Os reality shows são hoje para a classe mais abastada e intelectualizada da sociedade o que as novelas eram assim que se popularizaram como produto de cultura massificada: sinônimo de mau gosto. Com uma maior aceitação das novelas na esfera dos críticos da mídia, o reality show segue agora como gênero televisivo mundial, transmitido em horário nobre, e principal símbolo da perda de qualidade do conteúdo televisivo na sociedade pós-moderna. Os reality shows personificam as novas formas de identificação dos sujeitos nas sociedades pós-modernas. Programas como o BBB são movidos pelas engrenagens de uma sociedade exibicionista e consumista, que se mantém vendendo ao mesmo tempo a proposta de que cada um pode sair do anonimato e conquistar facilmente fama e dinheiro.

(Sávia Lorena B. C. de Sousa. O reality show como objeto de reflexão cultural. observatoriodaimprensa.com.br)

Sobre a relação entre os meios de comunicação de massa e o público consumidor, é correto afirmar que:

Tema central: a questão trata da relação entre meios de comunicação de massa e público consumidor, enfatizando como produtos televisivos — aqui, os reality shows — funcionam como mercadorias culturais que exploram processos emocionais e de identificação do público.

Resumo teórico (claro e progressivo): A teoria da indústria cultural (Adorno & Horkheimer) e estudos sobre cultura popular mostram que conteúdos massificados são produzidos com lógica mercadológica, visando audiência e lucro; por outro lado, Bourdieu explica como gostos e identidades são mediadas por capital cultural. Reality shows combinam espetáculo, consumo e emoção: produzem identificação, relações parasociais e mobilizam desejos de fama e consumo (fonte do texto: Sávia Lorena, Observatório da Imprensa).

Por que a alternativa B é correta? Reality shows são, antes de tudo, mercadorias culturais estruturadas para gerar engajamento emocional — climas de conflito, romance, empatia e schadenfreude — que mantêm audiência e vendem anúncios e produtos. Logo, afirmar que o reality é mercadoria ligada a processos emocionais do público está de acordo com as teorias da comunicação e com o trecho-base.

Análise das alternativas incorretas:

A — Incorreta. A qualidade da programação é, sim, condicionada por demandas de audiência e lógica mercadológica; programadores buscam conteúdos que gerem audiência e receita.

C — Incorreta. Critérios estéticos não são totalmente independentes do nível de autonomia intelectual: gostos são socialmente construídos (Bourdieu). A autonomia individual é limitada por oferta cultural e estruturas sociais.

D — Incorreta. Reality shows priorizam entretenimento, exposição e engajamento emocional, não a promoção da fruição estética no sentido clássico (apreciação estética autônoma e reflexiva).

E — Incorreta. Programadores priorizam audiência e lucro; conteúdos formativos são, em geral, secundários frente ao entretenimento comercial.

Dicas para resolver questões assim:

• Procure palavras-chave no enunciado (ex.: “mercadoria”, “identificação”, “consumista”) e relacione com teorias conhecidas.
• Desconfie de alternativas absolutistas que neguem influência do mercado sobre a programação.
• Use autores-guia: Adorno/Horkheimer (indústria cultural), Bourdieu (gosto e capital cultural), Debord (sociedade do espetáculo).

Referências sugeridas: Adorno & Horkheimer, The Dialectic of Enlightenment; Pierre Bourdieu, Distinction; Sávia Lorena, Observatório da Imprensa.

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