Atente para o seguinte excerto, em que o
autor, discutindo a significação social do filme,
identifica a liquidação do valor da tradição e a
deteriorização do que chamava de aura,
característica das obras de arte do passado:
“... a técnica reprodutiva desliga o reproduzido
do campo da tradição. Ao multiplicar a reprodução,
ela substitui sua existência única por uma existência
massiva. E, na medida em que ela permite à
reprodução ir ao encontro do espectador em sua
situação particular, atualiza o reproduzido. Ambos
os processos levam a um abalo violento do que é
transmitido – um abalo da tradição, que é o outro
lado da crise e da renovação atuais da humanidade.
Ambos se põem em uma relação íntima com os
movimentos de massa de nossos tempos. Seu
agente mais poderoso é o cinema”.
BENJAMIN, Walter. A obra de arte na era de sua
reprodutibilidade técnica. L&PM Editores.
Edição do Kindle. Paginação irregular.
Considerando o trecho acima e o que diz Benjamin
em seu mais famoso texto, é correto afirmar que
Gabarito comentado
Resposta correta: Alternativa D.
Tema central: o texto de Walter Benjamin sobre aura e a reprodutibilidade técnica explica como a técnica (especialmente o cinema) transforma a relação do público com a obra: ela elimina a unicidade ligada à tradição e cria novas formas de presença social da arte.
Resumo teórico claro: Benjamin (1935) mostra que a reprodução técnica desloca o valor da obra do plano ritual/culto para o plano expositivo/político. O cinema, por sua dependência técnica e sua capacidade de massificação e montagem, não é apenas uma “cópia” da realidade: cria modos de percepção inéditos, reconfigura o observador e possibilita uma nova realidade social e política da obra — por isso é sui generis.
Por que a alternativa D é correta: D afirma que o cinema, por depender da técnica, constitui uma forma de arte particular, distinta da arte tradicional, e que não é mera imitação: produz uma realidade própria. Isso condiz com Benjamin: a reprodutibilidade técnica altera a função da obra e gera uma nova experiência estética e social — o cinema como agente de atualização e transformação da percepção.
Análise das alternativas incorretas
- A — incorreta: foca em “popularização das obras do passado”, mas Benjamin enfatiza a liquidação da aura e a mudança funcional da obra, não simplesmente a oferta de obras antigas às massas.
- B — incorreta: sugere preservação plena do conceito grego de mimesis; Benjamin não defende que a representação tradicional se mantém intacta — a reprodutibilidade altera a natureza e o sentido da representação.
- C — incorreta: a comparação com a caverna de Platão é simplista. Benjamin trata do aspecto técnico-político do cinema (montagem, aura, massificação), não de uma versão mais convincente da ilusão platônica.
Dica de prova / estratégia: ao ver palavras-chave como aura, “reprodutibilidade técnica”, “massas” e “cinema”, lembre-se: procure alternativas que destaquem mudança de função da obra e a singularidade técnica do cinema. Desconfie de opções que reduzem Benjamin a ideia de mera popularização ou simples ilusão.
Fonte básica recomendada: Walter Benjamin, “A obra de arte na era de sua reprodutibilidade técnica” (1935).
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