No Brasil atual, o chamado “Movimento Escola
Sem Partido” procura erradicar, por meio de
mecanismos legais (projetos de lei), temáticas
referentes ao conceito de “gênero” aplicadas ao
ensino de crianças e jovens. Esse movimento se
pauta por valores religiosos, tradicionais e de fundo
patriarcal na defesa das relações heterossexuais,
entendidas como sagradas e as únicas moralmente
corretas. Diferentemente, as Ciências Sociais
demonstram como o “gênero” é constituído por
aspectos socioculturais, históricos e psicológicos
diversos. Em termos simples, “ser homem”, “ser
mulher” ou “ser transgênero” depende da cultura e
da subjetividade individual. Além disso, desde o
início do século XXI, entidades como a Organização
das Nações Unidas (ONU) e a Organização dos
Estados Americanos (OEA) têm aprovado resoluções
diretivas para que se considere a “identidade de
gênero” e a “orientação sexual” como parte dos
Direitos Humanos (REIS e EGGERT, 2017).
REIS, T. e EGGERT, E., Ideologia de Gênero: uma falácia
construída sobre os planos de educação brasileiros,
Educação e Sociedade, vol. 38, nº 138,
janeiro-março 2017.
Tomando como referência o entendimento acima, é
correto concluir que
Gabarito comentado
Alternativa correta: C
Tema central: a questão trata da relação entre políticas educativas que promovem a diversidade sexual (incluindo identidade de gênero e orientação sexual) e os princípios dos Direitos Humanos. É preciso distinguir o discurso conservador do Movimento “Escola Sem Partido” (que busca restringir esse conteúdo) da base normativa internacional que reconhece direitos relacionados à diversidade sexual.
Resumo teórico útil: em Ciências Sociais, gênero é categoria sociocultural e histórica (não só biológica); identidades e orientações são protegidas por normas de direitos humanos. Fontes relevantes: Declaração Universal dos Direitos Humanos (1948) — princípios de igualdade e não discriminação —, Princípios de Yogyakarta (2007) sobre SOGI, e resoluções do Conselho de Direitos Humanos da ONU (ex.: Res. 17/19, 2011) que reconhecem a proteção contra discriminação por orientação sexual e identidade de gênero.
Justificativa da alternativa C (correta): afirmar que diretrizes institucionais que promovem a diversidade sexual atendem princípios da Declaração Universal dos Direitos Humanos é coerente: elas visam igualdade, dignidade e não discriminação — valores centrais da Declaração. Logo, a associação entre políticas de promoção da diversidade e os princípios dos Direitos Humanos é conceitualmente e normativamente correta.
Análise das alternativas incorretas:
A — incorreta: o Movimento Escola Sem Partido não “defende a ‘ideologia de gênero’”; pelo contrário, critica e busca excluir abordagens sobre gênero. Ou seja, atribui-se ao movimento uma posição oposta à real.
B — incorreta: grupos feministas e LGBTI, em geral, são críticos ao Escola Sem Partido porque este restringe debates sobre autonomia corporal e diversidade; não há concordância com esse movimento.
D — incorreta: o movimento é expressão de discurso conservador e religioso que entende “gênero” como algo fixo/biológico — não o interpreta como conceito cultural. Portanto a afirmação inverte a relação.
Dica de interpretação para provas: identifique termos-chave (ex.: “promovem”, “defendem”, “atendem princípios”) e relacione-os a conceitos sociológicos e a normas jurídicas reconhecidas. Desconfie de alternativas que invertem papéis (atribuir a um movimento o oposto do que faz) — é pegadinha frequente.
Fontes recomendadas para aprofundar: Declaração Universal dos Direitos Humanos (1948); Princípios de Yogyakarta (2007); relatórios do Conselho de Direitos Humanos da ONU sobre orientação sexual e identidade de gênero.
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