Questão 99d0b182-b9
Prova:UECE 2019
Disciplina:Filosofia
Assunto:

As seguintes máximas exemplificam a solução apresentada por Immanuel Kant na formulação do princípio supremo da moralidade: 

    “Age como se a máxima de tua ação se devesse tornar, pela tua vontade, em lei universal da natureza”.

      “Age de tal maneira que uses a humanidade, tanto na tua pessoa como na pessoa de qualquer outro, sempre e simultaneamente como fim e nunca simplesmente como meio”.

KANT, Immanuel. Fundamentação da metafísica dos costumes. Trad. Paulo Quintela. Lisboa: Edições 70.1997. 

Essas máximas são imperativos categóricos, sobre os quais é correto afirmar que 

A
estabelecem, segundo Kant, a universalização da ação moral através de uma finalidade a ser atingida fora da razão e estabelecida a partir do processo de análise racional da realidade.
B
são, inicialmente, de caráter hipotético, ao buscar avaliar as ações possíveis, como meio de alcançar alguma coisa que se deseja ou que se queira atingir concretamente.
C
são chamados categóricos, por serem mandamentos da própria razão autônoma e por servirem de procedimento para testar o caráter universalizável e, portanto, moral de uma máxima.
D
determinam, categoricamente, que, para atingir um determinado fim, é necessário que se usem certos meios, o que expressa a universalização da moral pragmática kantiana.

Gabarito comentado

M
Manuela Cardoso Monitor do Qconcursos

Resposta: Alternativa C

Tema central: trata-se do imperativo categórico em Kant — o princípio supremo da moralidade que determina como avaliar se uma máxima (regra subjetiva de ação) é moralmente válida. Esse conhecimento é essencial em filosofia moral para distinguir normas racionais e universais de meras preferências ou regras instrumentais.

Resumo teórico: Para Kant, a moralidade é fundada na razão prática autonôma e a obrigação moral é incondicional. O imperativo categórico aparece em várias formulações, notadamente:

- a Fórmula da Lei Universal (testa se a máxima pode ser universalizada sem contradição);

- a Fórmula do Fim em Si (exige tratar a humanidade sempre como fim e nunca apenas como meio).

Procedimento kantiano básico: formular a máxima da ação → imaginar sua universalização → verificar se há contradição na concepção ou na vontade. Se for universalizável, é moralmente permissível/dever; se não, é proibido.

Justificativa da alternativa C: A alternativa C afirma que esses são chamados categóricos por serem mandamentos da razão autônoma e servirem para testar a universalizabilidade de uma máxima — exatamente a ideia central de Kant. O imperativo categórico não depende de desejos contingentes; é um mandato da razão pura prática e funciona como procedimento de teste moral.

Análise das alternativas incorretas:

A — Errada: afirma que a universalização se dá por uma finalidade exterior à razão e por análise empírica. Kant sustenta o oposto: a lei moral é a priori e não deriva de fins empíricos.

B — Errada: descreve imperativos hipotéticos (condicionais a um fim). O imperativo kantiano citado é categórico, ou seja, incondicional, não instrumental.

D — Errada: interpreta o categórico como indicação de meios para um fim (moral pragmática). Mas o imperativo categórico não prescreve meios para fins contingentes; ele determina obrigações por respeito à lei moral e proíbe tratar pessoas apenas como meios.

Dica de interpretação: ao ver termos como “universalizável”, “autonomia da razão”, “fim em si”, pense em Kant. Se a alternativa fala em desejos, fins externos, ou cálculo de meios, provavelmente refere-se a imperativos hipotéticos ou a uma leitura não-kantiana — sinal de alternativa incorreta.

Fonte sugerida: Immanuel Kant, Fundamentação da Metafísica dos Costumes (Groundwork of the Metaphysics of Morals).

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