Questão 9d3aa4fc-5f
Prova:
Disciplina:
Assunto:
Porque todos confessamos não se poder viver sem
alguns escravos, que busquem a lenha e a água, e
façam cada dia o pão que se come, e outros serviços
que não são possíveis poderem-se fazer pelos irmãos Jesuítas, máxime sendo tão poucos, que seria
necessário deixar as confissões e tudo mais. Parece-me que a Companhia de Jesus deve ter e adquirir
escravos, justamente, por meios que as Constituições
permitem, quando puder para nossos colégios e casas
de meninos.
LEITE. S. Historia da Companhia de Jesus no Brasil. Rio de Janeiro:
Civilização Brasileira, 1938 (adaptado).
O texto explicita premissas da expansão ultramarina
portuguesa ao buscar justificar a
Porque todos confessamos não se poder viver sem
alguns escravos, que busquem a lenha e a água, e
façam cada dia o pão que se come, e outros serviços
que não são possíveis poderem-se fazer pelos irmãos Jesuítas, máxime sendo tão poucos, que seria
necessário deixar as confissões e tudo mais. Parece-me que a Companhia de Jesus deve ter e adquirir
escravos, justamente, por meios que as Constituições
permitem, quando puder para nossos colégios e casas
de meninos.
LEITE. S. Historia da Companhia de Jesus no Brasil. Rio de Janeiro:
Civilização Brasileira, 1938 (adaptado).
O texto explicita premissas da expansão ultramarina
portuguesa ao buscar justificar a
A
propagação do ideário cristão.
B
valorização do trabalho braçal.
C
adoção do cativeiro na Colônia.
D
adesão ao ascetismo contemplativo.
E
alfabetização dos indígenas nas Missões.
Gabarito comentado
Eulália FerreiraEx-Coordenadora de História do Colégio Pedro II (RJ), Mestra em Relações Internacionais (PUC-Rio) e Profª com o título "Notório Saber" pelo Colégio Pedro II (RJ)
A colonização ibérica na América contou com apoio e colaboração da Igreja Católica. Enfrentando o movimento de Reformas em várias regiões da Europa, a Igreja Católica entendeu ser o movimento de expansão comercial marítima uma forma de, possivelmente, expandir a fé católica, equilibrando, assim, a perda de fiéis na Europa.
Nesta empreitada a Companhia de Jesus, mais conhecida como Ordem Jesuíta, teve papel crucial.
Foi bastante importante, pela ótica ibérica, a ação dos jesuítas – e outras ordens – no sentido de “pacificação dos nativos" . Ou seja, no trabalho de controlar grupos nativos, evitando, sempre que possível, ataques aos colonizadores.
No entanto, criaram, ao mesmo tempo, um poder paralelo ao das coroas, utilizando a mão de obra nativa em seu proveito e atuando contra a escravização dos nativos pelos brancos.
É fundamental, porém, observar que a Igreja Católica não se opunha à escravização de africanos. Os nativos eram considerados “puros, almas infantis" e, questionavam se os africanos teriam alma. Em relação a eles, a escravidão era válida e necessária para que os trabalhos braçais fossem feitos.
A questão não é difícil e trata de uma tema clássico no estudo de história do Brasil : escravidão.
Por conseguinte, o trecho justifica?
A) INCORRETA- A propagação do ideário cristão era, sim, um dos objetivos da Igreja Católica na América Ibérica mas, não é o que está expresso no trecho.
B) INCORRETA- Na verdade o trabalho braçal é desconsiderado e entendido como necessário mas não nobre. Daí a associação entre trabalho e grupos sociais despossuídos, que precisam trabalhar para sobreviver. Não é a toa que a palavra “ trabalho" em português e espanhol é derivada do latim “ tripalium" , uma ferramenta de três pernas que imobilizava cavalos e bois para serem ferrados. Era também o nome de um instrumento de tortura usado contra escravos e presos, que originou o verbo tripaliare cujo primeiro significado era "torturar".
C) CORRETA- O trecho mostra a justificativa para a utilização da mão de obra escrava para o trabalho na região colonial. A palavra “ cativa" está substituindo a palavra “ escrava", o que pode gerar dúvida, na medida em que “ cativo" pode não ser sinônimo de “ escravo".
D) INCORRETA- A alternativa está um pouco desconexa das outras alternativas e leva o raciocínio para outra faceta de análise que seria uma prática do clero católico que não se relaciona com atuação de jesuítas e outras ordens na América Ibérica.
E) INCORRETA- Nas missões jesuíticas havia a prática de procurar alfabetizar os nativos. Vê-se isso em toda a América Ibérica , entre os nativos do Império Azteca e na Região dos Sete Povos das Missões entre Brasil e Argentina. Porém , este não é o tema do trecho
.
Gabarito do Professor: Letra C.