Questão 97663fe5-e6
Prova:Esamc 2016
Disciplina:História
Assunto:História do Brasil, Processo de Independência: dos movimentos nativistas à libertação de Portugal

ABOLICIONISMO: Movimento político internacional surgido no fim do século 18 com o propósito de abolir a escravatura nas Américas. Embora liderado principalmente por intelectuais humanistas e muitas vezes obedecendo a interesses políticos e econômicos, foi resultado das reações, ativas ou passivas, das próprias vítimas, desde o início do tráfico negreiro. Em todo o processo abolicionista, é importante ressaltar a atuação de militantes negros, muitos deles escravos, libertos ou filhos de escravos.


(LOPES, Nei. Dicionário escolar Afro-Brasileiro. SP: Selo Negro, 2015, p. 14.)


Tomando por base as informações contidas no fragmento, bem como o contexto das lutas abolicionistas no Brasil, desde o início da utilização da escravidão dos africanos até a abolição no final do século XIX, julgue os itens:


I. Mesmo tendo sido utilizado, em determinados momentos, por grupos políticos e econômicos, como forma de garantir seus interes- ses, o movimento abolicionista contou com grande participação dos próprios escravos, desde as lutas e resistências iniciais até a abolição.

II. Apesar da participação de grupos de escravos, libertos e filhos de escravos nas lutas pelo fim da escravidão, seu fim foi resultado da liderança da elite intelectual e econômica, uma vez que os negros não possuíam recursos para comandar tal processo.

III.A formação de quilombos, as fugas e a preservação de práticas culturais e religiosas trazidas da África, podem ser apontadas como forma de resistência dos negros desde os primórdios da escravidão africana no Brasil.



Está (ão) correto (s):

A
I apenas.
B
I e II apenas.
C
I e III apenas.
D
II e III apenas.
E
I, II e III.

Gabarito comentado

V
Vanessa CamposMonitor do Qconcursos

Resposta correta: Alternativa C — I e III apenas

Tema central: Abolicionismo e a agência dos negros — compreensão das formas de resistência escrava (quilombos, fugas, preservação cultural) e do papel combinado de militantes negros e setores da elite no processo abolicionista brasileiro.

Resumo teórico (sintético): O abolicionismo nas Américas foi movimento amplo que incluiu intelectuais, políticos e também a ação direta de escravizados e libertos. No Brasil as etapas legais — Lei Eusébio de Queirós (1850), Lei do Ventre Livre (1871), Lei dos Sexagenários (1885) e Lei Áurea (1888) — ocorreram num contexto de pressões econômicas, internacionais e de resistência negra. Historiadores como João José Reis e Nei Lopes destacam a centralidade das lutas e organizações negras no processo.

Por que I e III são verdadeiras:

I — Verdadeira: O enunciado reconhece que, mesmo com participação de segmentos da elite, o movimento abolicionista contou com grande participação dos próprios escravos — desde resistências cotidianas até revoltas e organização política. Exemplos: fugas, quilombos (Palmares), insurreições e atuação de militantes negros (ex.: Luiz Gama).

III — Verdadeira: Quilombos, fugas e preservação de práticas culturais/religiosas são formas clássicas de resistência desde o início da escravidão. Essas estratégias preservaram laços comunitários e constituíram núcleos de oposição efetiva ao regime escravista.

Por que II é falsa: A afirmação reduz o fim da escravidão à liderança exclusiva da elite intelectual/econômica e ignora o papel decisivo das pressões e lutas de escravizados, libertos e ativistas negros. Embora setores da elite tenham influenciado decisões políticas, a abolição foi resultado de múltiplos fatores — resistência interna, mobilização urbana, imprensa abolicionista e mudanças econômicas — não apenas da elite. Logo, a alternativa II erra por simplificação causal.

Dica de interpretação para provas: desconfie de frases absolutas que atribuam o resultado histórico a um único grupo; procure sinais cronológicos (leis, eventos) e agentes mencionados; reconheça o equilíbrio entre ação institucional (leis, elites) e ação social (resistência, movimentos).

Fontes recomendadas: Nei Lopes (Dicionário Afro-Brasileiro), João José Reis (estudos sobre quilombos e resistências), textos sobre as leis abolicionistas brasileiras.

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