversas, relacionam-se a um aspecto do processo de independência da colônia luso-americana expresso em dissensões entre

A
quadros dirigentes em tomo da abolição da ordem escravocrata.
B
grupos regionais acerca da configuração politico-territorial.
C
intelectuais laicos acerca da revogação do domínio eclesiástico.
D
homens livres em tomo da extensão do direito de voto.
E
elites locais acerca da ordenação do monopólio fundiário.

Gabarito comentado

Eulália FerreiraEx-Coordenadora de História do Colégio Pedro II (RJ), Mestra em Relações Internacionais (PUC-Rio) e Profª com o título "Notório Saber" pelo Colégio Pedro II (RJ)
O processo de libertação do Brasil em relação a Portugal normalmente é apresentado aos estudantes da escola básica como um processo rápido, pacífico e simples, liderado por um príncipe português - D. Pedro - em acordo com a elite territorial do país. Na verdade as guerras aconteceram após a proclamação oficial da independência por conta da diversidade entre as regiões brasileiras.
Os interesses eram diferentes em cada região havendo, incluso, aquelas onde a elite local não tinha grande interesse na separação entre a colônia e a metrópole. Não havia um conceito de “Brasil" e, também havia uma proposta de independência vinculada ao republicanismo e à abolição, que não interessava aos proprietários de escravos e terras.
As divergências eram bastante efetivas e justificam a diferença de interpretação acerca do movimento pernambucano de 1817 que esta expressa no trecho transcrito Entre as alternativas há aquela que indica uma das dissensões existentes à época 
A) INCORRETA – Um dos aspectos de consenso entre as classes dirigentes à época da independência era acerca da manutenção do sistema escravocrata, base do poder e da riqueza dos proprietários 
B) CORRETA- A configuração político - territorial era um ponto de divergência entre as regiões e, às vezes, entre proprietários de uma mesma região. 
C) INCORRETA- A questão do domínio eclesiástico em determinados setores da vida era discutida entre uma pequena elite de intelectuais laicos, de algumas regiões do que é hoje o Brasil. Mas, não é a razão das diferentes expressas no trecho apresentado na questão 
D) INCORRETA – Não havia ainda uma constituição em 1817. Na verdade nem mesmo um Estado brasileiro. Não havia nem mesmo uma constituição portuguesa. A que voto refere-se a alternativa? Não é a temática do trecho tampouco justifica as divergências no processo de independência. 
E) INCORRETA- As elites territoriais não divergiam acerca do monopólio da terra, pois a propriedade era determinada pela coroa portuguesa em 1817. 
Gabarito do Professor: Letra B.

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